As criptomoedas ganham terreno nesta segunda-feira (5) sustentadas pelo cenário macro, mas os efeitos da quebra da exchange FTX ainda são sentidos no mercado.
O Bitcoin (BTC) opera com ganho de 2% nas últimas 24 horas, negociado a US$ 17.354,82, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) tem alta de 3,3%, cotado a US$ 1.299,93.
Em reais, o Bitcoin sobe 1,6%, para R$ 90.198,02, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As altcoins também operam no azul nesta segunda, entre elas BNB (1,8%), XRP (+0,8%), Dogecoin (+0,4%), Cardano (+1,9%), Polygon (+3%), Polkadot (+2,3%), Shiba Inu (+5%), Solana (3,7%) e Avalanche (+3%).
Bitcoin hoje
O Bitcoin e outras criptomoedas seguem os passos dos índices acionários na Ásia na manhã desta segunda-feira, em meio ao otimismo com a reabertura da economia chinesa, o que pode aquecer a demanda por commodities.
O inverno cripto não tem sido nada ameno para o Bitcoin, mas a maior criptomoeda tem conseguido se manter acima dos US$ 17 mil nas últimas sessões. Na semana passada, o presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, sinalizou que a instituição deve decidir por um aumento dos juros mais moderado neste mês, de 0,5 ponto percentual.
O relatório do mercado de trabalho divulgado na última sexta-feira (2) trouxe dados acima do esperado, com a criação de 263 mil vagas em novembro. Ainda assim, economistas continuam apostando em uma alta de 0,5 ponto na próxima reunião do Federal Reserve, entre 13 e 14 de dezembro.
Selena Ling, chefe de pesquisa e estratégia de tesouraria do Oversea-Chinese Banking Corp., disse à Bloomberg que o Fed deve manter sua mensagem de desaceleração no ritmo de aumentos dos juros, mas a “taxa terminal” – ou seja, o pico dos juros no fim do ciclo de aperto monetário – pode ser mais alta do que o mercado está precificando atualmente.
Futuro do Bitcoin
Em e-mail ao CoinDesk, Joe DiPasquale, CEO da gestora de fundos cripto BitBull Capital, escreveu que o mercado “respondeu positivamente ao discurso de Powell, embora tenha acrescentado que gostaria de ver “o Bitcoin se consolidando acima de US$ 17 mil e, possivelmente, testando US$ 20 mil antes de esperarmos uma recuperação sustentada”.
Algumas previsões desafiam essa retomada. Relatório do banco Standard Chartered divulgado no domingo (4) aponta uma desvalorização de 70% para o Bitcoin no ano que vem, para a casa dos US$ 5 mil. O chefe global de pesquisa do banco, Eric Robertsen, cita cenários “surpresa” que os mercados podem não estar precificando adequadamente.
Robertsen prevê uma troca do chamado ouro digital pelo metal precioso de fato, uma reversão que tende a refletir a perda de confiança de investidores nos criptoativos.
Contágio da Genesis
O colapso da FTX e o contágio de outras empresas da indústria cripto explicam esse receio. Entre os grupos atingidos está a plataforma de trading e empréstimos cripto Genesis Global.
Clientes cujo dinheiro está bloqueado na Genesis têm US$ 1,8 bilhão em empréstimos a receber, disse uma pessoa com conhecimento do assunto ao CoinDesk.
Reportagem do Financial Times já havia revelado que um grupo usuários do programa Earn da exchange de criptomoedas Gemini, que é parceira da Genesis, tinha US$ 900 milhões bloqueados. A unidade de crédito cripto da Genesis suspendeu resgates de clientes em 16 de novembro.
Um segundo grupo de diversos credores da Genesis, com empréstimos também no valor de US$ 900 milhões, está sendo representado pelo escritório de advocacia Proskauer Rose, disse uma segunda fonte ao CoinDesk, o que totalizaria US$ 1,8 bilhão.
Mas o valor pode subir com o dinheiro bloqueado de um terceiro grupo de credores, representados pelo Kirkland & Ellis, o escritório de advocacia que cuida dos processos relativos às plataformas de crédito cripto Celsius Network e Voyager Digital. A quantia devida a esse terceiro grupo não é conhecida.
E por falar em Celsius, a plataforma planeja vender sua unidade de custódia de alta segurança GK8 para Galaxy Digital, de Mike Novogratz, informou o The Block.
Risco da Tether
Outro fator de preocupação do mercado tem sido a Tether, emissora da stablecoin USDT, devido a empréstimos a clientes feitos com o próprio token, segundo apontado pelo Wall Street Journal.
O consultor de segurança cibernética John Reed Stark, que trabalhou por 18 anos na SEC, a CVM dos EUA, disse em tuíte no fim de semana que a USDT pode ser um esquema ponzi e que a empresa por trás da stablecoin é “um castelo de cartas”.
Lucca Benedetti, analista do MB, destacou em artigo no Valor que a Tether normalmente entra no radar em momentos de crise no mercado cripto. “A verdade é que a transparência das reservas da Tether tem melhorado muito nos últimos anos, publicando auditorias de terceiros e fazendo um esforço para reduzir o ‘papel comercial’ dentro de suas reservas, usando principalmente títulos do Tesouro americano. Não vejo, por enquanto, riscos de uma ‘corrida aos bancos’ da Tether,” afirmou.
Demissões na ByBit e Swyftx
As exchanges de criptomoedas também estão entre as mais afetadas pela implosão da FTX. A Bybit, com sede em Dubai, planeja outra rodada de demissões diante do “bear market”, ou mercado baixista, de acordo com tuíte do CEO Ben Zhou no domingo (4). Cópia de uma mensagem interna vista pelo CoinDesk indica que os cortes vão atingir 30% da força de trabalho.
Outra corretora cripto que anunciou demissões foi a australiana Swyftx, que demitiu 35% dos funcionários, informou a Bloomberg. A empresa dispensou 90 de 259 pessoas, uma medida tomada “na expectativa de uma queda potencialmente acentuada nos volumes de negociação globais no primeiro semestre de 2023 e mais tremores secundários do colapso da FTX”, disse um porta-voz da Swyftx nesta segunda-feira.
Outros destaques
O ex-CEO da FTX, Sam Bankman-Fried, afirmou que se sente obrigado a falar com parlamentares dos EUA sobre a quebra de sua empresa, mas não no prazo dado pelo Congresso americano.
SBF, como é conhecido, disse em tuíte que precisa entender o que causou a implosão da FTX e antes de comparecer a uma audiência no Congresso sobre o assunto. O Comitê de Serviços Financeiros da Câmara convidou Bankman-Fried a prestar depoimento em 13 de dezembro.
SBF afirmou que “só pode especular” sobre o que aconteceu com os bilhões em fundos depois que clientes da FTX transferiram os recursos para a empresa de investimentos Alameda Research, disse ao Wall Street Journal em entrevista publicada no sábado (3).
Brett Harrison, que foi presidente da FTX US até setembro, busca levantar capital para financiar uma nova startup de criptomoedas, apontou o The Information. Harrison tenta captar US$ 6 milhões com um “valuation” de US$ 60 milhões para a empresa, que visa desenvolver software de negociação cripto para grandes investidores, de acordo com as fontes.
A LedgerX, exchange e câmara de compensação de derivativos cripto, está à venda, com Blockchain.com e Gemini entre os interessados em adquirir a empresa, informou a Bloomberg. A LedgerX é regulamentada pela agência americana CFTC e é subsidiária da FTX US desde outubro de 2021. A empresa é uma das poucas entidades solventes remanescentes do grupo FTX, observou a Bloomberg.
A Hashdex anunciou uma mudança de composição em três fundos de índice atrelados a criptomoedas. Um dos fundos, descritos em nota à imprensa, é o META11, que agora passa a contar também com a criptomoeda meme Shiba Inu (SHIB).