Manhã Cripto: Bitcoin tenta recuperação após mergulhar abaixo de US$ 25 mil; Binance pede nova data para depor na CPI

Investidores digerem a potencial venda de US$ 3,4 bilhões em tokens da FTX e acompanham discurso do presidente da SEC no Senado dos EUA
Moeda de bitcoin com grafico ao fundo

Shutterstock

As criptomoedas mais negociadas tentam se recuperar nesta terça-feira (12) do tombo provocado pela potencial venda de US$ 3,4 bilhões em tokens em mãos da exchange FTX. Já no mercado acionário, as bolsas revertem os ganhos da madrugada sob o impacto dos fracos resultados da Oracle, enquanto o euro perde força contra o dólar com a ameaça de estagflação na Europa. 

Após cair abaixo de US$ 25 mil, o Bitcoin (BTC) mostra estabilidade nas últimas 24 horas, cotado a US$ 25.828,50, segundo dados do Coingecko.   

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Em reais, o BTC ainda perde 1,2%, negociado a R$ 127.710,27, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).   

O Ethereum (ETH), que despencou para o menor nível em seis meses após a notícia da FTX, agora recua 0,3%, para US$ 1.586,86.  

Relatório da CoinShares apontou que investidores institucionais começam a perder apetite pela segunda maior criptomoeda, com saídas de US$ 4,8 milhões de fundos cripto com exposição ao Ethereum na última semana e US$ 108 milhões no acumulado do ano. 

Ao mesmo tempo, analistas da Matrixport preveem um “crash” das altcoins, não apenas pelo impacto da possível venda de tokens pela FTX, mas também devido à pressão sobre empresas de venture capital para retornar fundos a investidores. 

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As altcoins são negociadas entre perdas e ganhos nesta terça, entre elas BNB (+0,8%), XRP (-0,7%), Dogecoin (+0,8%), Cardano (+2%), Solana (+3%), Polkadot (+0,1%), Polygon (-0,2%), Shiba Inu (+0,5%) e Avalanche (+1,2%). 

Binance na CPI das Pirâmides 

Devido a uma viagem ao exterior, o diretor-geral da Binance no Brasil, Guilherme Nazar, não prestará depoimento à CPI das Pirâmides Financeiras como previsto nesta terça-feira, de acordo com o Valor Econômico

Nazar, que é sobrinho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assumiu o cargo no fim do ano passado e entrou na mira da CPI em junho, após um requerimento do deputado Alfredo Gaspar (UNIÃO/AL). 

O parlamentar justificou seu pedido para ouvir Nazar lembrando que a Binance enfrenta problemas com órgãos reguladores nos EUA, Japão, China, Alemanha, Reino Unido e Brasil, além de estar sendo investigada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por supostamente oferecer produtos do mercado de derivativos sem autorização – investigação que teve como motivação uma reportagem do Portal do Bitcoin. 

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Segundo o Valor, a Binance teria sido informada sobre a data para a oitiva apenas ontem (11) e Nazar só deve chegar ao país por volta das 20h desta terça. 

A exchange também pediu à CPI para reagendar a convocação do executivo a partir do dia 13 e que o depoimento possa ser realizado por videoconferência, como ocorreu com outros representantes de grandes corretoras de criptoativos que, diferentemente de Nazar, foram convidados, e não “convocados” pela CPI, destaca o jornal. 

Em nota ao Portal do Bitcoin, a corretora disse ainda que “louva a instauração da CPI das Pirâmides Financeiras” e que “vai colaborar ativamente com os trabalhos da CPI”.

Batalha da Binance nos EUA 

E em sua batalha com a SEC, a Binance.US (BAM), braço da gigante cripto nos EUA, disse em resposta ao “xerife de Wall Street” que a ação da reguladora para ouvir depoimentos de executivos da empresa e realizar investigações ampliadas é “indevidamente onerosa” e desmedida uma vez que ainda não foram apresentadas provas de que fundos dos clientes foram desviados indevidamente. 

“Mesmo depois de todas as descobertas já produzidas pela ‘BAM’” durante o período de investigação, diz a carta publicada pelo CoinDesk, “a SEC ainda não tem provas para apoiar suas alegações infundadas que implicam que os ativos dos investidores foram de alguma forma desviados”, escreveu a exchange.  

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Em junho, a SEC alegou que o CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, e a diretora financeira Guangying ‘Heina’ Chen teriam desviado bilhões de fundos de clientes por meio de empresas intermediárias, citando depoimentos de um contador da SEC. 

Presidente da SEC no Senado dos EUA 

Apesar das pesadas críticas de players da indústria cripto, grupos de lobby e de políticos do Partido Republicano, o presidente da SEC, Gary Gensler, reforçou sua visão sobre o setor em comentários preparados para seu depoimento nesta terça ao Senado. 

“Dado o amplo não cumprimento das leis de valores mobiliários por parte desta indústria, não é surpreendente que tenhamos visto muitos problemas”, escreveu. “É uma reminiscência do que tínhamos na década de 1920, antes da implementação das leis federais de valores mobiliários.” 

Embora Gensler deva falar sobre vários tópicos perante os membros do Comitê Bancário do Senado, seus comentários sobre o mercado de criptoativos serão acompanhados de perto por representantes do setor que se queixam da incerteza regulatória nos EUA, destaca o Decrypt

Em uma pista sobre sua opinião sobre a decisão judicial que favoreceu a Ripple em sua disputa para provar que o token XRP não é valor mobiliário, o presidente da SEC escreveu: “Não há nada nos mercados de valores mobiliários de criptoativos que sugira que investidores e emissores sejam menos merecedores das proteções de nossas leis de valores mobiliários.” 

Ainda no front regulatório americano, a CFTC propôs a criação de uma base de dados federal para registrar fraudes financeiras, enquanto a agência FinCEN pediu que bancos dos EUA monitorem de perto o chamado golpe do “abate de porcos”, no qual pessoas são seduzidas para transferir suas criptomoedas a fraudadores. 

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Outros destaques das criptomoedas

Cinco estrangeiros – quatro chineses e um cidadão de Laos – foram presos na Tailândia por envolvimento em um golpe que causou um prejuízo de 2,7 bilhões de bahts (US$ 76 milhões) a mais de 3 mil pessoas, que foram induzidas pela BCH Global Limited a investir em ouro e Tether (USDT) antes de serem roubadas, informou o site Protos.  

A agência de combate a crimes cibernéticos da Tailândia (CCBI) começou a investigar a BCH Global, que é registrada no Reino Unido, em novembro do ano passado. De acordo com o CCBI, vários investidores perderam todas as suas economias. Os cinco detidos são acusados de prática de crimes transnacionais, lavagem de dinheiro, fraude pública e falsificação de documentos. 

Outra empresa do Reino Unido, a corretora cripto Luno, planeja suspender seus serviços para alguns clientes no país, disse ao CoinDesk Nick Taylor, chefe de políticas públicas da empresa. As mudanças passam a valer a partir de 6 de outubro, dois dias antes da entrada em vigor das novas regras para promoção de cripto no mercado britânico. A Luno e o CoinDesk são subsidiárias do Digital Currency Group (DCG). 

Na Índia, a Coinbase vai desativar contas de alguns usuários que “já não atendem aos nossos padrões atualizados” a partir de 25 de setembro, disse um porta-voz da exchange americana em comunicado à Bloomberg.  A companhia destacou que continua “comprometida” com o país no longo prazo. Os volumes de negociação na Índia encolheram em 2022 após regras mais duras de impostos para o setor cripto, de acordo com a agência. 

E para expandir seu ecossistema, a Bitget, uma plataforma de derivativos e trading cripto, lançou o EmpowerX Fund, que vai investir US$ 100 milhões em exchanges regionais, empresas de análise de dados e veículos de comunicação, segundo comunicado. Ao The Block, a Bitget disse que o valor pode aumentar dependendo das condições do mercado e futura estratégia de negócios. 

E o Google anunciou na segunda-feira (11) o Digital Futures Project, que visa reunir diversas vozes no desenvolvimento da inteligência artificial, conforme o Decrypt. O Google também lançou um fundo de US$ 20 milhões para apoiar o “desenvolvimento responsável da IA”. “Por meio deste projeto, apoiaremos pesquisadores, organizaremos reuniões e promoveremos o debate sobre soluções de políticas públicas”, escreveu a diretora de impacto de produtos do Google, Brigitte Gosselink, em publicação no blog da empresa.