As principais criptomoedas voltam a operar com ganhos nesta segunda-feira (2), em um fim de semana marcado por baixo volume e pelo lançamento do metaverso Otherside, da empresa criadora do ecossistema da coleção de NFTs do Bored Ape Yacht Club.
O Bitcoin avança 2,7% nas últimas 24 horas, para US$ 39.019,78, mostram dados do CoinGecko. Já o Ethereum ganha 2,9%, negociado a US 2.861,59. No Brasil, o Bitcoin amanhece em alta de 2,2%, cotado a R$ 194.811,51, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
A quantidade de Bitcoins disponíveis em corretoras atingiu o menor nível dos últimos 40 meses, um possível indicativo de melhora nos preços do ativo, mostra análise da Exame. Atualmente, 2,4 milhões de unidades da criptomoeda estão nas exchanges, uma queda de 202.900 unidades desde o início do ano.
Apesar dos ganhos nesta segunda-feira, o Bitcoin fechou abril em queda de 17%, o pior mês do ano para a maior criptomoeda em valor de mercado, mostram dados do CoinDesk.
As perdas refletem em parte a expectativa de menor liquidez global e maior cautela de investidores, o que se traduz em menos recursos aplicados em criptoativos.
A Bloomberg Economics estima que as autoridades monetárias do G7 – o grupo de países que reúne as principais economias do mundo – vão reduzir seus balanços em cerca de US$ 410 bilhões no restante de 2022, o que marcaria uma grande mudança em relação ao ano passado, quando injetaram US$ 2,8 trilhões – elevando a expansão total para mais de US$ 8 trilhões desde o início da pandemia de Covid-19.
“Este é um grande choque financeiro para o mundo”, disse Alicia Garcia Herrero, economista-chefe para a Ásia-Pacífico do Natixis, que já trabalhou no Banco Central Europeu e no Fundo Monetário Internacional.
O grande destaque da semana será a reunião do Federal Reserve, que acontece nos dias 3 e 4 de maio. O banco central americano deve acelerar o ritmo de aperto monetário e elevar os juros em 0,5 ponto percentual, de acordo com projeções de analistas.
Musk x Buffett
Mesmo com o cenário incerto, Warren Buffett, CEO da Berkshire Hathaway, está dobrando a aposta no mercado de ações. Mas Buffett e o vice-presidente da Berkshire Hathaway, Charlie Munger, voltaram a atacar o Bitcoin na reunião anual de acionistas, realizada no último sábado (30), segundo o Business Insider.“Se você me dissesse que possui todos os Bitcoins do mundo e me oferecesse por US$ 25, eu não aceitaria. O que eu faria com isso?”, afirmou Buffett.
A postura do bilionário contrasta com o crescente interesse de Wall Street na indústria cripto, ainda que com certa relutância, porque grandes bancos e outras empresas simplesmente não querem perder mercado para rivais, aponta o Wall Street Journal.
“Haha, ele diz ‘Bitcoin’ tantas vezes”, escreveu Elon Musk, CEO da Tesla, em resposta a um vídeo de Buffett publicado no Twitter pelo capitalista de risco Marc Andreessen, que também ironizou o megainvestidor por suas críticas à maior criptomoeda do mundo “ao mesmo tempo em que promovia o diabetes”, em referência às caixas de doces em sua mesa, conforme a Forbes.
Dogecoin, o token preferido de Musk, opera com pouca variação nesta segunda-feira, enquanto outras altcoins se alternam entre perdas e ganhos como Binance Coin (+1%), XRP (+4,9%), Terra (+2,3%), Cardano (+1,3%), Polkadot (+0,6%), Avalanche (-0,9%) e Shiba Inu (-0,5%), segundo dados do CoinGecko.
Solana recua 1,1% nas últimas 24 horas. Mais uma vez a blockchain parou de produzir blocos após validadores perderem consenso, um problema que deixou a rede totalmente fora do ar por sete horas na madrugada de sábado para domingo.
NFTs do Otherside
ApeCoin registra baixa de 8,4% e mostra queda de 3,3% em sete dias. A criptomoeda da coleção de tokens não fungíveis Bored Ape Yacht Club agora faz parte do NFTS11, primeiro fundo de índice da bolsa brasileira com foco em moedas do metaverso e lançado pela gestora Investo, de acordo com o InfoMoney.
O lançamento do metaverso Otherside pela Yuga Labs, criadora da coleção Bored Ape, foi o grande destaque do mercado de NFTs neste fim de semana. As vendas das NFTs “Otherdeeds” (escrituras para terrenos virtuais no metaverso) somaram US$ 285 milhões, mas também resultaram em uma das maiores taxas de transação já registradas na rede Ethereum: US$ 176 milhões nas últimas 24 horas, segundo o CoinDesk.
Metaverso na moda
A roupa do futuro poderá existir apenas em fotos nas redes sociais, aponta reportagem do Estadão. Em meio a questões sobre sustentabilidade na moda e o conceito de metaverso, as marcas apostam em peças desenhadas em 3D que só podem ser “vestidas” virtualmente.
“TikTok Boom”, livro do britânico Chris Stokel-Walker lançado no Brasil pela Intrínseca, conta os dilemas enfrentados pelo empresário Zhang Yiming, 39, fundador da chinesa ByteDance, controladora do TikTok, que ameaça o domínio do Vale do Silício, destaca a Folha.
O Laboratório de Inovações Financeiras Tecnológicas (LIFT Learning) do Banco Central está com inscrições abertas para um curso online gratuito sobre finanças descentralizadas, que começa em 6 de junho. Ao final do curso, os alunos desenvolverão um projeto com a linguagem de programação Solidity, usada para os chamados contratos inteligentes. Em outubro, os melhores projetos receberão bolsas para desenvolvimento financiadas pelo Mercado Bitcoin.
Outros destaques
Wikimedia, a fundação sem fins lucrativos que administra a Wikipedia, decidiu parar de aceitar doações em criptomoedas após consulta na qual quase 72% dos menos de 400 usuários que votaram apoiaram a medida, aponta o CoinDesk. A proposta votada argumenta que as moedas digitais constituem um investimento “predatório” e não estão alinhadas com os objetivos de sustentabilidade da fundação.
Mais de 900 estabelecimentos no Brasil já aceitam criptomoedas como forma de pagamento, segundo dados da CoinMap publicados pelo Estadão. Mas o professor de finanças da FGV-EESP, Jefférson Colombo, destaca que as dificuldades de precificação e a grande volatilidade são desafios para o uso como meio de pagamento recorrente.
O South Summit começa nesta quarta-feira (4) em Porto Alegre, com grandes nomes globais e mais de 400 palestrantes que discutirão projetos inovadores e oportunidades de negócios. Com presença do CEO do Mercado Bitcoin, Reinaldo Rabelo, o evento acontece até 6 de maio.
Cibersegurança
Em abril de 2020, a metalúrgica Gerdau foi vítima de um roubo de R$ 30 milhões. O banco Santander, que arcou com o prejuízo do golpe, contratou a Chainalysis para rastrear a rota do dinheiro e dados comprovam que contas da Binance receberam a maior parte dos recursos roubados, que foram convertidos em Bitcoin, segundo apurado pelo Portal do Bitcoin.
O Bradesco foi condenado em setembro do ano passado pela Justiça Estadual do Rio de Janeiro a devolver mais de R$ 500 mil para a corretora de criptomoedas Comprar Bitcoin, segundo a qual dez TEDs foram realizadas em sua conta na instituição financeira sem autorização, conforme o Portal do Bitcoin. O Bradesco disse que “o banco não comenta casos sub judice”.
O Rari Capital, um projeto de finanças descentralizadas, teve cerca de R$ 400 milhões em criptomoedas roubadas de seus pools de empréstimos no sábado (30). Um hacker conseguiu encontrar uma falha nos contratos inteligentes e afetou não apenas a Rari Capital, mas vários projetos parceiros que tinham pools de empréstimos no protocolo.
De olho na maior demanda de investidores institucionais, a fintech cripto Parfin fechou recentemente uma parceria com a Consensys para prover segurança para a carteira de criptomoedas MetaMask. Em entrevista ao InfoMoney, Marcos Viriato, CEO da Parfin, disse que o projeto de lei das criptomoedas no Brasil vai aumentar ainda mais o interesse desse grupo. “A hora que [o mercado] estiver regulado, vai haver uma corrida, uma adoção maluca de cripto”, afirma.
E para reforçar a segurança no mercado de NFTs, o Joint Chiefs of Global Tax Enforcement, um consórcio tributário internacional conhecido como J5, divulgou uma lista de indicadores de fraude para ajudar bancos, agências de supervisão e setor privado a reprimir atividades criminosas.