O mercado de criptomoedas se descola dos índices acionários, que sobem diante da expectativa de dados que podem mostrar um alívio da inflação ao consumidor nos EUA e contribuir para uma pausa no aperto monetário.
O Bitcoin (BTC) registra baixa de 1,3% em 24 horas, cotado a US$ 26.832, segundo dados do Coingecko.
Em reais, o BTC cai 0,9%, negociado a R$ 136.513, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) opera em queda de 1,3%, para US$ 1.550. Apesar das perdas recentes, o banco Standard Chartered prevê que a segunda maior criptomoeda pode quintuplicar de preço até 2026, para cerca de US$ 8 mil.
Mesmo com o otimismo de alguns analistas a longo prazo, traders ainda buscam pistas sobre o motivo para o desempenho negativo das maiores criptomoedas, em contraste com a recuperação de ativos de maior risco, como ações.
Em entrevista à Bloomberg, Michael Safai, sócio-fundador da empresa de trading quantitativo Dexterity Capital, atribuiu a baixa ao ambiente geopolítico.
“É uma reação semelhante à que vimos quando o conflito na Ucrânia eclodiu pela primeira vez no ano passado”, disse Safai. “Quando há mais perguntas do que respostas, os traders tendem a recuar.”
Outro fator poderia ser o baixo volume das negociações cripto, que afeta as operações da Coinbase, por exemplo, ainda na esteira da quebra da exchange cripto FTX no ano passado.
Caleb Franzen, fundador da Cubic Analytics, observou em um post no X que o Bitcoin rompeu sua tendência de alta no rali iniciado quando estava cotado a US$ 25 mil, e o token poderia testar níveis mais baixos.
Jim Cramer, ex-gestor de hedge funds e apresentador do “Mad Money” da CNBC, continua pessimista sobre o mercado de criptoativos, dizendo que o “Mr. Bitcoin está prestes a cair muito”, embora não tenha ficado claro se o termo era uma referência ao julgamento de Sam Bankman-Fried ou ao Bitcoin em geral, destaca o CoinDesk.
As altcoins também são negociadas em terreno negativo, com destaque para BNB (-0,7%), XRP (-1,5%), Dogecoin (-1,3%), Cardano (-0,9%), Solana (-3,5%), Polkadot (-2,2%), Polygon (-1%), Shiba Inu (+0,4%) e Avalanche (-4,1%).
Um dos destaques é a USDR, uma stablecoin lastreada por imóveis tokenizados, que perdeu a paridade com o dólar e chegou a cair 50%.
Balanços da Alameda Research
À parte da tensão geopolítica e cenário macroeconômico incerto, investidores seguem atentos ao julgamento de Sam Bankman-Fried (SBF), fundador da FTX.
O segundo dia de depoimento de Caroline Ellison, ex-CEO da Alameda Research, o braço de trading e investimentos da exchange cripto, foi marcado por revelações bombásticas.
A ex-namorada de SBF, 28, disse que mentiu diversas vezes a pedido de seu também ex-chefe. De acordo com trechos do depoimento prestado na quarta-feira (11) e publicados pelo New York Times, Ellison distribuiu balanços “desonestos” para plataformas de empréstimo cripto.
Para esconder a frágil situação financeira da Alameda em meados de 2022, segundo Ellison, Bankman-Fried disse a ela para fornecer a um dos maiores credores da empresa, a Genesis, um balanço enganoso que ocultava que a Alameda havia feito um empréstimo de cerca de US$ 10 bilhões com dinheiro de clientes da FTX.
Provas apresentadas como parte do julgamento de Bankman-Fried mostram que o ex-CEO responsabilizou a Binance pelo vazamento de um balanço da Alameda Research para o CoinDesk, cuja reportagem na época foi chave para a série de eventos que levaram à quebra da FTX e de seu império.
A Binance, aliás, estava na lista de obsessões de SBF, assim como a compra do Snap e estratégias de hedge para cobrir riscos, revelou Ellison.
‘Não precisava mais mentir’
“No geral, foi a pior semana da minha vida”, disse Ellison, que tentava conter as lágrimas ao relatar a semana caótica durante o colapso da FTX. “Tive uma sensação de alívio por não precisar mais mentir e por poder começar a assumir responsabilidades, mesmo me sentindo indescritivelmente mal.”
Em outro trecho do depoimento de Ellison divulgado pelo The Block, Ellison afirmou que, quando fundos da Alameda estavam bloqueados em exchanges da Ásia em 2021, SBF tentou usar carteiras digitais associadas a trabalhadoras do sexo na Tailândia para liberar os fundos.
Ao ser perguntada como as contas foram finalmente desbloqueadas, Ellison respondeu: “Minha impressão foi que foram descongelados pela Alameda pagando propinas a autoridades do governo chinês”.
Outros destaques das criptomoedas
Platypus Finance, um protocolo de finanças descentralizadas que opera na rede Avalanche, foi vítima de um hack de segurança na manhã desta quinta-feira (12), de acordo com o The Block. As perdas foram estimadas em mais de US$ 2 milhões pela empresa de segurança PeckShield. O projeto suspendeu todos os seus “pools” de liquidez até novo aviso.
E após sofrer um hack de US$ 3 milhões em tokens AVAX na semana passada, o aplicativo Stars Arena disse que conseguiu recuperar 90% dos fundos roubados após pagar uma recompensa ao hacker.
A ESMA, sigla da Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados, alertou sobre “sérios riscos” de investidores serem prejudicados pelas finanças descentralizadas (DeFi) em relatório divulgado na quarta-feira (11).
“Embora a exposição de investidores às DeFi se mantenha baixa em geral, existem sérios riscos para a proteção dos investidores, devido à natureza altamente especulativa de muitos acordos DeFi, importantes vulnerabilidades operacionais e de segurança e à ausência de uma parte responsável claramente identificada”, afirmou o relatório.
O banco de ativos digitais Xapo, com sede em Gibraltar, obteve uma licença de corretora de valores mobiliários, o que permitirá oferecer a clientes na Europa a possibilidade de negociar ações do índice S&P 500, como as da Apple, juntamente com os serviços de gestão de criptoativos da empresa, informou o CoinDesk.
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