Manhã Cripto: Bitcoin (BTC) supera US$ 29 mil em meio à crise bancária e decisão do FED, mas baixa liquidez preocupa

Presidente do FED sinalizou uma pausa no aperto monetário na reunião de junho, mas descartou a possibilidade de cortes no final do ano
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Foto: Shutterstock

O mercado de criptomoedas tenta se descolar das bolsas internacionais nesta quinta-feira (4), após o aumento dos juros nos EUA e mais um banco regional em crise no país, além da expectativa de aperto monetário na zona do euro. 

O Bitcoin (BTC) sobe 1,4% nas últimas 24 horas, para US$ 29.066,13, segundo dados do Coingecko.  

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Em reais, o BTC mostra estabilidade, com alta de 0,7%, negociado a R$ 145.878,50, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).   

O Ethereum (ETH) tem valorização de 1,8%, cotado a US$ 1.900,77.  

As principais altcoins se alternam entre perdas e ganhos, com destaque para BNB (+0,9%), XRP (+0,5%), Cardano (+1,7%), Dogecoin (+1,1%), Polygon (+1,3%), Solana (+2,1%) Polkadot (+1%), Shiba Inu (+0,2%) e Avalanche (+2,1%). 

O recém-lançado token SUI despenca 36% nas últimas 24 horas. A criptomoeda nativa da Sui Network, fundada por ex-desenvolvedores da Meta, chegou a subir 50% com a listagem em uma corretora coreana, mas caiu 70% depois de estrear na Binance. O token já está listado no MB. 

Bitcoin hoje 

Como esperado, o banco central dos EUA elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual na quarta-feira (4), para um intervalo entre 5% e 5,25%. Em seus comentários, o presidente do Federal Reserve sinalizou uma pausa no aperto monetário na reunião de junho, mas descartou a possibilidade de cortes no final do ano, destacando que a batalha contra a inflação não terminou. 

O Bitcoin chegou a cair 1% depois do aumento dos juros anunciado pelo Fed, mas mostra recuperação desde então. 

Em entrevista ao CoinDesk, a estrategista-chefe da Banrion Capital, Victoria Bills, aponta para a atual crise bancária nos EUA como outro fator que tem guiado os preços das criptomoedas, além da política monetária americana. 

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“À medida que o pânico e a reatividade do mercado aumentam, as percepções de falência do setor bancário podem levar à turbulência contínua nos bancos regionais”, disse Bills. 

De fato, outro banco regional entrou no radar de investidores: na quarta-feira, as ações do PacWest Bancorp despencaram 58% no after-market em Nova York. Em meio à crise provocada pelo colapso de rivais, o banco tem avaliado uma série de opções estratégicas, incluindo uma venda, disseram fontes à Bloomberg

Com o estresse no mercado financeiro, analistas da Matrixport acreditam que o Fed vai parar de subir os juros por enquanto, o que pode impulsionar o Bitcoin em 20%, para a casa dos US$ 36 mil. 

Hoje também tem decisão de juros na zona do euro. A expectativa de economistas é de que o Banco Central Europeu eleve a taxa básica em 0,25 ponto, para 3,25%, uma alta menor do que as anteriores em seu ciclo de aperto. 

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Baixa liquidez 

A valorização de 70% do Bitcoin este ano tem deixado parte dos traders ressabiados. 

O volume de negociação de criptomoedas encolheu, em um sinal de que muitos investidores estão cada vez mais relutantes em comprar no rali após uma série de colapsos e escândalos na indústria em 2022, de acordo com análise do Financial Times

O nível em que um mercado pode absorver grandes ordens sem fortes oscilações no preço do Bitcoin diminuiu desde o início do ano, segundo a provedora de dados CCData. 

Em janeiro, seria necessária a compra de mais de 1.400 bitcoins, aproximadamente o equivalente a US$ 23 milhões na época, para que o preço do token oscilasse mais de 1% em relação ao seu valor de mercado predominante, mostram dados fornecidos ao FT pela CCData. 

No final de abril, para mover os preços de mercado em 1%, esse volume havia caído para apenas 462 bitcoins, no valor de cerca de US$ 13 milhões, o ponto mais baixo de profundidade do mercado para o par de negociação Bitcoin-Tether desde maio de 2022, quando o setor entrou em crise.  

Charles Storry, chefe de crescimento da Phuture, uma provedora de índices cripto, destaca que a percepção do mercado não mudou “e o escrutínio regulatório está deixando de lado muito dinheiro novo que, de outra forma, poderia entrar no espaço. As oscilações de preços não significam muito se o setor não estiver fazendo progressos significativos para reconquistar a confiança e atrair novos investidores”, afirmou Storry ao FT. 

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Bitcoin a US$ 250 mil 

Enquanto isso, o empresário americano Tim Draper segue firme em sua aposta de que o Bitcoin vai atingir US$ 250 mil, mas admitiu que isso pode levar mais tempo do que gostaria para se tornar realidade. 

“Ainda acho que seja muito possível que o Bitcoin atinja US$ 250 mil, mas vou ter que atrasar seis meses ou um ano [a previsão]”, disse Draper em painel mediado por Cláudio Rabin, editor-chefe do Portal do Bitcoin, no Web Summit Rio, evento de tecnologia realizado pela primeira vez no Brasil e que se encerra nesta quinta-feira (4). 

Durante o Web Summit de Lisboa em 2021, o empresário projetou que o Bitcoin bateria US$ 250 mil em 2023 — estimativa reiterada por ele em diferentes ocasiões desde então. 

Enquanto o preço do Bitcoin não decola, as transações diárias da maior criptomoeda atingiram nova máxima histórica, puxada pela cunhagem de tokens não fungíveis (NFTs) na blockchain do BTC, com 3 milhões de Ordinals inscritos. 

Ex-gerente do OpenSea condenado 

E por falar em tokens não fungíveis, um ex-gerente de produtos do OpenSea foi considerado culpado pelo uso de informações privilegiadas na compra de NFTs, informou o Financial Times. Segundo promotores, esta é a primeira condenação pela prática conhecida como “Insider trading” com ativos digitais. 

Nate Chastain, 32, que trabalhava no marketplace de NFTs OpenSea, foi acusado no ano passado em Nova York por fraude eletrônica e lavagem de dinheiro.  

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Promotores dos EUA alegaram que Chatain comprou 45 NFTs ao longo de aproximadamente cinco meses sabendo que a demanda aumentaria quando os tokens fossem exibidos no site da plataforma. Logo depois de listados, Chastain os vendeu por um preço de duas a cinco vezes acima do que havia pagado. 

“Ele trapaceou, roubou e mentiu”, disse a promotora-assistente Allison Nichols ao júri em seus argumentos finais. 

Segundo o FT, antes do julgamento, os advogados de Chastain argumentaram que um caso de “insider trading” exigia o envolvimento de valores mobiliários ou commodities, categorias que não se aplicavam aos NFTs. As compras de Chastain, disseram, poderiam ser comparadas às de um funcionário de uma galeria de arte promovendo sua própria pintura e obtendo uma quantia maior como resultado. 

Chastain, que foi considerado culpado em ambas as acusações, pode pegar até 40 anos de prisão. A sentença será definida posteriormente. 

Em outro destaque no espaço de NFTs, as vendas de tokens não fungíveis mostram recuperação em relação aos níveis de 2021 depois do lançamento do programa de empréstimos “Blend” pela plataforma Blur. 

Coinbase encerra empréstimos 

Na contramão da Blur, a Coinbase decidiu encerrar seu programa de empréstimos. 

Sob o programa Coinbase Borrow, clientes da maior corretora cripto americana podiam fazer empréstimos em moeda fiduciária no valor de até US$ 1 milhão garantidos por até 30% de suas posições em Bitcoin e com correção de juros.  

Usuários receberam um e-mail informando que o último dia para fazer empréstimos será 10 de maio. 

No Brasil, a plataforma de criptoativos Bitso, que teve autorização do Banco Central em março para se tornar uma instituição de pagamentos, pretende oferecer produtos de crédito para clientes no país, segundo o Valor Econômico

Embora a Coinbase esteja sob pressão de reguladores nos EUA, uma fonte disse ao CoinDesk que a decisão não está relacionada a nenhuma reprimenda de autoridades, mas à menor demanda pelo programa. 

Em relação à receita geral, a Coinbase deve ter registrado aumento de 8% no primeiro trimestre de 2023 em relação aos três meses anteriores. A empresa solta balanço nesta quinta depois do fechamento do mercado. 

SEC muda de ideia 

Em sua ofensiva para regular a indústria cripto, a SEC, a CVM dos EUA, deu um passo atrás na quarta-feira (3) ao eliminar o que seria sua primeira definição formal de “ativo digital” em regras revisadas para hedge funds, informou o CoinDesk

Embora a SEC tenha inicialmente incluído a definição em sua proposta de 2022 para revisar as divulgações obrigatórias para essa classe de fundos, o regulador de valores mobiliários deletou o termo na regra final aprovada pelos comissários. A agência incluiu uma nota de rodapé para se explicar: 

“A comissão e a equipe continuam avaliando este termo e não estamos adotando ‘ativos digitais’ como parte desta regra neste momento”, declarou a nota. 

Outros destaques das criptomoedas  

O estado do Texas e outros reguladores financeiros estaduais dos EUA lançaram uma ofensiva contra uma “fraude de investimentos” que supostamente utiliza inteligência artificial, ordenando a suspensão de todas as atividades, conforme o CoinDesk. O esquema operado por Horatiu Caragaceanu, The Shark of Wall Street e Hedge4.ai promove o token TruthGPT Coin (TRUTH).  

O token usa imagens de Elon Musk, dono do Twitter e da Tesla, do CEO da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, e do cofundador da Ethereum, Vitalik Buterin, disse o regulador do Texas, em comunicado compartilhado pelos estados de Nova Jersey, Alabama, Montana e Kentucky. O TruthGPT alega usar aprendizado de máquina para prever preços futuros de criptomoedas e envolve a oferta de valores mobiliários não registrados ou não permitidos para residentes do Texas, disse o regulador. 

A FTX busca recuperar cerca de US$ 3,9 bilhões em dinheiro e criptomoedas da plataforma de crédito cripto Genesis Global Capital, atualmente em recuperação judicial, e de uma afiliada, a GGC International. A exchange fundada por Sam Bankman-Fried tenta receber os fundos por meio de normas criadas para garantir que alguns credores não sejam favorecidos em detrimento de outros, segundo a Bloomberg.  

As chamadas “transferências evitáveis” são aquelas que ocorrem até 90 dias antes de uma empresa pedir proteção contra credores. Representantes da FTX e da Genesis não responderam de imediato a pedidos de comentário.