Manhã Cripto: Bitcoin (BTC) sobe e tenta se manter acima de US$ 24 mil mesmo com queda da economia americana

Nem mesmo a perspectiva de recessão na maior economia do planeta parece ter abalado o apetite dos investidores por riscos; Ethereum (ETH) rompe os US$ 1.700
Grafico de mercado com moeda de bitcoin

Shutterstock

Mesmo com os sinais de que a economia americana está a caminho de uma recessão, as maiores criptomoedas operam em alta pela terceira sessão seguida nesta sexta-feira (29). O Bitcoin (BTC) ganha 4,8%, cotado a US$ 24.066,60, mostram dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) ultrapassou a marca de US$ 1.700 pela primeira vez desde o começo de junho e sobe 4,6% nas últimas 24 horas, para US$ 1.709,09. 

No Brasil o Bitcoin registra valorização de 2,7%, negociado a R$ 125.027,31, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).   

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BTC e ETH estão a caminho do melhor mês desde 2021, com altas de 28% e 72% no acumulado de julho, respectivamente, de acordo com dados da Bloomberg

Entre as altcoins mais negociadas, o dia também é de ganhos, com destaque para Binance Coin (+3,5%), XRP (+4,9%), Cardano (4,5%), Solana (+9,1%), Dogecoin (+5%), Polkadot (+5%), Polygon (+8,6%) Shiba Inu (+5,3%) e Avalanche (+6,5%). 

Bitcoin hoje 

Na quinta-feira (28), o Bitcoin já havia superado os US$ 24 mil pela primeira vez em mais de uma semana, apesar da retração de 0,9% do PIB dos EUA entre abril e junho, o segundo declínio consecutivo e acima do esperado por economistas. 

Para a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, a atividade econômica está “excepcionalmente forte” e ela não vê recessão. Quem determina se a economia americana está ou não em recessão é o Departamento Nacional de Pesquisa Econômica (NBER), que ainda deve levar meses para anunciar sua conclusão. 

Ainda assim, Edward Moya, analista sênior de mercado das Américas para Oanda, disse em e-mail ao CoinDesk que o apetite por risco começa a retornar. Segundo ele, os dados que mostraram queda do PIB americano poderiam levar o Federal Reserve a subir os juros em ritmo mais lento na reunião de setembro.  

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Em artigo no Valor, Humberto Andrade, analista sênior de trading no MB, diz que, graficamente, o preço do Bitcoin está bem perto da próxima resistência, ao redor de US$ 25 mil.  

“Muito provavelmente poderemos testá-la até o fechamento do mês, mas não acredito em um prolongamento do movimento com essa força nos próximos dias, porque, embora o volume tenha aumentado, ainda há um cenário muito nebuloso em relação à inflação e outros indicadores que estão começando a preocupar.” 

Outros destaques no mercado de criptomoedas: 

O Santander Brasil segue com os planos de oferecer serviços de criptomoedas nos próximos meses, o que inclui clientes pessoa física, disse o presidente do banco, Mário Leão, em conversa com repórteres na quinta-feira (28). “A gente reconhece que é um mercado que veio para ficar, e não é uma reação necessariamente a concorrentes se posicionando, é simplesmente uma visão de que o nosso cliente tem demanda por esse tipo de ativo, então a gente tem que encontrar a forma mais correta e mais educativa de fazê-lo”, afirmou o executivo. As informações são da Folha de S. Paulo. 

O mercado de criptoativos no Brasil atrai cada vez mais competidores. Com o objetivo de enfrentar gigantes como Binance e FTX, Rodrigo Batista, ex-sócio do MB, diz que sua nova empresa Digitra.com será aberta a clientes do mundo inteiro. Em entrevista ao NeoFeed, Batista contou que a plataforma já recebeu inscrições de usuários em Portugal, Ucrânia, Argentina, além do Brasil. 

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As criptomoedas também se tornam populares nas classes ABC e só 18% desconhecem esses ativos, segundo pesquisa C6/Ipec publicada pelo Valor. No levantamento, 20,7% das mulheres responderam desconhecer as moedas digitais, enquanto o percentual dos homens foi de 14,5%. 

Quase um ano após El Salvador oficializar o Bitcoin no país e em meio ao inverno cripto, o ministro das Finanças, Alejandro Zelaya, disse em entrevista à Bloomberg que a criptomoeda ampliou o acesso a serviços financeiros para grande parte da população sem contas bancárias, além de estimular o turismo e investimentos. 

Crise de crédito 

O Federal Reserve e a Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) enviaram uma carta à Voyager Digital exigindo que a corretora de criptomoedas deixe de “fazer declarações falsas e enganosas” sobre o status de depósitos segurados pela FDIC e “tome medidas imediatas para corrigir tais declarações anteriores”, segundo comunicado. 

E mais uma empresa cripto sucumbiu à crise de liquidez. A Zipmex, corretora de criptomoedas com sede na Tailândia, registrou pedido de recuperação judicial para se proteger de ações legais de credores, de acordo com comunicado da empresa na quinta-feira (28). A exchange havia suspendido saques de usuários na semana passada. 

A Voyager, que pediu recuperação judicialtrabalha com o Metropolitan Commercial Bank, que é supervisionado pela FDIC. Mas as operações da exchange não têm seguro da agência, por isso, os investimentos de clientes na plataforma não estão garantidos em caso de falência, alerta o regulador na carta. 

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Responsáveis pelo processo de liquidação do hedge fund cripto Three Arrows Capital podem em breve tentar forçar os fundadores Kyle Davies e Su Zhu a cooperar, conforme a Bloomberg. Em audiência, advogados dos credores disseram que os executivos forneceram poucas informações sobre os ativos até agora. 

Regulação, Cibersegurança e CBDCs 

A Caixa Econômica Federal conseguiu chegar à identidade de um homem acusado de desviar mais de R$ 1 milhão de contas do Auxílio Emergencial e Bolsa Família a partir de um e-mail usado como login em uma conta da Binance. O caso ocorreu entre abril e maio de2021, período no qual Marlon Ribeiro Belmiro teria roubado valores de 1.379 contas dos programas, segundo informações do Ministério Público.  

A Polícia Federal deflagrou na quinta-feira (28) a Operação Tradersque investiga uma pirâmide financeira com vítimas no Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. Os criminosos captavam dinheiro alegando que fariam operações na Bolsa de Valores, o que nunca ocorreu. 

Trung Nguyen, cofundador e CEO da Sky Mavis, o estúdio por trás do game cripto Axie Infinity, movimentou cerca de US$ 3 milhões em tokens AXS antes de a empresa divulgar a usuários o ciberataque em março à Ronin, blockchain que faz a ponte para o jogo, segundo reportagem da Bloomberg Businessweek. Nguyen teria transferido os valores de sua carteira para a Binance horas antes de anunciar a invasão e bloquear os ativos de usuários. 

A porta-voz da Sky Mavis, Kalie Moore, confirmou a transferência e disse à Bloomberg que o objetivo era proteger as finanças da empresa durante a crise de uma forma que não fosse óbvia para a comunidade cripto. No Twitter, Nguyen classificou como “sem fundamento e falsas” alegações de que ele teria negociado com informações privilegiadas. 

O projeto de finanças descentralizadas (DeFi) Nirvana Finance, baseado na rede Solana, sofreu um ataque de hackers na quinta-feira (28) que drenou US$ 3,5 milhões de sua reserva e afundou o preço de suas duas criptomoedas, NIRV e ANA. 

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Gary Gensler, presidente da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, a SEC, afirmou em vídeo divulgado na quinta-feira (28) que pediu à equipe da agência para trabalhar com exchanges de ativos digitais para que sejam “regulamentadas como corretoras de valores”. Autoridades da SEC também estudam maneiras de fazer com que certas moedas sejam registradas como valores mobiliários, disse. 

Um projeto de lei dos EUA para aumentar a fabricação de chips de computador, que já aguarda assinatura do presidente Joe Biden, também cria um cargo de consultor de blockchain na Casa Branca. O PL bipartidário foi aprovado por ambas as casas do Congresso, de acordo com o CoinDesk

Em evento em Nova York na quinta-feira (28), o ex-presidente da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), Chris Giancarlo, disse que está preocupado com o impacto do projeto de lei cripto da União Europeia, conhecido pela sigla MiCA. Para Giancarlo, o PL poderia “exportar” o modelo europeu para os EUA e prejudicar a elaboração de regras próprias por reguladores americanos. 

Metaverso, Games e NFTs 

A autora Glória Perez pretende trazer para sua nova novela um tema moderno e inédito: o mundo virtualSegundo a Veja, Em Travessia, Perez criou Guerra, personagem de Humberto Martins que terá o sonho de construir um shopping virtual num ambiente de metaverso. 

O prefeito de Miami, Francis Suárez, anunciou na quinta-feira (28) uma parceria com a Time, Mastercard e Salesforce para uma iniciativa em tokens não fungíveis, informou o The Block. Miami planeja oferecer 5 mil NFTs criadas por 56 artistas locais para representar a cidade. A coleção deve ser lançada em dezembro, após a esperada migração da blockchain Ethereum para o sistema “proof of stake”, ou prova de participação. 

Uma loja temática da Solana está prestes a ser inaugurada na cidade de Nova York. A nova loja, chamada Solana Spaces, está localizada em Hudson Yards e conta com a colaboração da Solana Foundation, organização por trás da rede blockchain de mesmo nome. 

Com o objetivo de preservar a “liberdade de expressão” na internetTether, Bitfinex e a plataforma P2P Hypercore lançaram a ferramenta Holepunch, com foco no desenvolvimento de aplicativos para a Web3. Em entrevista à Bloomberg, Paolo Ardoino, diretor de tecnologia da Tether e Bitfinex, que também comandará a estratégia da nova plataforma, disse que o plano é conectar a Holepunch à Lightning Network para pagamentos em Bitcoin ou USDT no futuro.  

Em meio ao maior escrutínio de reguladores em torno das stablecoins, usar a Holepunch para ajudar a processar pagamentos P2P também pode entrar no radar de autoridades, aponta Emily Nicolle, da Bloomberg.