O mercado de criptomoedas ganha força após uma sessão volátil na segunda-feira. O Bitcoin (BTC) avança 2,9% na manhã desta terça-feira (22), cotado a US$ 42.591, segundo dados do CoinGecko. No Brasil, o Bitcoin tem leve alta de 0,8%, negociado a R$ 210.274, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
O Ethereum (ETH) sobe 3,2%, cotado a US$ 3.007. É a primeira vez que a segunda maior criptomoeda por valor de mercado ultrapassa a marca de US$ 3.000 desde 2 de março, de acordo com dados do CoinDesk.
Segundo análise da Bloomberg, a maior demanda pelo Ethereum pode estar relacionada à atualização do software da plataforma, que promete reduzir a pegada de carbono da blockchain mais usada do mundo. Em sete dias, o Ethereum mostra valorização de 15,9%, enquanto o Bitcoin sobe 7,1%.
“Os fundamentos do ETH estão alinhados para um movimento ascendente, no entanto, um rali do ETH também provavelmente traria ganhos gerais”, disse ao CoinDesk Matthew Dibb, cofundador da Stack Funds.
Outras criptomoedas também operam com alta nesta terça-feira como Binance Coin (+2,6%), XRP (+3,9%), Cardano (+5,4%), Solana (+0,4%), Polkadot (+5,6%), Dogecoin (+2,9%) e Shiba Inu (+2,4%), segundo o CoinGecko.
Avalanche e Terra (LUNA) vão em direção oposta, com queda de 3,5% e 2,9%, respectivamente.
Durante a conferência anual de política econômica da National Association for Business Economics (NABE) em Washington, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que os juros podem subir em um ritmo de 50 pontos-base em vez de aumentos de 25 pontos-base, o que tirou força do mercado de criptomoedas na segunda-feira (21).
Em um cenário de aperto monetário, produtos de investimento em ativos digitais registraram saídas pela segunda semana consecutiva, totalizando US$ 47 milhões no período encerrado em 18 de março, mostra relatório da CoinShares. A América do Norte continuou a liderar os saques, o que pode refletir nervosismo sobre questões regulatórias e geopolíticas causadas pelo conflito na Ucrânia, segundo a análise. No entanto, a maioria da altcoins recebeu fundos, com destaque para Ripple (US$ 1,1 milhão), Polkadot (US$ 800 mil) e Solana (US$ 700 mil).
Outros destaques
Guerra Rússia-Ucrânia: Cidades sitiadas na Ucrânia se preparam para mais ataques das forças russas. O presidente dos EUA, Joe Biden, voltou a alertar que a Rússia pode estar planejando usar armas químicas ou biológicas. Biden também conversou com líderes europeus sobre como aumentar a pressão sobre o governo russo antes de sua visita ao continente nesta semana, noticiou o New York Times.
Compra de veículos: O Mercado Bitcoin fechou parceria com a NetCarros para permitir a compra de qualquer veículo com criptomoedas. Os pagamentos em moedas digitais poderão ser feitos a partir desta terça-feira (22), noticiou o Valor. Os usuários também poderão escolher pagar uma parte do veículo em criptomoedas e o restante em moeda fiduciária. Fabrício Tota, diretor do Mercado Bitcoin, diz que o uso de criptomoedas para pagamento de bens com valores mais elevados é uma tendência em consolidação.
Opções do Goldman: Na segunda-feira, o Goldman Sachs executou a primeira transação de criptomoeda de balcão de um grande banco dos EUA, segundo a Dow Jones. Com a ajuda da Galaxy Digital, o Goldman negociou uma opção de Bitcoin não entregável, um derivativo vinculado ao preço da criptomoeda que paga em dinheiro, disse em comunicado. Opções são usadas por investidores de criptomoedas como proteção contra riscos ou para aumentar a rentabilidade, e transações de balcão, geralmente de maior volume, são negociadas de forma privada.
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Novo fundo: A Fuse, gestora de investimentos alternativos com foco em tecnologia, anunciou na segunda-feira (21) o primeiro fundo de cripto brasileiro com lastro em stablecoins atreladas ao dólar. O Fuse Capital Wasabi DeFi Fund tem como meta oferecer retorno de mais de 20% ao ano, conforme a Exame.
Inclusão financeira: Quase metade da população na América Latina não possui conta bancária, de acordo com o Banco Mundial, mas a maioria delas tem acesso a um celular. Isso explica por que, apesar de questões como volatilidade e falta de apoio dos governos, muitos acreditam que as criptomoedas podem ser um caminho para a bancarização, destaca artigo da Americas Quarterly. De olho nessa tendência, empresas de capital de risco apostam no universo cripto. O Mercado Bitcoin foi o maior receptor desse tipo de investimento no setor na região, segundo a Lavca, com cerca de R$ 40 bilhões em criptomoedas negociados em 2021, um salto de 530% em relação ao volume do ano anterior. A pesquisa “Relatório Blockchain – Latam 2022” encomendada pela Sherlock Communications e publicada pelo Estadão mostra que mais de 25% dos entrevistados no Brasil disseram que esperam comprar criptomoedas nos próximos 12 meses.
Mineração alternativa: Os grandes volumes de eletricidade usados para minerar Bitcoin chamam a atenção para o impacto ambiental da mineração. Mas a Stronghold Digital Mining, da Pensilvânia, acredita ter encontrado uma alternativa mais ecológica: a empresa utiliza resíduos deixados por usinas de carvão para gerar energia que alimenta centenas de supercomputadores que trabalham para minerar Bitcoin, conforme a Reuters. Reportagem do New York Times também destaca que mineradores de Bitcoin buscam mudar a imagem de que o setor prejudica o meio ambiente, com soluções focadas em energia solar e eólica, por exemplo.
Nova acionista: A estrela do tênis Naomi Osaka comprou uma participação acionária na FTX e receberá uma compensação em criptomoedas, segundo comunicado da exchange com sede nas Bahamas publicado pela Reuters. Em uma parceria de longo prazo, Osaka vai buscar atrair mais mulheres para a plataforma, com um papel ativo na coordenação e criação de conteúdo.
Regulação, Segurança e CBDCs
Protótipos: Vários bancos centrais e o Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) desenvolveram protótipos para uma plataforma comum de moedas digitais com o objetivo de tornar pagamentos internacionais mais eficientes, de acordo com comunicado publicado pela Bloomberg.
Na mira de reguladores globais: O Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) acompanha de perto o uso de criptoativos durante a guerra na Ucrânia em meio ao receio de que as moedas digitais possam ser usadas para escapar das sanções do Ocidente à Rússia. O FSB, que assessora o G20, está compartilhando informações obtidas entre os membros, disse na segunda-feira Patrick Armstrong, membro da secretaria do conselho, durante a conferência City & Financial, informou a Reuters.
Falso robô trader: A Polícia Federal desarticulou na segunda-feira um esquema fraudulento de criptomoedas promovido por um casal do Paraná acusado de faturar R$ 6 milhões em meados de 2019 com um falso robô trader. A empresa, cujo nome não foi divulgado, enganou mais de três mil clientes vendendo pacotes de investimentos em criptomoedas que prometiam rendimentos exorbitantes, conforme o Portal do Bitcoin.
Ameaça de DAOs: O senador australiano Andrew Bragg afirmou na segunda-feira que Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs) apresentam uma “ameaça existencial ao sistema tributário”. Para ele, essas iniciativas são reconhecidas como parcerias e, assim, não são sujeitas a tributações para empresas.
Metaverso, Games e NFTs
Expansão nos EUA: Mais empresas dos EUA estão investindo em tokens não fungíveis, embora não existam normas contábeis específicas ou de divulgação para NFTs. O Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira (FASB, na sigla em inglês) planeja realizar um estudo sobre normas para ativos digitais, mas não tem planos de incluir NFTs, já que esses ativos são protegidos por direitos autorais, disse uma porta-voz da agência ao Wall Street Journal.
NFTs de Stallone: O ator Sylvester Stallone vai lançar uma coleção de NFTs com quase 10 mil itens de arte digital que celebram sua vida e carreira cinematográfica. A coleção PlanetSLY NFT será composta de 9.997 peças que serão lançadas na rede de blockchain Ethereum, noticiou o Estadão.
Qualcomm aposta no metaverso: A fabricante de chips e smartphones vai destinar US$ 100 milhões para investir em empresas que desenvolvem novas tecnologias para o metaverso. O financiamento pode ser por meio da compra de participações e subvenções, segundo o Wall Street Journal. A empresa começa a receber propostas para o fundo, chamado Snapdragon, a partir de junho.