O cenário macroeconômico global e a distribuição da nova versão do token LUNA concentram as atenções de investidores de criptomoedas nesta quinta-feira (26). O Bitcoin (BTC) é negociado em baixa de 2,1% nas últimas 24 horas, a US$ 29.224, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum (ETH) tem queda de 6,8%, cotado a US$ 1.842.
No Brasil, o Bitcoin recua 2%, para R$141.343,59, segundo o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
“É possível que tenhamos esse movimento até o fim do mês, até porque o sentimento do mercado ainda é de incerteza. Se o BTC perder o suporte dos 29 mil dólares, região que se encontra, podemos ver uma queda mais acentuada para a região dos 25 mil dólares”, avalia Eduardo Andrade, trader do Mercado Bitcoin, em artigo do E-Investidor.
As principais altcoins registram perdas nas últimas 24 horas como Binance Coin (-6,1%), XRP (-2,9%), Cardano (-5,4%), Solana (-9,6%), Dogecoin (-2,7%), Polkadot (-6,7%), Avalanche (-14%) e Shiba Inu (-5,5%), mostram dados do CoinGecko.
Os índices futuros dos Estados Unidos apontam uma abertura no vermelho, enquanto as bolsas asiáticas reagiram a comentários do primeiro-ministro da China, Li Keqiang. Ele disse que, em algumas áreas, o desempenho da economia chinesa tem sido pior do que antes da pandemia e que medidas são necessárias para combater o crescente desemprego.
Apesar da cautela no mercado de futuros, as bolsas americanas fecharam em terreno positivo na quarta-feira. A ata da reunião de 3 e 4 de maio do Federal Reserve confirmou que o banco central pretende fazer dois aumentos de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões para frear a inflação. No entanto, o Fed sinalizou que, com o aperto monetário acelerado, “está bem posicionado” para fazer ajustes ao longo do ano caso o remédio amargo tenha efeito.
Terra nova
A proposta de uma nova versão da blockchain Terra e da criptomoeda LUNA foi aprovada na quarta-feira (25), com 65,5% dos votos entre a comunidade de investidores da criptomoeda. O nível de abstenção foi alto e representou 20,98% da votação.
Nas novas versões a serem lançadas já nesta sexta-feira (27), tanto a blockchain Terra quanto seu token LUNA manterão os nomes originais. Nesse dia, a rede antiga passa a se chamar “Terra Classic”, e o token anterior, “Luna Classic”, identificado pelo símbolo LUNC.
A stablecoin algorítmica TerraUSD (UST) não será incluída nesta nova blockchain, mas continuará existindo no mercado, embora sem o desenvolvimento da Terraform Labs.
Distribuição
Nesta quinta-feira, a nova LUNA será distribuída para investidores do antigo token e da UST. Algumas exchanges já anunciam planos de listar o token, como é o caso da Huobi, de acordo com a Bloomberg. A Binance disse que está trabalhando com o time da Terra para oferecer a usuários impactados “o melhor tratamento possível”.
Após o colapso da TerraUSD, as baleias – investidores com grandes volumes de criptomoedas – têm migrado para a stablecoin USD Coin (USDC), a segunda maior em valor de mercado depois da Tether (USDT), mostram dados da CoinMetrics. “Na condição atual do mercado, muitas pessoas veem a USDC como a stablecoin preferida e mais segura”, disse Edward Moya, analista sênior da plataforma de negociação Oanda, em entrevista ao CoinDesk.
Em carta ao Fed, a Circle Internet Financial, emissora da USD Coin, disse que não vê a necessidade de um dólar digital, pois sua stablecoin já atende a “muitos dos benefícios potenciais” de uma moeda digital do banco central (CBDC).
Reguladores apertam o cerco
Informações da imprensa da Coreia do Sul indicam que reguladores vão apertar o cerco contra exchanges de criptomoedas do país, que negociaram o equivalente a US$ 2,5 bilhões em tokens apenas nas últimas 24 horas.
Em depoimento preparado para uma audiência nesta quinta-feira no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara de Deputados, a vice-presidente do Fed, Lael Brainard, também defendeu a necessidade de maior regulação, conforme a Bloomberg.
“A recente turbulência nos mercados financeiros de criptomoedas deixa claro que as ações que tomamos agora – seja sobre estrutura regulatória ou dólar digital – devem ser robustas para a evolução futura do sistema financeiro”, afirmou Brainard.
Outros destaques
O cofundador da Ethereum, Gavin Wood, disse no Fórum Econômico Mundial, em Davos, que investidores de criptomoedas precisam estar mais cientes do que está por trás de seus investimentos após a sangria que eliminou mais de US$ 800 bilhões do mercado, conforme a Reuters.
A Andreessen-Horowitz (a16z) captou US$ 4,5 bilhões para um quarto fundo de criptomoedas, o maior da empresa até agora, em uma aposta no setor mesmo com a recente turbulência. Do total levantado pelo “Crypto Fund 4”, um volume de US$ 1,5 bilhão será aplicado em investimentos em projetos iniciais (“seed”) e US$ 3 bilhões em capital de risco. Com o novo fundo, o total captado pela a16z em cripto/web3 já soma mais de US$ 7,6 bilhões, detalha anúncio da empresa.
A Babel Finance, com sede em Hong Kong, levantou US$ 80 milhões em uma nova rodada de financiamento que avaliou o banco e gestora de ativos de criptomoedas em US$ 2 bilhões, segundo a Reuters. Os investidores que participaram da rodada Série B incluem Jeneration Capital, Circle Ventures e 10T Holdings, juntamente com os já existentes Dragonfly Capital e BAI Capital.
A plataforma de negociação de criptoativos Ripio anunciou a plataforma premium Ripio Select para clientes que tenham pelo menos US$ 5 mil na conta, segundo o Valor. Com o novo serviço, clientes terão uma maior gama de criptomoedas e direito a um gerente de relacionamento exclusivo com canais de comunicação.
Elon Musk precisará levantar mais capital para financiar sua compra do Twitter por US$ 44 bilhões, depois de deixar que uma linha de crédito de US$ 6,25 bilhões garantida por suas ações na montadora Tesla expirasse, informou o Financial Times.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
Nomeado como administrador judicial, o escritório de advocacia Zveiter Advogados começou a cadastrar em seu site credores da GAS Consultoria, liderada por Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó do Bitcoin”. A estimativa é que existam 300 mil credores, a maioria deles investidores afetados pela falta de pagamentos da empresa, aponta reportagem do jornal EXTRA.
A Receita Federal reafirmou o entendimento de que as negociações entre pares de criptomoedas também podem ser tributadas, mesmo quando não forem convertidas para reais. A decisão foi publicada na edição de terça-feira (24) do Diário Oficial da União.
Já em Portugal, parlamentares rejeitaram na quarta-feira duas propostas de partidos da minoria para a tributação de bitcoin e outras criptomoedas apresentadas à Comissão de Orçamento e Finanças, de acordo com o portal ECO. No começo do mês, o ministro das Finanças de Portugal sinalizou que o país está disposto a tributar os criptoativos, embora não tenha dado prazo para a medida.
A Câmara de Deputados do Paraguai aprovou na quarta-feira (25) um projeto de lei que regula a comercialização e produção de criptomoedas no país, o que inclui a criação de normas para a mineração de Bitcoin na região.
Nos EUA, um governo unido poderia facilitar a aprovação de novas leis para o mercado de criptomoedas e “seguir o espírito da ordem executiva de (Joe) Biden” para manter o país na vanguarda da inovação, disse o Morgan Stanley em relatório divulgado na quarta-feira pelo CoinDesk.
Wall Street já está unido. Bolsas e outras empresas financeiras são contrárias a uma proposta sob análise de reguladores dos EUA para permitir que investidores de varejo negociem derivativos cripto diretamente na plataforma da FTX, noticiou a Bloomberg.
Empresas de criptomoedas devem continuar sendo foco para agências que combatem crimes financeiros nos EUA, disseram autoridades do Departamento de Justiça e da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities em evento realizado em Nova York na quarta-feira, de acordo com o Wall Street Journal.
No Cazaquistão, a Binance planeja ajudar o governo a elaborar regras para o mercado de criptoativos, de acordo com informações no blog da exchange. O governo quer expandir o mercado além da mineração de Bitcoin e tornar o país um hub regional de blockchain.
Metaverso, Games e NFTs
A partir de uma série de tuítes, a comunidade cripto passou a especular nos últimos dias que a Nike, dona da startup RTFKT (lê-se artifact), planeja lançar uma coleção de calçados NFT em parceria com a grife francesa Louis Vuitton, segundo o Valor. Bernard Pedra, especialista cripto da área de research do Mercado Bitcoin, destaca que, entre os dias 27 e 31 de maio, a Louis Vuitton fará uma exposição em Nova York com 47 edições do tênis Air Force 1, do falecido designer Virgil Abloh.
Um NFT da Nike desenvolvido pelo artista Takashi Murakami foi comprado por um usuário chamado AliSajwani por US$ 134 mil, segundo o New York Times.
Uma parceria entre a plataforma TuneTraders e os compositores da Tropa de Hitz e 608 vai transformar grandes sucessos da música sertaneja em uma oportunidade de investimento, conforme a Exame. O projeto utiliza a tecnologia blockchain para distribuir royalties e permitir que fãs e investidores possam lucrar com músicas Zé Neto e Cristiano, entre outros.
O São Paulo anunciou na noite da quarta-feira que já começou a aceitar criptomoedas como pagamento na venda de ingressos para membros do seu programa de sócio-torcedores, uma parceria com a corretora Bitso, que patrocina a equipe paulista, segundo a Exame.