O Banco da Inglaterra (BoE) ouviu seus homólogos americanos e não liberou US$ 1,2 bilhão em ouro para os agentes do ditador venezuelano Nicolás Maduro que tentavam repatriar a fortuna ao país, reportou o Bloomberg.
Maduro enfrenta pressão do líder da Assembleia, Juan Guaidó, que se declarou presidente interino do país.
De acordo com o site, a decisão do BoE de negar o pedido de retirada pelas autoridades de Maduro ocorreu depois que altos funcionários dos EUA persuadiram os britânicos a ajudar no corte de ativos de Maduro no exterior.
Segundo fonte anônimas citadas pela agência, dentre eles estava o secretário de Estado Michael Pompeo e o Conselheiro nacional de segurança John Bolton.
O Reino Unido seguiu os EUA e outros países na quarta-feira, reconhecendo Guaidó como o legítimo presidente da Venezuela.
O Brasil também apoiou a ação do oposicionista venezuelano e emitiu, via Ministério das Relações Exteriores, a seguinte nota no site do Itamaraty:
“O Brasil apoiará política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social voltem à Venezuela”.
A União Europeia (UE), no entanto, sinalizou reconhecer Guaidó a menos que uma eleição presidencial legítima seja convocada em oito dias.
A Rússia, que mantém uma boa relação com a Venezuela, continua reconhecendo Nicolás Maduro como presidente legítimo.
A verdade é que o cerco a Maduro aperta e o líder venezuelano não tem mais credibilidade diante de um país assolado pela hiperinflação.
Segundo a reportagem, a intenção dos EUA e Reino Unido é dar autoridade a Guaidó sobre os ativos venezuelanos para ajudá-lo a assumir o controle do governo, enfraquecendo, assim, o ditador.
No entanto, caso Guaidó assuma o poder, ele deverá não só comandar país, mas também convocar novas eleições.
Na tentativa de agradar a população, Maduro pediu para que incluíssem mais produtos na cesta básica que o governo distribui e aumentou o número de beneficiários, segundo reportagem da Folha.
“Tem carne e salsicha dessa vez, não dá para acreditar. Em geral essas cestas têm farinha, café, leite em pó, azeite e pouca coisa mais”, disse um beneficiário.
Em busca do ouro
No início de dezembro, autoridades do governo venezuelano teriam viajado para Londres para negociações com o BoE a fim de repatriar mais de US$ 500 milhões em ouro para Caracas.
Viajaram para a capital inglesa o ministro das Finanças, Simon Zerpa, que está sob sanção dos Estados Unidos por suspeita de corrupção, e o presidente do Banco Central, Calixto Ortega.
Desde então, Maduro está tentando trazer cerca de 14 toneladas de ouro de volta para a Venezuela por temer que possa ser pego em sanções internacionais, o que pode realmente estar acontecendo neste momento.
BoE não quis comentar
O Banco da Inglaterra se recusou a comentar sobre o manuseio de ativos venezuelanos e disse que fornece serviços bancários para um grande número de clientes e não comenta sobre nenhum desses relacionamentos, diz a reportagem.
Do lado dos EUA, Pompeo não se pronunciou, mas sim um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.
“Os EUA usarão suas ferramentas econômicas e diplomáticas para assegurar que as transações comerciais do governo venezuelano sejam consistentes com seu reconhecimento de Juan Guaidó como o presidente interino da Venezuela”.
CEO da exchange Kraken opina
Jesse Powell, CEO da Kraken, uma bolsa de criptomoedas sediada na Califórnia, tomou conhecimento da situação política e lembrou às partes a importância dos ativos descentralizados, como o Bitcoin.
“Se não é o seu cofre, não é o seu ouro”, escreveu Powell relembrando a famosa frase “se não são suas chaves, não é seu Bitcoin” de Andreas Antonopolous. O renomado evangelista do Bitcoin apresentou o slogan após a BitFinex ter perdido US$ 70 milhões em bitcoins.
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