A Justiça da Bahia pediu a prisão preventiva de Danilo Santana, fundador da D9 Empreendimentos, empresa que agia como pirâmide financeira em Itabuna, no sul do estado, conforme publicou o G1 nesta terça-feira (10).
O esquema fraudulento que funcionava por meio da internet e tinha como foco apostas em jogos de futebol, pode ter gerado lucro de até R$ 200 milhões para o autor intelectual do crime bem como a seus sócios.
De acordo com as autoridades judiciárias, os acusados incentivavam as vítimas a se associarem a um clube de investidores que prometia lucros de 33% ao mês. Havia uma inovação no negócio, os pagamentos eram realizados em Bitcoin. A quadrilha não agia só na Bahia, mas também em vários estados no Brasil e em outros países.
Os altos rendimentos fizeram com que pessoas vendessem bens pessoais, como veículos e imóveis, para entrar no ‘vantajoso’ negócio sem que eles desconfiassem que se tratava de um golpe. Desta forma eles não recebiam o tal lucro e muito menos o ressarcimento do dinheiro investido.
As informações da polícia apontavam que Danilo Santana, líder da quadrilha e já indiciado pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa, havia zerado as contas e deixado o país.
Segundo a polícia, o grupo foi descoberto porque costumava ostentar dinheiro e bens. Danilo ‘desfilava’ de Ferrari e morava numa bela mansão.
Outras pessoas também estão na mira da Justiça. Kelliane Alves Gouveia Santana, esposa de Danilo e sócia da D9, o empresário Isaac Albuquerque e Alessandro Almeida, primo de Danilo e que era o responsável na ocultação de bens do grupo.
Edlane Alves de Oliveira, sogra de Danilo também está foragida. No ano passado a polícia de Itabuna encontrou R$ 1 milhão em espécie em sua casa. Na ocasião, a polícia também havia bloqueado cerca de R$ 25 milhões em dinheiro e bens dos investigados. 22 pessoas estão envolvidas no caso.
No início do ano, Danilo foi preso em em Dubai, nos Emirados Árabes, mas a Justiça da Bahia não soube informar se ele havia sido solto novamente.
É que o pedido de prisão havia sido revogado devido a problemas com a remessa dos documentos ao país árabe. Seu advogado afirmou, então, não saber o local onde Danilo era mantido, o que justifica o pedido de sua prisão preventiva para assegurar a aplicação da lei penal.
Como funcionava o esquema
O esquema era semelhante ao do caso Telexfree, que repercutiu em 2013. Danilo fez parte desse esquema também. Segundo a Polícia Civil de Itabuna, ele apenas ‘aprimorou’ a forma de fazer vítimas.
De acordo com os relatórios policiais, as pessoas criavam uma conta virtual numa plataforma. Eles também precisavam chamar outras pessoas para os negócios e, assim, o sistema de pirâmide ia se formando gradativamente. Cada novo membro financiava um membro acima da cadeia.
Os usuários poderiam acompanhar os ‘lucros’ do capital investido através do site. Porém, ao tentar realizar um saque eles descobriam que não era possível.
“Bola na rede, dinheiro no bolso” e “Aqui a gente dribla a crise e vence de goleada” eram os jargões usados em nome da D9 para persuadir as vítimas.
A D9 contava com líderes apelidados de gerente, coordenador, treinador e capitão, em alusão aos esportes.
Eventos da D9 contavam com participação de personalidades ligadas ao esporte, como o comentarista da Globo, Caio Ribeiro, a apresentadora da Band Larissa Erthal, o ex-jogador do Corinthians, Marcelinho Carioca e a goleira da seleção brasileira Bárbara Micheline, conforme anotou UOL em 18 de maio deste ano.
Não foram só os 1.300 brasileiros que caíram no golpe de Danilo, segundo a Folha, o jornal ABC Color listou 11 países onde também houve vítimas, dentre eles estão Estados Unidos, China, Argentina, Japão e Nigéria