Existe um aviso em quase todos os comunicados do mercado financeiro tradicional: “Performance passada não é garantia de resultados futuros”. Provavelmente é alguma norma imbecil da CVM ou outro agente regulador pago com nossos impostos.
No entanto, dessa vez é possível que tenham acertado “na mosca”; afinal, todo relógio quebrado funciona 2 vezes ao dia. A verdade é que todos esses fundos de ações e multimercados vão performar muito bem nos próximos 3 anos. Estamos falando de altas de 1.000% no período, algo que essa geração sub-45 jamais presenciou.
O Ibovespa já subiu muito mais do que você imagina
O índice Ibovespa já subiu tanto que teve que cortar zeros diversas vezes na história. Alta infinita! Não estou zoando, JURO.
Acima temos o índice de ações da Argentina, o Merval, entrando em crescimento exponencial. Milagre econômico? Não, desvalorização da moeda. No caso acima, a performance passada ‘garante’ que esse índice busca 1 milhão na moeda local, ou até mais.
A grande questão é: esses investidores estão ficando mais ricos? Neste caso, passados pouco mais de 10 anos, o índice está no mesmo valor em dólar. Basicamente, o mesmo retorno do ouro: zero. Enquanto isso, o valor médio dos imóveis nos EUA subiu 100%.
50% perde para o benchmark
Existem gestores que conseguiram ganhar dinheiro na Argentina, seja selecionando uma cesta de ações melhor, ou entrando nos períodos de crise. Toda distribuição normal de retornos traz cerca de 4.5% muito acima da média. Se 1.000 fundos tentaram a sorte por lá em 10 anos, provavelmente 45 deles vão apresentar um desempenho espetacular.
Duvida? Bom, um estudo com 176 fundos de ações livres entre 2016 e 2020 no Brasil mostrou que 45% deles performaram abaixo do Ibovespa. Não vi a tabela, mas posso apostar que foram cerca de 8 com retornos de 100% ou mais acima do índice.
Enfim, se você é um excelente trader, ou o gestor do seu fundo predileto sabe navegar esse ambiente, vá fundo. No entanto, saiba que, na média, a renda variável vai ficar próxima do índice. O mesmo vale para os investidores das ADRs, as ações de empresas norte-americanas listadas na bolsa brasileira, frente ao S&P500.
A ladainha dos dividendos
Outra história que os assessores de investimento e analistas costumam contar é a tal “carteira de dividendos”. De fato, existem ações que distribuem o equivalente a 20% ao ano, porém esses gráficos do TradingView e similares já são ajustados.
Se tivesse dinheiro grátis, alguém teria comprado, malandro. Pode conferir o desempenho no gráfico abaixo de 3 grandes pagadoras de dividendos: Itausa (ITSA4), Vivo (VIVT3) e Taesa (TAE11).
Resumindo: vão todos ficar ricos, só não vão ganhar dinheiro.
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Em 2017, se tornou trader e analista de criptomoedas. Maximalista convicto, assina também o canal no Youtube RadarBTC.