Hong Kong planeja desafiar a China e reabrir portas para as criptomoedas

Novo programa pode liberar negociações para os investidores de varejo, mas levanta dúvidas sobre a reação da China, que reprime as criptomoedas
moeda de bitcoin à frente da bandeira de hong kong

Shutterstock

Hong Kong está planejando colocar novas regras em vigor que tornariam legal a negociação de criptoativos para investidores de varejo na cidade, como parte de seus esforços para se tornar novamente um centro do setor cripto, segundo reportagem desta quinta-feira (27) da agência de notícias Bloomberg.

Hong Kong é uma cidade ex-colônia britânica localizada dentro da China, um país que reprime as criptomoedas. Devido à sua história, ela dispõe de um grau de autonomia superior ao das demais cidades chinesas – algo que vem sendo constantemente combatido pelo governo comunista chinês.

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O programa, que deve ser lançado em março do próximo ano, colocaria em prática o licenciamento obrigatório para plataformas cripto. Mas o calendário para tal medida não está finalizado e continua a ser objeto de consulta pública.

E isso acontece em meio aos esforços de Hong Kong para recuperar o terreno como um hub cripto após o Covid-19, a turbulência política e a regulamentação que tiraram o brilho da reputação da cidade como um lugar para os empreendedores cripto fazerem negócios.

Essa ação para autorizar novamente operações de traders com ativos digitais foi produzida por Elizabeth Wong, chefe da unidade de fintech da Securities And Futures Commission (SFC), na semana passada. 

Discursando em um evento, ela disse que o governo estava considerando seu próprio projeto de lei de regulamentação de criptoativos e que a SFC estava procurando autorizar que pessoas físicas “investissem diretamente em ativos digitais.”

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A cidade era no passado uma potência do setor cripto na Ásia, hospedando corretoras como Binance e a FTX de Sam Bankman-Fried.

Mas uma gestão de licenciamento voluntário introduzida em 2018 limitou efetivamente as plataformas cripto apenas a clientes institucionais com carteiras no valor de pelo menos HK$ 8 milhões (cerca de US$ 1 milhão).

Permitir que plataformas voltadas para o consumidor final operem poderia representar um primeiro passo para reconquistar empresas que desviaram a atenção de Hong Kong nos últimos anos.

A China é crucial para o sucesso cripto de Hong Kong

Mas ainda existem dúvidas sobre o que uma abordagem mais flexível em Hong Kong significaria para a indústria em relação à China continental.

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Em um post no seu blog em resposta às notícias dos esforços de “retorno” de Hong Kong, o co-fundador da BitMex, Arthur Hayes, disse que o acesso aos clientes chineses é crucial para a atratividade de Hong Kong com empresas cripto.

“Como investidores de criptoativos, nos preocupamos com a capacidade de Hong Kong em facilitar as necessidades do capital chinês”, escreveu ele. “Seja nas vendas com pequenos investidores ou nos fluxos de capital, é o povo chinês rico e comum que alimenta a economia de Hong Kong.”

Ele também expressou dúvidas sobre como a China poderia exercer seu poder sobre Hong Kong para minar quaisquer mudanças pró-cripto.

“É difícil dizer que Pequim não mudará sua opinião amanhã e rescindirá todas essas políticas positivas de cripto.” Mas ele acredita que, desta vez, “a China está falando sério sobre essa mudança.”

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.

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