Golpista usa foto de influencer brasileiro para aplicar golpe de R$ 1 milhão em Bitcoin

O modus operandi do golpista no “golpe do amor” desta vez usou a foto do influenciador e fotógrafo brasileiro Ike Levy
Ike Levy faz selfie dentro do carro

Ike Levy foi vítima de uso de imagem sem consentimento (Imagem: Reprodução/Instagram)

O fotógrafo brasileiro e influencer Ike Levy, ex-marido da cantora Luciana Mello — filha do cantor Jair Rodrigues —, teve suas fotos roubadas de seus perfis no Facebook e Instagram e usadas em um golpe com Bitcoin de US$ 200 mil (cerca de R$ 1 milhão). A vítima foi Marilyn Ayres, uma australiana aposentada de 70 anos que caiu no famoso golpe do amor, um tipo de crime que cresceu nos últimos anos.

De acordo com uma publicação do The Age na quarta-feira (13), Marilyn passou a fazer transferências em Bitcoin para o golpista quando se sentiu confortável na relação virtual iniciada em maio do ano passado, quando ele usou as fotos de Levy para se identificar como um engenheiro americano chamado Franklin Edward.

Publicidade

O homem por trás do golpe disse que tinha ficado cativado com uma homenagem que Marilyn tinha feito no Facebook para um soldado ucraniano que salvou gatos de rua em meio à guerra, admitindo que também adorava gatos.

Ele então persuadiu Marilyn a usar um aplicativo de mensagens com criptografia e a partir dali começou a mostrar de forma fraudulenta as fotos de Levy com a Luciana Mello e os dois filhos. O golpista disse que a esposa, uma “enfermeira alemã”, havia morrido e deixado ele com as crianças.

Em poucas semanas, conta o The Age, Edward admitiu ter fortes sentimentos por Marilyn e fez planos para visitar Melbourne, onde ela reside. Naquela altura, o golpista já a chamava de ‘amor’.

O bote final

Depois de quatro meses de relacionamento virtual, o golpista disse que teve suas contas bloqueadas nos EUA e pediu um empréstimo para a aposentada, fornecendo inclusive uma cópia de uma falsa carteira de motorista com a foto do brasileiro, além de extratos bancários e falsos contratos, a fim de passar confiança.

Publicidade

E Marilyn caiu na armadilha. Depois de já ter enviado cerca de US$ 10 mil em vales-presente da Apple para o golpistas, entre 27 de outubro e 23 de janeiro, ela fez 32 pagamentos em Bitcoin que totalizaram US$ 181.540.

Marilyn, que só foi procurar a polícia no mês passado, disse que não espera uma prisão do golpista e que já está conformada de ter perdido quase todas as suas economias. Recentemente, afirma o The Age, ela passou 16 dias na unidade de saúde mental do Sunshine Private Hospital.

Marilyn agora alerta vítimas em potencial sobre os perigos de responder a postagens online aparentemente inofensivas. “Você poderia pensar que na minha idade eu saberia melhor”, disse Ayres. “Mas é quase como se eu tivesse ignorado os sinais de alerta e suspendido a realidade. Eu me permiti ser sugada por esse homem”.

Procurado pelo The Age para comentar o assunto, Ike Levy não retornou, afirma o site.

Golpe do amor se espalha

As vítimas dos golpistas do amor geralmente são mulheres com mais de 50 anos e frequentadoras de páginas de redes sociais dedicadas a animais. Conforme apurou o The Age, os cibercriminosos também usaram as fotos de Levy com outros nomes provavelmente inventados, como Warren William, Carlos Michaelson, James Garrett, Mark Hillary e Dr. Mark Dugan.

Publicidade

Segundo a reportagem, várias vítimas denunciaram os perfis fraudulentos à Meta, dona do Facebook e do Instagram, que removeu algumas das contas.

No mês passado, um caso parecido com o de Marilyn aconteceu no Reino Unido, quando foi revelado que uma mulher de 70 anos havia perdido mais de R$ 1 milhão em Bitcoin ao cair no mesmo “golpe do amor”.

O caso foi divulgado pela polícia do Reino Unido no Dia dos Namorados (12 de fevereiro no Hemisfério Norte) para alertar pessoas sobre o risco de golpes perpetuados em sites de relacionamentos.

O golpista neste caso se apresentou como um médico cirurgião e seguiu o mesmo modus operandi dos demais fraudadores: cativar para usurpar.

A vítima desse golpe foi incentivada a fazer depósitos de dinheiro vivo em caixas eletrônicos de Bitcoin, que em seguida eram transferidos para a carteira do golpista. Neste caso, o banco da vítima ainda conseguiu ressarcir pouco menos da metade do prejuízo.

Publicidade

Dos R$ 1 milhão perdidos pela vítima (170 mil libras esterlinas), o banco no qual era cliente concordou em devolver a ela cerca de 70% do valor que havia perdido.