Fusão do Ethereum deve acontecer durante a madrugada; veja como será o “The Merge”

Entenda o que deve ocorrer na atualização do Ethereum, prevista para acontecer durante a virada de quarta para quinta-feira (15)
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Foto: Shutterstock

Finalmente chegou a tão aguardada Fusão (Merge) do Ethereum, a atualização em que a segunda maior criptomoeda do mundo troca o mecanismo de consenso da rede para uma opção que reduz em 99% o uso de energia da blockchain e abre caminho para transações mais rápidas e baratas no futuro.

A estimativa é que a Fusão aconteça na madrugada desta quinta-feira (15), por volta das 01h55 (horário de Brasília). O horário, no entanto, é sujeito à mudanças nas próximas horas devido a variações no poder computacional, ou hashrate, da rede Ethereum.

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Na página inicial do Portal do Bitcoin é possível visualizar a contagem regressiva da Fusão. O relógio é atualizado em tempo real para acompanhar a velocidade da rede do Ethereum.

Leia também: Fusão do Ethereum: Tudo que você precisa saber sobre a maior transformação da criptomoeda

Para quem deseja acompanhar a atualização da criptomoeda em tempo real à noite, a Ethereum Foundation fará uma transmissão ao vivo no YouTube. A live poderá ser acompanhada por aqui a partir das 23h30 desta quarta-feira (14):

Ethereum Mainnet Merge Viewing Party

Os espectadores que entrarem na transmissão aproximadamente duas horas antes da Fusão, podem participar de uma “tela de arte POAP”, de acordo com a descrição do YouTube. Isso sugere que os primeiros espectadores poderão reivindicar um POAP colecionável, que é um NFT que comprova a participação em um evento.

A live da Ethereum Foundation contará com membros conhecidos da comunidade, incluindo Ethereum Cat Herders que fornece suporte de gerenciamento de projetos para desenvolvedores, bem como criadores de conteúdo como Bankless e The Daily Gwei.

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O que vai acontecer nesta madrugada?

Nesta madrugada finalmente vai acontecer o Merge do Ethereum, ou seja, a fusão da camada de execução do Ethereum (a rede principal que usávamos até então) com a camada de consenso Beacon Chain, que é baseada no sistema proof-of-stake (PoS).

Com a união dessas duas camadas diferentes, a forma como os participantes da rede validam blocos passará a ser baseada unicamente no modelo PoS, e não mais atual no proof-of-work (PoW), o mecanismo de consenso que surgiu – e continua sendo usado – com o Bitcoin.

A fusão acontece no momento em a camada de execução passa a olhar para a camada de consenso para adicionar novos blocos na rede, adotando na prática o modelo proof-of-stake.

Isso acontece na atualização “Paris”, que concretiza a troca de consenso da rede. O gatilho para que essa atualização seja ativada acontece quando a variável chamada Terminal Total Difficulty (TTD) é atingida.

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TTD representa a soma da dificuldade de mineração de todos os blocos da rede proof-of-work do Ethereum. O número estabelecido para que essa variável seja executada é 58.750.000.000.000.000.000.000. Quando essa marca for batida nesta madrugada, o Ethereum oficialmente troca de mecanismo de consenso.

Assim que a camada de execução atingir o TTD, o bloco subsequente será produzido por um validador da camada de consenso, a Beacon Chain. A fusão é considerada completa quando esse primeiro bloco for finalizado, um processo que deve levar cerca de 12 minutos. Neste momento, cerca de 150 desenvolvedores estarão em alerta máximo para resolver quaisquer problemas que possam surgir.

Todo esse processo deve acontecer sem que usuário final perceba, já que em condições normais, a rede não deve ser pausada em nenhum momento. 

Após a Fusão, todos os aplicativos executados no ecossistema do Ethereum continuarão funcionando da mesma forma como na rede pré-fusão, com todo o histórico de transações da blockchain inalterado.

O que acontece após a Fusão?

Quando a Fusão for concluída, a comunidade vai ficar atenta para ver como a blockchain vai reagir. A atenção estará direcionada na taxa de participação da rede, ou seja, o número de validadores ativos após a atualização, com seus softwares atualizados sendo capazes de validar blocos.

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Esse número não pode ser muito baixo. O ideal é que, após a Fusão, a taxa de participação fique acima dos 66% — ou ⅔ dos validadores operacionais.

A produção de novos blocos na rede atualizada também será analisada de perto. Com o sistema PoS, a blockchain do Ethereum passa a ser dividida em “slots”. Cada slot chega a cada 12 segundos e representa a chance de um bloco ser adicionado à blockchain.

Outro ponto importante a ser analisado após a Fusão será o funcionamento dos clientes da rede. Cliente é o software de implementação do Ethereum que se comunica pela rede ponto a ponto, verificando se as transações seguem as regras do protocolo e mantendo o ecossistema seguro. 

Se algo der errado na Fusão, provavelmente o problema estará relacionado a um bug em algum cliente.

Clientes do Ethereum podem ser criados por diferentes desenvolvedores, com diferentes linguagens de programação, desde que sigam as mesmas regras.

Com a Fusão das camadas, um full node do Ethereum (uma cópia completa da blockchain) passa a ser formado pela combinação de um cliente da camada de execução (como Geth, Erigon e Nethermind) e um da camada de consenso (como Prysm, Lighthouse e Teku).

Atualmente, existem cerca de cinco clientes diferentes para cada camada, que podem ser combinados da forma que o validador preferir. Após a Fusão, será de suma importância que diferentes clientes sejam usados por um número equilibrado de validadores.  

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Isso porque, caso um cliente tenha um bug que impede a criação de blocos, os validadores terão outras opções de software para manter a rede em funcionamento.

Para exemplificar isso, imagine o pior cenário: por exemplo, que 70% dos validadores da rede usem o Prysm como cliente principal da camada de consenso. Se houver algum bug no código do Prysm, que impeça a produção de novos blocos, mais de ⅔ dos validadores da rede seriam afetados, parando a blockchain e abrindo brechas para ataques e bifurcações não planejadas.

Agora, se o Prysm for usado por 20% dos validadores e um bug for encontrado, a rede do Ethereum continua operando, apesar da queda da taxa de participação, até que o bug seja corrigido ou que validadores migrem para outro cliente.

Mas, mesmo no pior cenário, em que um erro grave é encontrado após a Fusão do Ethereum e impeça a continuidade da rede, sempre é possível voltar atrás.

Os desenvolvedores do Ethereum podem intervir para retornar a rede para um estado anterior à Fusão, “apagando” o erro. Ao voltar a rede para um estado anterior a atualização, será possível resolver o problema, realizar novos testes e tentar a Fusão novamente.

O que muda para os usuários do Ethereum com a Fusão?

Embora o usuário final não veja alterações práticas inicialmente na forma como interage com os projetos e tokens baseados no ecossistema do Ethereum após a Fusão, isso não significa que a troca de consenso da rede não trará mudanças importantes para os investidores.

A primeira delas será uma queda na emissão de novos ethers no mercado. Sem os mineradores, só os validadores serão remunerados no novo modelo proof-of-stake. 

“Isso vai causar uma grande redução na emissão de ether. Se considerarmos que a recompensa do staking vai aumentar, mas não na mesma proporção de antes, e a queima [tirada de moedas em circulação] continuará na mesma proporção ou maior, começarão a surgir blocos deflacionários, e esse é o maior impacto da fusão”, avalia Rony Szuster, analista de Research do Mercado Bitcoin, ao Portal do Bitcoin.

Além disso, a Fusão também prepara o terreno para que o chamado shardingseja implementado na blockchain ano que vem. Sharding (fragmentação) é uma atualização em várias etapas pensada para melhorar a capacidade do Ethereum, ao distribuir de forma mais eficaz o banco de dados entre os participantes da rede. O sharding, portanto, vai reduzir o congestionamento da rede e aumentar o número de transações por segundo.

Após a Fusão, os usuários também deverão ficar atentos com novas versões do Ethereum que surgirão no mercado.

Mineradores chineses, por exemplo, insatisfeitos com o fim da mineração e de seus lucros expressivos, farão um hard fork para manter viva uma versão proof-of-work do Ethereum após a fusão trazer o sistema PoS para a rede oficial.

Esse fork chamado de EthereumPOW está marcado para acontecer nas 24 horas posteriores à atualização. A rede do EthereumPOW terá início 2.048 blocos vazios após a Fusão (incluindo o bloco da Fusão), o que pode acontecer entre quinta e sexta-feira (16).

Leia também: Fusão do Ethereum: Rebelião dos mineradores será uma ameaça? Analistas respondem

Mas mesmo que surja uma versão replicada do Ethereum criada por mineradores, essa rede não deverá ser uma concorrente da rede principal, principalmente porque a maioria das aplicações e investidores que trazem valor para o ecossistema deverão privilegiar a versão oficial.

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