Fundos imobiliários e ações são boas opções na crise?

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(Foto: Shutterstock)

A queda dos gigantes Bear Stearns, Lehman Brothers e AIG em 2008 marcaram o auge de uma crise que derrubou as bolsas globais em 60% ao longo de 3 anos.

Fonte: vintagevalueinvesting.com

Performance do Ibovespa

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Ibovespa medido em Reais – fonte: TradingView

Por aqui o tombo foi de 60% em 5 meses. Desde este período, as aplicações em Renda Fixa, medidas pelo CDI, subiram 200%, enquanto o Ibovespa caiu 14%.

Apesar da alta generalizada nas bolsas mundiais após a crise de 2008, as ações de empresas brasileiras jamais se recuperaram em termos reais, descontando-se a inflação.

E as ações de Magazine Luiza?

As ações da varejista foram listadas na Bovespa em abril de 2011, logo não é possível fazer uma análise do impacto da crise de 2008. De qualquer maneira, não é representativo selecionar outliers, os vencedores, especialmente uma empresa fora das 20 maiores do índice Ibovespa.

Como alguém poderia ter se protegido?

Em períodos de crise, ativos escassos tendem a ter maior procura, por exemplo terrenos, imóveis em grandes capitais, ouro, e até mesmo o Dólar. Outra maneira muito utilizada pelos investidores de busca por proteção é através de aplicações em Renda Fixa.

Fonte: comparativo de fundos XP Investimentos

Repare que o Dólar tende sempre subir primeiro, por conta da proteção contra uma piora no cenário econômico local.

Fonte: FIPE ZAP Imóveis

Os melhores fundos imobiliários listados na Bovespa acompanharam esta valorização de 210% em cinco anos, porém são arriscados em momentos de crise. Seu rendimento depende de locação, que por sua vez está atrelado ao desempenho da economia.

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A chegada do Juro Real negativo

Uma das ferramentas que os governos têm em mãos para inibir que investidores corram para renda fixa é baixar a taxa básica de juros para níveis abaixo da inflação.

Desta forma, uma aplicação em Renda Fixa que remunera 4% ao ano, num cenário onde a inflação é de 4,5%, apresenta um retorno real de -0,5%.

Criptomoedas neste cenário

Assim como o ouro, as criptomoedas são negociadas em diversos países ao redor do mundo, logo a variação cambial do Real não é relevante em sua cotação.

O Bitcoin já vem sendo utilizado pela população em casos extremos de hiperinflação e perda de confiança no sistema bancário, a exemplo do que vimos nos casos recentes da Venezuela, Líbano, Irã e Argentina.

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Bitcoin em R$ no mês de março – fonte: Coinext

Note no gráfico acima que, ao contrário dos mercados acionários, o Bitcoin encontra-se em ascendente na última semana, sinalizando uma melhora na percepção dos investidores.

Pense no Bitcoin e criptomoedas como proteção, assim como o investidor de imóveis que olha para um horizonte mais longo. Suas chances de retorno vão aumentar exponencialmente, especialmente em um cenário de deterioração das expectativas econômicas.\


Sobre o autor

José Artur Ribeiro é CEO na Coinext. Economista formado pela Università di Roma (Itália) e investidor em criptomoedas desde 2014. Possui mais de 15 anos de experiência em cargos de liderança. Foi CFO da Hexagon Mining e CFO da Vodafone Brasil. Trabalhou também em multinacionais como Airbus Industries (França) e PricewaterhouseCoopers (Itália e Brasil).