Os produtos de investimento em criptomoedas sofreram uma fuga de capital sem precedentes nos últimos dias, com saídas recordes totalizando US$ 3,8 bilhões ao longo de três semanas consecutivas.
O êxodo se intensificou na semana passada, com US$ 2,9 bilhões retirados de fundos de ativos digitais, marcando a maior saída semanal já registrada, de acordo com o mais recente relatório Digital Asset Fund Flows da CoinShares, publicado nesta segunda-feira (3).
James Butterfill, chefe de pesquisa da CoinShares, apontou diversos fatores para essa tendência, incluindo “o recente hack da Bybit, uma postura mais rígida do Federal Reserve e a sequência anterior de 19 semanas de entradas que somaram US$ 29 bilhões”.
O Bitcoin foi o mais afetado pelo pessimismo do mercado, registrando saídas superiores a US$ 2,5 bilhões apenas na última semana, mesmo com investidores adicionando US$ 2,3 milhões a posições vendidas de Bitcoin.
Os fluxos de saída também revelaram diferenças geográficas marcantes no comportamento dos investidores no período de três semanas até 28 de fevereiro de 2025.
Do total, os investidores dos EUA lideraram a retirada, com aproximadamente US$ 2,9 bilhões em saídas, seguidos pela Suíça (US$ 73 milhões) e Canadá (US$ 16,9 milhões). Em contrapartida, investidores alemães desafiaram a tendência e adicionaram US$ 55,3 milhões durante a queda, sugerindo diferenças regionais na perspectiva de mercado.
A correção do mercado ocorre após uma longa alta que injetou aproximadamente US$ 29 bilhões nos produtos de investimento em criptomoedas ao longo de 19 semanas consecutivas de entradas.
Motivos e preocupações
Em entrevista por e-mail ao Decrypt, Butterfill destacou que o relatório foi divulgado logo após o anúncio do presidente Donald Trump sobre a criação de uma reserva estratégica de criptomoedas com múltiplos ativos.
“Isso provavelmente fortalecerá o sentimento e a confiança dos gestores de ativos tradicionais para investir no setor, podendo levar a uma reversão dessas saídas”, disse Butterfill.
No entanto, ele demonstrou ceticismo quanto à inclusão de ativos digitais além do Bitcoin na reserva estratégica, já que esses “diferem significativamente em natureza” e programabilidade.
“Enquanto o Bitcoin atua como um ativo de oferta fixa que pode ajudar a proteger contra a desvalorização das moedas fiduciárias, esses outros ativos são mais parecidos com investimentos em tecnologia”, afirmou Butterfill, ecoando preocupações de outras figuras do setor cripto em reação ao anúncio.
Apesar das divergências teóricas, Butterfill acredita que o anúncio de Trump “sugere uma postura mais patriótica” em relação às criptomoedas como uma categoria tecnológica mais ampla, “sem considerar as qualidades fundamentais desses ativos”.
Essa postura pode até ultrapassar o interesse nacional, segundo Ki Young Ju, CEO e fundador da CryptoQuant, que descreveu o mercado cripto como “cada vez mais se tornando uma arma dos Estados Unidos”.
Ele afirmou que, após a reeleição de Trump, “os padrões morais universais diminuíram” e que, “agora, se algo beneficia Trump e atende aos interesses nacionais dos EUA, não é mais considerado ilegal”.
Essas iniciativas, incluindo a criação da reserva estratégica de criptomoedas, parecem ser estratégias “para dominar o mercado cripto e absorver capital estrangeiro”, acrescentou Ki Young Ju.
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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