Fed mantém juros apesar de pressão de Trump e Bitcoin dispara

“Não precisamos ter pressa para ajustar nossa postura de política”, disse o presidente do Fed, Jerome Powell enquanto Bitcoin oscilava
Jerome Powell, presidente do Fed, mostrado em tela de computador

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O Federal Reserve (Fed) manteve sua taxa de juros de referência inalterada nesta quarta-feira (29), pausando sua campanha de flexibilização após realizar três cortes consecutivos nas taxas de juros. O Bitcoin, por sua vez, pareceu cair abruptamente a princípio, antes de disparar para uma máxima de três dias.

A decisão, amplamente esperada pelos operadores de futuros do Fed, manteve a taxa dos fundos federais em uma faixa-alvo de 4,25% a 4,50%. Quando o Fed começou a flexibilizar a política monetária em setembro, sua taxa de referência era um ponto percentual mais alta, atingindo o maior nível em 23 anos.

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“Esse ajuste na postura da política foi apropriado à luz do progresso na inflação e do reequilíbrio no mercado de trabalho”, afirmou o presidente do Fed, Jerome Powell. “Não precisamos ter pressa para ajustar nossa postura política.”

Quando o Fed começou a reduzir as taxas de juros — um movimento que geralmente favorece ativos de risco como ações e criptomoedas — o banco central dos EUA sinalizou que apoiar o mercado de trabalho, reduzindo os custos de empréstimo, havia se tornado uma prioridade maior do que conter a inflação em desaceleração.

No entanto, em sua reunião de dezembro, os formuladores de políticas adotaram uma visão relativamente cautelosa. Diante de sinais de força na economia dos EUA, o Fed indicou que os riscos de alta para sua perspectiva de inflação haviam aumentado — junto com um novo fator imprevisível na Casa Branca.

Sob a presidência de Donald Trump, os formuladores de políticas temiam que trazer a inflação de volta à meta de 2% pudesse se tornar mais desafiador, citando possíveis mudanças na política de imigração e comércio. Desde então, a administração Trump tem considerado uma abordagem gradual para as chamadas tarifas universais, segundo relatos da mídia.

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Na reunião de dezembro do Fed, os formuladores de políticas previram apenas dois cortes de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros este ano, abaixo dos quatro projetados em setembro.

Nesta quarta-feira, o banco central dos EUA não divulgou novas projeções econômicas ou de política monetária, e afirmou em comunicado escrito que a “perspectiva econômica é incerta”.

O preço do Bitcoin caiu após a decisão do Fed, caindo para US$ 101.400, vindo de cerca de US$ 103.000 em menos de meia hora. No entanto, logo depois, o preço do Bitcoin disparou, alcançando cerca de US$ 103.800 — o maior valor desde domingo.

A decisão do Fed de não cortar os juros neste mês ocorre após pressão de Trump na semana passada. No Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, Trump prometeu “exigir” taxas de juros mais baixas, segundo a Associated Press.

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Powell se recusou a comentar as declarações de Trump na semana passada durante uma coletiva de imprensa, explicando que “não seria apropriado para mim fazer isso”. Ele acrescentou que não teve contato com o presidente desde que assumiu recentemente.

A inflação caiu significativamente desde que atingiu um pico de 9,1% em 2022, mas ainda marcou 2,9% nos 12 meses até dezembro, de acordo com um relatório governamental divulgado no início deste mês. Ainda assim, esse dado ajudou a acalmar os temores sobre a inflação após um forte relatório de empregos.

Quando o preço do Bitcoin despencou para menos de US$ 90.000 há cerca de duas semanas, alguns economistas acreditavam que a campanha de flexibilização do Fed havia chegado ao fim, apontando para a força da economia dos EUA. Minutos antes da decisão do Fed nesta quarta-feira, os traders previam uma chance de 28% de um corte nas taxas em março, de acordo com o CME FedWatch.

O índice de preços de gastos com consumo pessoal, que é a medida preferida do Fed para acompanhar a inflação, subiu 2,4% anualmente em novembro. Quando uma nova atualização for divulgada na sexta-feira, espera-se que o índice mostre um aumento anual de 2,6%, segundo o Trading Economics.

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.