Veja com qualquer trader de cripto na Robinhood o que gostariam de perguntar aos executivos da empresa e, provavelmente, você ouvirá a seguinte questão: “SHIB, quando?”
No evento virtual “Crypto Goes Mainstream” desta quarta-feira (10), Christine Brown, diretora operacional da Robinhood Crypto, contou a Dan Roberts, editor-chefe do portal Decrypt, que a empresa não tem pressa em listar Shiba Inu (SHIB), a 11ª maior criptomoeda por capitalização de mercado e o ativo mais popular desde a Dogecoin (DOGE), que ajudou a impulsionar a Robinhood no debate sobre cripto.
“Em primeiro lugar, não vamos falar sobre isso”, afirmou Brown sobre a decisão de listar ativos específicos.
O mais importante é que a empresa não está seguindo o caminho da Coinbase, cujo CEO, Brian Armstrong, se comprometeu a torná-la na “Amazon dos ativos” e “listar qualquer ativo que seja legal”.
“Também acredito que nossa estratégia seja um pouco diferente do que a de muitos outros participantes por aí que estão apenas correndo para listar o máximo de ativos possíveis agora”, explicou.
“Acreditamos que o ganho a curto prazo que podemos obter não vale a compensação a longo prazo para nossos usuários.”
Brown reiterou que a Robinhood é uma “empresa que foca mais na segurança”, acrescentando: “Queremos garantir que estamos trabalhando em avaliar tudo muito bem a partir de uma perspectiva regulatória”.
Robinhood: multa e mudança de rota
Robinhood, o aplicativo que permite que pessoas rapidamente negociem ações populares e até mesmo criptomoedas, foi criticada por conta de suas políticas de proteção a clientes.
A empresa recebeu uma multa recorde de US$ 70 milhões pela Autoridade Financeira de Regulação da Indústria (FINRA, na sigla em inglês) em junho por diversos motivos.
Primeiro, as interrupções de serviço em março de 2020 resultaram na incapacidade de clientes individuais em completar seus trades. Muitos, de acordo com a FINRA, perderam “dezenas de milhares de dólares”.
Segundo, a FINRA disse que a empresa “informou, de forma negligente, informações falsas e enganosas” desde 2016, fazendo com clientes visualizassem falsos saldos de conta ou interpretassem riscos de negociação de forma errônea.
Isso culminou no suicídio do universitário Alex Kearns que, por engano, achou que tinha perdido US$ 700 mil na plataforma por meio de um trade alavancado.
Tudo isso aconteceu antes de Christine Brown assumir o cargo de diretora operacional da Robinhood Crypto.
Brown, que entrou para o cargo em abril deste ano, sempre enfatiza a segurança a clientes e a obediência regulatória para aquisições de cripto, repercutindo o que a Coinbase fazia no passado.
Anos antes de se tornar a primeira corretora de criptomoedas a ser listada na bolsa americana, a Coinbase apenas listava poucos tokens: bitcoin (BTC), bitcoin cash (BCH), ether (ETH), ethereum classic (ETH) e litecoin (LTC).
Diferente da Binance e de outras corretoras, a Coinbase preferia ter uma abordagem mais cautelosa que envolvia ativos bem-estabelecidos, sem tokens de ofertas iniciais de moedas (ou ICOs) ou ativos considerados como riscos regulatórios.
No entanto, no fim de 2018, seis anos após a fundação da Coinbase, o CEO Brian Armstrong sugeriu que iria expandir essa lista.
“Hoje, estamos anunciando um novo processo que permitirá que rapidamente listemos grande parte dos ativos digitais que cumpram com leis locais, ao satisfazer os pedidos de listagem de forma jurisdicional”, segundo uma publicação divulgada em setembro de 2018.
Em 2020, a empresa começou a ceder, listando mais 21 ativos. As comportas só se abriram este ano. No primeiro semestre de 2021, a Coinbase acrescentou mais 29 criptoativos, um ritmo que não diminuiu neste semestre.
A corretora foi além e listou a moeda da Crypto.com (CRO), utilizada pela sua maior adversária a fim de incentivar traders a utilizar sua corretora.
A Robinhood implementa a estratégia da Coinbase em outras áreas. Brown confirmou que 1,6 milhão de usuários do aplicativo estão na lista de espera de sua carteira, que a empresa promete lançar.
A carteira permitirá que clientes retirem os ativos comprados na Robinhood do aplicativo para que possam participar das Finanças Descentralizadas (ou DeFi) e outras partes do ecossistema cripto. Brown afirmou que a empresa lançou uma versão alfa do produto.
Só não espere que dê para armazenar SHIB nessa carteira.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.