O empreendedor de Finanças Descentralizadas (ou DeFi, na abreviatura em inglês) Jason Stone — uma das pessoas responsáveis pela conta de “yield farming” (estratégia de maximização de lucros) 0xb1 e CEO da KeyFi — está processando a plataforma de empréstimos cripto Celsius por supostamente se recusar em honrar seu contrato. Stone pede indenizações por uma quantia que será “determinada em julgamento”.
No processo judicial aberto em Nova York na quinta-feira (7), a KeyFi alega que a Celsius usou fundos de clientes para “manipular mercados de criptoativos, falhou em implementar controles básicos de contabilidade que comprometeram esses mesmos depósitos, e falhou em cumprir com suas promessas”.
Em uma longa série de tuítes, Stone disse que a conta DeFi 0xb1 estava gerenciando quase US$ 1 bilhões em ativos para a Celsius em certo momento e que a credora “garantiu” a ele que estava tomando medidas adequadas de gerenciamento de risco, como “proteger qualquer possível perda impermanente por nossas atividades em pools de liquidez”.
A perda impermanente acontece quando o preço dos tokens depositados em um pool de liquidez muda em comparação ao preço de quando haviam sido depositados. Isso pode resultar em uma perda de valor se traders sacarem nesse intervalo, apesar de as taxas pagas por corretoras descentralizadas (ou DEXs) a esses fornecedores de liquidez possam mitigar perdas.
Mas as promessas da Celsius eram vazias, de acordo com Stone.
“No fim de fevereiro de 2021, descobrimos que a Celsius havia mentido para nós”, afirmou Stone. “Não estavam protegendo nossas atividades nem protegendo as oscilações dos preços de criptoativos. Todo o portfólio da empresa estava completamente exposto ao mercado.”
Segundo a ação judicial, Stone também descobriu que a suposta falta de contabilidade adequada resultou em um passivo de US$ 200 milhões que a Celsius “não entendia como ou por que tinha”.
Algumas semanas depois, em março de 2021, Stone e a equipe da 0xb1 decidiram cortar relações com a Celsius. No entanto, durante esse processo de afastamento, a Celsius supostamente sofreu perda impermanente.
Stone contou ao Decrypt via Telegram que esse processo “descontraído” na relação entre a KeyFi e Celsius “não tinha correlação” com a perda impermanente que aconteceu na sequência.
Leia Também
“A perda impermanente é uma consequência de estar em pools de liquidez”, explicou ele ao Decrypt. “A exposição precisa ser gerenciada.”
Stone tuitou que a Celsius supostamente deve à KeyFi “uma quantia significativa de dinheiro” e estava tentando solucionar o problema há mais de um ano.
“Celsius se negou a reconhecer a verdade ou suas falhas no gerenciamento de risco e contabilidade”, afirmou Stone, acrescentando que ele está tomando medidas legais contra a empresa em uma tentativa de “resolver essa questão de uma vez por todas”.
De forma surpreendente, o processo judicial afirma que Stone e a KeyFi “operaram sem [haver] qualquer acordo formal por escrito” apesar de a KeyFi supostamente gerar centenas de milhões de dólares para a Celsius e seus clientes.
Segundo o processo judicial, “a recente revelação de que a Celsius não tem os ativos à sua disposição para cumprir com suas obrigações de saque mostra que os Réus estavam, na verdade, operando um esquema de pirâmide”.
“Conforme clientes queriam sacar seus depósitos em ether, a Celsius foi forçada a comprar ether no mercado aberto a preços historicamente altos, sofrendo enormes prejuízos”, de acordo com o processo. “Ao enfrentar uma crise de liquidez, a Celsius começou a oferecer altas taxas de juros para atrair novos depositantes, cujos fundos foram usados para pagar depositantes e credores antigos.”
A abertura do processo pela KeyFi acontece semanas após a Celsius supostamente contratar consultores para ajudá-la a evitar uma possível recuperação judicial após notícias de que havia congelado saques no dia 13 de junho para todos os seus clientes.
O Decrypt não verificou as alegações do processo separadamente. A Celsius não respondeu ao pedido por comentários do Decrypt.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.