Ethereum pode morrer e ir a zero? O que acontece se a Fusão der errado

Entenda três possíveis cenários que podem acontecer com a mudanças do mecanismo de mineração
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O que acontecerá após a fusão do Ethereum? A segunda criptomoeda mais valiosa do mercado poderá morrer se algo der errado durante a atualização? Quantas versões do ether vão surgir no mercado?

Essas são algumas dúvidas que pairam sobre os investidores com a chegada cada vez mais próxima da fusão, também chamada de merge, evento em que o Ethereum abandonará o mecanismo de consenso proof-of-work (PoW) para adotar o proof-of-stake (PoS), colocando fim à mineração que sustentou a rede nos últimos sete anos.

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Mas, apesar de muito se falar sobre o que pode acontecer durante a tão aguardada fusão, o Ethereum tende a continuar vivo — mesmo se tudo der errado.

O Portal do Bitcoin conversou com o especialista Rony Szuster, analista de Research do Mercado Bitcoin, para traçar os cenários que podem se formar após a fusão do Ethereum.

Cenário 1: tudo dá errado

Embora a fusão do Ethereum esteja sendo planejada desde que a criptomoeda foi lançada em 2015 e diversas redes de testes já tenham passado pela atualização de forma bem-sucedida, ainda existe a chance de algo dar errado no grande dia da fusão.

Para Szuster, o Ethereum não tem risco de morrer e a fusão vai acontecer com certeza: “A questão é que pode sim ter problemas nos clients que podem acabar gerando um fork na rede, e esse é um risco real”.

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Na visão do especialista, os riscos principais estão nos clients da rede, ou seja, as implementações do protocolo do Ethereum, que podem ser de diferentes linguagens de programação desde que sigam as mesmas regras.

Após a fusão do Ethereum, o validador deve rodar uma combinação formada por um client da camada de execução e um da camada de consenso. Atualmente, existem cinco clients diferentes para cada camada.

Szuster explica que o processo de troca de consenso em si é algo relativamente fácil de ser feito, mas o risco reside na forma como os participantes da rede vão se comportar após a fusão.

“O que pode dar problema, e o que vem dando problema em todos os últimos testes, é ter algum bug em algum client. Se tiver problemas no código do client e isso impedir a geração de novos blocos no novo modelo da rede, isso vai causar uma queda na participação dos validadores. Se essa queda for muito grande, um ator malicioso pode conseguir fazer um fork indevido da rede Ethereum, ou o fork pode até acontecer sem querer”, explica.

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Se isso acontecer com um client muito grande e que concentra muitos validadores, uma brecha será aberta para um ataque. Mas vale lembrar que o fork pode não acontecer mesmo que exista um bug em um client, porque terão outras opções para serem usadas pelos validadores.

Mesmo no cenário mais pessimista, em que haja pouca participação ou um bug em um client importante acabe causando uma divisão na rede, há solução.

Se tudo der errado, os desenvolvedores do Ethereum podem intervir para voltar a rede para um estado anterior à fusão, “apagando” o erro como se nada tivesse acontecido.

“O que os desenvolvedores provavelmente farão nesse cenário será dar um rollback na blockchain. Ao voltá-la para um estado anterior ao fork, será possível tentar fazer o merge de novo, agora com uma versão corrigida dos clients.”

Cenário 2: tudo dá certo

O especialista explica que para a fusão ser bem-sucedida, será preciso primeiro que a troca de consenso aconteça de forma correta — parte relativamente fácil — e que depois, a  participação de validadores na rede fique acima de dois terços, ou 66%, para diminuir a probabilidade de acontecer um fork.

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“Assim que acontecer o merge, a rede vai continuar funcionando normalmente, as transações vão continuar sendo processadas e os contratos inteligentes vão seguir rodando. Só vai mudar o mecanismo de validação: em vez dos mineradores criarem blocos via proof-of-work, os validadores da rede proof-of-stake passarão a fazer esse trabalho”, explica Szuster.

O usuário final, no entanto, não verá nenhuma mudança prática nas suas operações com ether. Porém, isso não significa que a fusão não trará mudanças importantes.

A primeira delas será uma queda na emissão de novos ethers no mercado. Sem os mineradores, só os validadores serão remunerados no novo modelo proof-of-stake. 

“Isso vai causar uma grande redução na emissão de ether. Se considerarmos que a recompensa do staking vai aumentar, mas não na mesma proporção de antes, e o burning [tirada de moedas em circulação] continuará na mesma proporção ou maior, começará a surgir blocos deflacionários, e esse é o maior impacto do merge”, sinaliza o especialista.

Outro benefício apontado por ele está na redução imediata do consumo de energia elétrica necessária para sustentar o Ethereum. A expectativa é que a fusão faça cair de 99% o gasto energético da rede com o fim da mineração.

Cenário 3: várias versões de ether no mercado

Dando certo ou errado a fusão do Ethereum, a probabilidade de que outras versões da criptomoeda passem a circular no mercado é alta. 

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Isso porque, além dos forks que podem surgir sem querer se algo der errado durante a atualização, os mineradores planejam lutar para que uma versão proof-of-work da criptomoeda continue existindo.

Quando a fusão acontecer, a mineração de ether vai embora, levando com ela os lucros expressivos que mineradores conseguiam ter com a atividade. Isso fez muitos se organizarem em um movimento de resistência à fusão. 

Já que nesta altura do campeonato não poderão impedi-la, o plano é fazer um hard fork para manter viva uma versão proof-of-work da rede Ethereum, mesmo após a fusão trazer o sistema PoS.

Para Rony Szuster, esse cenário é altamente provável de se tornar realidade. 

“Pode ser que existam três versões do ether, quatro, ou até mais. Nós já temos o Ethereum Classic gerado anos atrás e que não deixa de ser a rede do Ethereum, e tem o Ethereum normal de hoje em dia. Provavelmente vai ter esse fork dos mineradores um pouco antes do merge, versão proof-of-work. E caso aconteça algum problema no merge, pode ser gerada ainda uma outra versão do ether”, sugere o especialista.

Mesmo que surja uma versão replicada do Ethereum criada por mineradores, essa rede não deverá ser uma concorrente da rede principal, principalmente porque a maioria das aplicações e investidores que trazem valor para a rede, usarão sua versão oficial.

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