Foram anos de espera e semanas de grande ansiedade, mas finalmente a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) aprovou a criação de ETFs de Bitcoin à vista. Tão importante quanto o impacto no preço da criptomoeda – que, apesar da reação lenta, superou os US$ 48 mil nesta quinta (11) –, essa nova classe de produtos traz impactos positivos para todo o setor cripto.
O foco das discussões tem sido como os ETFs contribuirão para a liquidez do mercado, com a entrada de grandes investidores e uma injeção de bilhões de dólares. Além disso, também é crucial a legitimidade que um mercado de grande peso e influência, como o dos EUA, confere às criptomoedas, segundo especialistas ouvidos pelo Portal do Bitcoin.
Para André Franco, head de research no MB, o fluxo de capital desses ETFs pode resultar em bilhões de dólares alocados nos produtos logo nos primeiros dias.
“O dinheiro que está entrando nos ETFs e impulsionando o preço do bitcoin é considerado “dinheiro novo”, proveniente do capital de investidores institucionais, impulsionado por grandes gestoras como a BlackRock”, afirma o especialista.
“A competição entre gestoras, que se concentrava nas taxas nos últimos dias, agora se volta para atrair os aportes financeiros dos clientes. Ao analisarmos os fundos, é evidente que a rentabilidade melhora, proporcionando um retorno mais favorável, contribuindo positivamente para o mercado como um todo”, acrescenta.
Já Nicole Dyskant, advogada especialista em criptoativos e conselheira da Fireblocks, avalia que o impacto da aprovação do ETF Bitcoin à vista vai além da nova liquidez imediata que entrará no mercado com os novos fundos em si. “Isso certamente gera impacto direto, inclusive no preço, mas o potencial de impacto maior é exponencial, em razão de mudanças que o ETF pode proporcionar nos segmentos de mercado financeiro e de capitais”, diz.
“A adoção pelas tesourarias, clientes, plataformas de distribuição, instituições financeiras e fintechs vai trazer mais investidores — os novos — e aqueles que já buscam exposição a ativos alternativos, mas ainda têm resistência ao token”, explica ela.
Theodoro Fleury, gestor da QR Asset, afirma que a aprovação do ETF de grandes gestoras sinaliza uma aceitação mainstream das criptomoedas e promove uma adoção massiva, especialmente devido à facilidade de acesso proporcionada por essas instituições.
“O impacto positivo se estende aos investidores de varejo, que agora encontram uma solução acessível e familiar para se expor a criptoativos, e aos investidores institucionais, que se beneficiam de um ambiente regulatório mais favorável e da mitigação de riscos associados à custódia, tornando o mercado mais atrativo e seguro”, avalia.
Foram aprovados 11 fundos negociados em bolsa (ETFs) das gestoras BlackRock, Fidelity, ARK Invest, Grayscale, Bitwise, VanEck, Galaxy Invesco, Franklin Templeton, WisdomTree, Valkyrie e da brasileira Hashdex.
Em nota logo após a confirmação da aprovação, o CEO da Hashdex, Marcelo Sampaio, comemorou a notícia e disse que “mais que um grande avanço regulatório nos EUA, o lançamento do ETF Spot de Bitcoin representa uma conquista para todo o ecossistema de ativos digitais”.
Segundo a gestora, o lançamento dos ETFs valida o Bitcoin como um “ativo investível legítimo” aos olhos das instituições financeiras tradicionais, assim como também alinha o ecossistema cripto com a infraestrutura financeira já estabelecida, proporcionando um caminho robusto e regulamentado para a alocação de capital.
Exchanges também comemoram
Apesar de não atuarem com ETFs, as exchanges de criptomoedas também gostaram da notícia da aprovação dos fundos dado o impacto que esse evento tem na cadeia cripto como um todo.
“A aprovação pela SEC de 11 ETFs de bitcoin à vista é um divisor de águas para a expansão da criptoeconomia”, disse em seu blog a Coinbase, corretora que faz a custódia para vários dos ETFs lançados esta semana. “Os ETFs de bitcoin spot introduzidos pelos maiores gestores de ativos do mundo irão desbloquear grupos diversificados de novos investidores para estimular o crescimento a longo prazo e a inovação de produtos”.
Já Sebastián Serrano, CEO e cofundador da Ripio, reforça ainda que os ETFs fazem com que os investidores não precisem necessariamente entender da tecnologia e nem lidar com chaves privadas e custódia dos ativos, sem contar na maior liquidez e segurança que eles trazem por serem regulados.
“Estamos muito felizes com a listagem do ETF de Bitcoin. […] Isso marca um novo marco na trajetória do Bitcoin e abre as portas para clientes institucionais que, devido às regulamentações anteriores, não podiam ter exposição a criptomoedas, permitindo-lhes investir em Bitcoin. Certamente, veremos uma grande quantidade de fundos ingressando na indústria, o que gerará um fluxo considerável de capital e oportunidades para todos”, complementa Maximiliano Hinz, diretor de LatAm Growth da Bitget.
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