Entenda por que o GTA 6 provavelmente não terá criptomoedas

Especialista explica as razões pelas quais acredita que a Rockstar Games teme integrar elementos de GameFi ao novo GTA 6
Ilustração no celular do jogo game GTA 6 VI

Shutterstock

A Rockstar Games anunciou na quarta-feira (8) que o lançamento do primeiro trailer do GTA 6 (Grand Theft Auto 6) está marcado para acontecer em dezembro de 2023, o que levou os fãs do jogo ao delírio. No entanto, os fãs do GTA da comunidade cripto podem não ter algo a mais para comemorar, pois, ao que tudo indica, a nova versão do game não terá criptomoedas — e isso tem a ver com regulamentação.

Ao longo dos últimos meses, ganhou força boatos de que o próximo GTA teria um elemento GameFi, ou seja, que o jogo poderia ter sua economia baseada nas finanças descentralizadas, logo, movida por tokens. A Rockstar Games até o momento se absteve em comentar sobre o assunto.

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Esse tipo de economia provavelmente não estará no GTA porque surgiram algumas questões jurídicas sérias. A Rockstar, por exemplo, é uma desenvolvedora de jogos multibilionária com presença massiva nos EUA e possivelmente seria mais um alvo da SEC, a Comissão de Valores dos EUA.

“Minha visão preliminar está alinhada com a noção de que existe uma área legal cinzenta, substancial o suficiente para uma gigante como a Rockstar Games hesitar antes de integrar qualquer tipo de moeda virtual em seus jogos ou emitir uma própria”, disse ao CoinDesk o advogado John Montague, especialista em ativos digitais com escritório na Flórida.

Montague acredita que a Rockstar tenha hesitado especialmente devido às recentes e decorrentes posturas agressivas da SEC às empresas de criptomoedas. “Entendo o desejo deles de serem conservadores, e o risco/recompensa para seus acionistas pode simplesmente não existir”, analisou.

O especialista relembra que a SEC já abordou questões em torno do modelo GameFi em uma alerta de proibição dirigida ao projeto de jogos cripto Pocket Full of Quarters. Segundo ele, trata-se do único documento extrajudicial de proibição disponível sobre o assunto.

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No documento, ̣a SEC indica que os tokens de jogo com preço fixo não são valores mobiliários porque são usados ​​para utilidade na plataforma e não para investimento. O especialista explicou que embora não seja definitivo, esse é um fator-chave nas atuais considerações regulatórias.

Outro ponto observado é a relevância da fixação de preços nos mais diversos empreendimentos no setor cripto, o que pode ser questionável e potencialmente oneroso para os desenvolvedores de um jogo.

“Dada a evolução do DeFi e a natureza flutuante da criptomoeda, não acho que a fixação de preços seja um fator particularmente relevante e realmente apenas resulta em custos adicionais de desenvolvimento, API e custos de oráculo para desenvolvedores de jogos que integram estruturas tokenomics”, disse Montague.

Ele concluiu que a ambiguidade regulatória ainda impede os desenvolvedores de jogos de entrar no espaço das criptomoedas, o que considerou uma abordagem muito sensata até que a clareza regulatória seja alcançada.