Entenda para onde vai o Ethereum queimado nas transações

Mais de R$ 3,1 bilhões em ETH já foram destruídos desde o dia 5 de agosto
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Desde que o hard fork London do Ethereum foi ativado na rede principal no dia 5 de agosto, mais de R$ 3,1 bilhões em ETH já foram destruídos — isso equivale a 4.38 ETH saindo de circulação por minuto, segundo dados do ultrasound.money.

Tudo isso é possível graças à melhoria EIP-1559, que transformou como funciona o sistema de taxas da moeda. Ao invés do ether usado para custear as transações na rede irem para os mineradores como era feito desde que o projeto surgiu em 2014, todos os tokens passaram a ser destruídos.

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Retirar tokens de circulação é uma mecanismo importante para conter a inflação da moeda, cujo fornecimento é infinito. Mas afinal, como acontece a queima de Ethereum?

Destruição de tokens

De acordo com as características do EIP-1559 descritas no GitHub, as taxas básicas que são queimadas nas transações são destruídas de forma automática no momento da mineração.

“Quem destrói os ethers é o software que é executado pelos mineradores do Ethereum, ou seja, que faz a validação das transações e cria os blocos, não um smart contract. Mas na verdade não podemos dizer que os ethers são destruídos, eles são ‘retirados de circulação'”, explica a professora e desenvolvedora Solange Gueiros.

Ele aponta que os clientes de software como o Geth, utilizado por 74% dos nodes de Ethereum, enviam as taxas de forma automática para um endereço inacessível, o endereço 0x0.

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Essa é a principal estratégia utilizada por aqueles que querem tirar tokens de circulação para sempre. Por exemplo, quando o criador do Ethereum Vitalik Buterin quis se desfazer dos 410 trilhões de Shiba Inu (SHIB) que ele recebeu sem querer, ele enviou toda a quantia — que na época era o equivalente a US$ 6,7 bilhões — para o endereço 0xdead000000000000000042069420694206942069, tirando para sempre esses ativos de circulação. 

Todas as transações de ETH informam a quantidade de gas queimado durante a movimentação, de tal forma que é possível checar em agregadores como o ultrasound.money, ethburned.info e etherchain.org quantos tokens já foram destruídos desde a atualização do início do mês.

O impacto da queima de ether

Além do impacto positivo de conter a inflação da moeda — graças ao EIP-1559 pela primeira vez na história a taxa de emissão diária de Ethereum foi menor do que a de Bitcoin —,a atualização torna o ecossistema mais eficiente e as taxas mais previsíveis.

Antes da atualização, uma espécie de leilão determinava quais transações seriam agrupadas no próximo bloco. Os usuários que tinham pressa, pagavam taxas maiores na esperança de ter suas transações incluídas no próximo bloco.

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Esse sistema acabou se tornando problemático porque em momentos de grande atividade na blockchain, os mineradores, para aumentar seus lucros, priorizavam aqueles que pagavam as maiores taxas, tornando a rede lenta e cara para os usuários comuns.

Agora que o EIP-1559 está ativo, as taxas básicas são determinadas automaticamente pela rede. Também é mais fácil prever qual será a taxa do próximo bloco já que as taxas só podem aumentar e diminuir em 1,125x por cada bloco, reduzindo a volatilidade dos preços de gas.

Apesar de melhorar a eficiência da rede, a EIP-1559 não fez as taxas ficarem mais baratas de forma imediata. Afinal, a rede do Ethereum só é capaz de processar de 10 a 15 transações por segundo.

Na semana seguinte ao hard fork, as taxas do Ethereum bateram o nível mais alto em três meses e continuam subindo à medida que acontece uma renovação do hype dos NFTs.