Empresário explica como uma inovação levou o dinheiro digital para os confins da África

Em 2017, uma empresa de telefonia lançou um serviço financeiro móvel no Quênia
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Usuária do Mpesa no Quênia Foto: WorldRemit/Flickr

Há cerca de 15 anos, 86% da população do Quênia, na África, não tinha conta bancária. Se alguém precisasse enviar dinheiro para parentes em outras regiões, uma das únicas opções era colocar a grana em um envelope e pedir para algum motorista de ônibus levá-lo.

Tudo começou a mudar em 2007, quando a empresa de telefonia móvel Vodacom & Safaricom lançou o M-Pesa, um serviço financeiro móvel que permite a transferência de dinheiro por meio de mensagens de texto e – mais recentemente – de um aplicativo.

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“Foi uma revolução que levou serviços financeiros para a população até então desbancarizada”, disse ao Portal do Bitcoin o empresário queniano Jimmy Wambua, fundador da startup Hero Expeditions.

De acordo com Wambua, hoje pouco mais de 70% dos 52 milhões de habitantes do Quênia utilizam o M-Pesa, principalmente aquelas que vivem nas regiões rurais e afastadas. Cerca de 12 bilhões de transações foram feitas só em 2019.

“Todo um ecossistema foi criado ao redor da novidade”, disse.

É possível mandar dinheiro por meio de mensagens de texto ou do app. Antes da transferência, no entanto, a pessoa precisa ir até um agente autorizado – que pode ser um barbeiro, uma padaria ou um mercadinho – e depositar dinheiro vivo em troca de dinheiro eletrônico.

Após isso, é só enviar o dinheiro para o destinatário. Quando a pessoa recebe a transferência, basta ir a um outro agente perto dela para pegar o dinheiro vivo. Há pouco mais de 430 mil agentes autorizados a fazer as negociações.

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Criptomoedas no Quênia

No Quênia, é possível utilizar o M-Pesa até para comprar bitcoin na exchange p2p Paxful. Wambua falou, no entanto, que apesar de o dinheiro digital ter chegado ao país, o BTC e as criptomoedas ainda não são muito bem vistas por lá.

“O bitcoin não é compreendido pela população do Quênia. Além disso, por aqui há muitos esquemas de pirâmide financeira associadas a criptomoedas e, portanto, muitas pessoas vêem o BTC como um tipo de golpe”, falou.

Ele disse que alguns grupos do país têm feito seminários e palestras sobre o assunto, mas a população ainda precisa ser melhor educada sobre a tecnologia.

O empresário falou que o cenário do Quênia é diferente do visto na Nigéria, que está emergindo como uma verdadeira nação do bitcoin:

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“A situação do país não se compara a nossa. Além disso, a Nigéria foi a primeira nação da África a entrar no mercado online. Por isso, é normal que esteja mais aberta a assuntos de tecnologia”.