A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) firmou um contrato de convênio com a empresa BRy Tecnologia S.A. para a execução do projeto de pesquisa “Tempestividade em Blockchain”.
A empresa vai patrocinar a pesquisa que visa estudar a certificação do tempo em que as transações na Blockchain ocorreram, uma vez que esse é o problema dessa tecnologia descentralizada. O valor do investimento será de R$ 73.154,35.
Apesar de ter sido publicada no Diário Oficial da União (DOU) no último dia 29, a contratação, ocorreu em dezembro de 2018. O termo de convênio n° 2019/007 já está vigendo e deve se encerrar no dia 17 dezembro de 2019.
Darlan Vivian, o gerente de projetos da BRy, disse ao Portal do Bitcoinque apesar de o convênio já estar vigente, as pesquisas somente começarão em março desse ano por causa da agenda da Universidade.
Vivian explica que a intenção da empresa que trabalha com certificação e assinatura digitais nesse convênio é de encontrar uma solução para o problema que cerca da imprecisão sobre quando de fato uma operação ocorreu num bloco da Blockchain.
“A BRy busca desenvolver um produto que tenha essa integração da tecnologia e da assinatura digital na linha do tempo da Blockchain com a aplicabilidade que traga algo de novo”.
Incerteza da Blockchain
Apesar da imutabilidade e auditabilidade dos dados armazenados na Blockchain, a tecnologia não possui garantia sobre a tempestividade das transações.
“Muitas aplicações que poderiam usar a Blockchain para justamente registrar informações nela precisam de ter uma comprovação de data e hora”.
Isso ocorre porque a propagação de uma transação não é uniforme na rede e para aumentar ainda mais a incerteza sobre o tempo em que ocorreu a operação, a confirmação de qualquer transação em blocos. Assim, diz Vivian, só é possível deduzir data e hora presentes em cada bloco processado.
Ele critica as empresas que usam o nome da blockchain como se fosse um diferencial.
“Muitos dizem que tem a tecnologia vinculada a blockchain. Jogar a informação lá é fácil. O complicado é achar a aplicabilidade para ter essa integração”.
Carimbo do tempo
A BRy enviou um comunicado à imprensa no qual a empresa afirma que a pesquisa deve apontar soluções para transações em blockchain com o carimbo do tempo.
A questão é que há estudos mostrando que a precisão da data e hora do bloco pode variar até 10 minutos para mais ou menos em algumas blockchains.
Isso acaba tornando a tecnologia inaplicável em transações como pagamento de obrigações com prazo rígido como impostos e negociações em bolsa de valores ou lances em leilões eletrônicos.
A ideia da empresa patrocinar um grupo de pesquisa já era antiga, mas antes de se ter toda a aprovação teve de passar por alguns detalhes burocráticos.
A universidade Federal de Santa Catarina primeiro abriu um processo administrativo em setembro sobre o termo de convênio a ser formalizado pela empresa e a autarquia.
A aprovação do “Tempestividade em Blockchain” ocorreu por unanimidade no mesmo mês em que foi aberto o processo administrativo, segundo consta na ata da 27ª reunião ordinária do departamento de Computação da UFSC.
Após a aprovação do projeto, o conselho de curadores da instituição ainda emitiu uma resolução em dezembro tornando oficial a decisão que a própria Universidade tomou.
Trabalho de equipe
O projeto contará com uma equipe do Laboratório de Segurança em Computação da Universidade Federal de Santa Catarina (LabSEC-UFSC), que é especializado na área de segurança em computação.
Esse laboratório já desenvolve há anos pesquisa em certificação digital e dentre seus resultados estão os sistemas da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil), o qual homologa os serviços de “Carimbo no Tempo” e de “assinatura digital” da Bry.
A coordenação será conduzida pelo Prof. Martín Vigil. Doutor pela Universidade Tecnológica de Darmstadt (Alemanha), Vigil possui diversas publicações sobre sistemas de proteção a longo prazo de dados digitais.
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