Empresa argentina por trás de criptomoeda suspeita é alvo de busca e apreensão no Paraguai

Promotora não descarta participação de brasileiros no esquema Zoe Capital
seta vermelha de gráfico aponta para moeda dourada com rosto de caveira

Shutterstock

A Zoe Capital, uma controversa empresa da Argentina que criou uma criptomoeda chamada Zoe Cash, foi alvo de busca e apreensão da Polícia Nacional e do Ministério Público do Paraguai, no último dia 19, na capital Assunção. Na ocasião, foram apreendidos computadores, documentos e um grupo de pessoas que trabalhava no local também foi levado para prestar esclarecimentos.

Segundo a promotora Irma Llano, a empresa opera contratos de investimentos sem autorização dos órgãos reguladores, além de ser um esquema duvidoso. 

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“Consideramos que estamos diante de um esquema de fraude”, disse a procuradora paraguaia Irma Llano, em entrevista ao C9N no último dia 19. Segundo ela, as ofertas da Zoe Capital, que geralmente ocorrem pelas redes sociais, teriam que estar registradas na CNV e Banco Central do Paraguai.

Há pouco mais de um mês, a Zoe Capital virou notícia na Argentina após publicações sobre o negócio que diz gerar até 60% de lucro ao mês. No Paraguai, também no mesmo período, a  Comissão Nacional de Valores (CNV) emitiu um alerta sobre a empresa.

“É importante destacar que de acordo com a nossa lei do mercado de ações, a mesma deve estar regulada para oferecer esse tipo de produto aos cidadãos”, disse Llano, acrescentando que contratos feitos desta forma deixam o investidor sem a proteção do Estado.

Questionada sobre a quantidade de investidores paraguaios que formalizaram contratos com a Zoe capita, o procurador disse ainda não ter um número exato, mas que já localizou vários deles e de diferentes valores. “Teremos que prosseguir para analisar e processar toda a documentação apreendida”.

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MP não descarta participação de brasileiros

Llano disse ainda que no momento do cumprimento do mandado havia quatro pessoas no local. Quando ouvidas, elas disseram que não tinham conhecimento de que a Zoe Capital operava irregularmente no país. Eles também disseram que estavam ali dando treinamento aos paraguaios para obterem títulos acadêmicos na Argentina e ganhavam uma comissão sobre as vendas.

Mesmo que fosse a razão, a promotora disse que ainda estariam atuando sem autorização em solo paraguaio. Outro ponto, disse a procuradora, é que os verdadeiros responsáveis pelos funcionários aparentemente não estão no país.

“Podemos confirmar que a empresa tem sede na Argentina e também não excluímos a hipótese de que dentre eles existam pessoas de nacionalidade tanto argentina quanto brasileira”, disse Llana, que pediu colaboração dos investidores.

“Pedimos aos cidadãos que entregaram dinheiro à empresa que compareçam em uma delegacia de crimes cibernéticos para nos ajudar nas investigações”, disse a promotora, assegurando que até o momento nenhum dinheiro foi apreendido.

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Zoe Capital na Argentina

Em meados de setembro, a Zoe Capital virou assunto nas redes sociais  depois que o site de notícias Infobae divulgou a Zoe Cash, uma criptomoeda criada pelo grupo de coaches Generación Zoe que levanta suspeitas de golpe.

Uma denuncia foi postada no Twitter por um usuário que destacou trechos sobre o criador do negócio, chamado de “Generación Zoe”, criado pelo coach argentino Leo Cositorto. 

A publicação destaca que Club Deportivo Español vai pagar todos os funcionários com Zoe Cash, prometendo “um bônus extra” em criptomoedas aos jogadores caso eles vençam as partidas, uma ideia que partiu do criador da moeda.