Imagem da matéria: Em 2024, o mundo ainda odeia criptografia | Opinião
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Logo na segunda semana do ano, a dupla de rap Flayna Boss lançou seus primeiros tokens musicais. A experiência, porém, durou algumas horas, ou o tempo suficiente para a comercialização de apenas sete unidades. Após reação intempestiva dos fãs, o projeto foi imediatamente encerrado.

Nos comentários, uma enxurrada de críticas que só confirmam o quanto os ouvintes tradicionais ainda odeiam NFTs. O mantra da fraude está bem fresco na cabeça deles.

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Sem citar diretamente o episódio, o agente de Grimes, uma das artistas expoentes da cena de Web3 e inteligência artificial (IA), foi ao Twitter/X no dia seguinte para sacramentar: os NFTs musicais são um fracasso, assim como os colecionáveis musicais digitais.

A discussão acabou envolvendo outros entusiastas das tecnologias emergentes, entre eles Cooper Turley, um dos personagens mais proeminentes da criptografia e música. Ele não só concordou, como perguntou a Daouda Leonard como seria o próximo capítulo da música onchain.

É provável que os desdobramentos do caso Falyna Boss também motivaram Turley a admitir dias depois: o mundo odeia criptografia. Este foi o título do artigo escrito pelo insider e dono de um fundo de investimento para artistas emergentes da música onchain.

A nova máxima de um dos grandes influentes desta indústria acaba respingando nas outras frentes da cadeia. Todas as ponderações feitas abrangem, inevitavelmente, blockchain e Web3 e seus produtos, tidos como especulativos e inúteis até agora para uma maioria desentendida.

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O ensaio deve ser interpretado como um recado bem direto ao clã de entusiastas destas tecnologias: ou você está construindo para novas pessoas, ou prioriza um grupo experiente, a minoria do 1% (na sequência você compreenderá a estatística).

Cooper, inclusive, sugere que é preciso ser mais receptivo a novos usuários, de preferência sem os traços de fanatismo detectados em um típico discurso de conversão.

“(…) a interação da maioria das pessoas com os NFTs é feita por meio de pregações sobre seus méritos (semelhante a tentar ser convertido a uma nova religião) ou lendo sobre as dezenas de golpes que, muitas vezes, são as únicas histórias que entram em seus algoritmos.”

Destaquei os principais pontos expostos pelo especialista que ratificam o desinteresse e o repúdio do mainstream em relação às tais tecnologias emergentes.

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1- Os objetos físicos têm mais permanência e ainda faltam muitos anos para que o mundo virtual tenha um significado real na vida das pessoas, que valorizam a conveniência oferecida pela mídia social, a proximidade com as informações e o entretenimento

2-Mesmo que alguém dedique algum tempo para aprender sobre o mérito dos objetos digitais ou sobre a intenção por trás deles, comprá-los é um pesadelo

3-Para qualquer pessoa que possa estar interessada em mergulhar, é preciso desviar constantemente de dezenas de contas enlouquecidas do Twitter que tentam direcionar sua atenção para as coleções e tokens em que mais investiram

4-Um produto que não é capaz de atrair novos usuários não crescerá e, portanto, acabará deixando de existir. A decisão de se voltar mais intencionalmente para alcançar novos usuários ficará mais clara à medida que mais efeitos de rede começarem a se formar.

5-As empresas de criptomoedas ganham 99% do seu dinheiro com os usuários de criptomoedas e, portanto, todo o produto se concentra nas pessoas que já estão na cadeia

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Por ora, os elementos elencados estão imunes a qualquer contestação por parte dos entusiastas porque esta é realidade de um mercado insurgente que circunda a bolha dos 1%.

Abri o artigo trazendo propositalmente um case que envolve música por que sempre a vi com o maior potencial para dar contexto à criptografia. Ou, como disse o insider Maarten Walraven, ela é a máquina de criação perfeita para ser colocada em cima desta tecnologia.

Afinal, as pessoas se conectam à música para “encontrar significado, consolo e alegria.” Um ambiente totalmente contrastante quando comparado à zona cinzenta, abstrata e repleta de especulação inerente ao mundo das criptomoedas, tokens e a fins.

No fim, Walraven também pergunta o que vem a seguir. Antes de encontrar a resposta em um cenário repleto de incertezas, devemos seguir o conselho de Cooper: aceitar o fato de que as pessoas odeiam criptografia.

Depois, saber distinguir de uma vez por todas o que Chris Dixon, da a16z, pontuou acertadamente em seu recém-lançado livro “Read Write Own”, e que teve trechos destacados pelo perfil Musicben.

“Dezenas de milhões de pessoas ficam empolgadas com finanças, enquanto bilhões de pessoas ficam empolgadas com cultura, jogos, redes sociais e mídia.”

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Ou seja, a criptografia tem sido, principalmente, sobre finanças, enquanto a nova internet vem para quebrar paradigmas de como consumimos e nos relacionamos com a cultura em seu mais amplo contexto. E assim deve ser o entendimento se quisermos ultrapassar essa barreira intransponível até o momento.

Sobre o autor

Eduardo Mendes é consultor para cultura e inovação. Co-fundador da The Block Point (TBP), a primeira newsletter em português sobre Web3 no Brasil, ele é co-criador do Território Alvinegro, a plataforma que reúne as iniciativas digitais do Atlético-MG. Também foi responsável pelo primeiro case do uso de produtos digitais em um festival de live música no Brasil com a T4F, e desenvolveu o projeto piloto de Web3 da OneFootball no país com a TBP.

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