O bilionário Elon Musk voltou a expor sua preferência pela criptomoeda meme Dogecoin ao invés do Bitcoin durante a sua participação no último episódio do podcast de Lex Fridman que veio ao ar na terça-feira (28).
De acordo com Musk, o principal problema do bitcoin é que ele não é “ótimo” no ponto de vista de quantas transações suporta e o tempo que leva para processá-las na rede.
“Tem um problema fundamental do bitcoin, na sua forma atual, que é o seu volume de transação muito limitado e a latência para uma transação ser confirmada, o tempo é muito maior do que você gostaria”, explica o bilionário. “Talvez seja útil para resolver um aspecto do problema do dinheiro de reserva de riqueza ou contabilidade, mas não é útil como moeda do dia a dia”.
Neste quesito de moeda para ser usada como meio de pagamento é que a Dogecoin ganha do bitcoin na visão do empresário.
“Parte da razão que eu vejo um mérito na Dogecoin, mesmo que obviamente ela tenha sido criada como uma piada, é que ela tem uma capacidade de volume de transação maior do que o bitcoin e o custo das taxas são muito baixas. Se você quiser fazer uma transação de bitcoin agora, o preço seria muito alto, então você não poderia usar de forma efetiva para a maioria das coisas”, comparou.
Além de condenar a eficiência do bitcoin, Musk também criticou o fornecimento limitado de 21 milhões de token da moeda. Na sua visão, o problema de um ativo ser super deflacionário é que isso leva os investidores a segurá-lo ao invés de usá-lo como moeda de troca.
“Eu acho que tem algum valor em ter um aumento linear na quantidade de moedas que são geradas. Se uma moeda é muito deflacionária, ou melhor dizendo, se uma moeda tem expectativa de aumentar valor com o tempo, vai haver relutância em gastá-la. Mas se há uma diluição de moeda com o passar do tempo, tem mais incentivo em utilizá-la”, explicou.
Comunidade rebate argumentos de Musk
A preferência de Musk pela criptomoeda meme não é novidade, mas mesmo assim entusiastas do bitcoin rebateram os argumentos do bilionário.
Com relação a capacidade da rede, foi apontado que o bitcoin consegue processar transações de forma instantânea e quase sem custo por meio de soluções práticas, como a Lightning Network.
“Dogecoin tem um tamanho de bloco maior, sim, mas o Bitcoin tem ordens de magnitude mais transacionais através do uso da rede Lightning de segunda camada”, escreveu no Twitter Vijay Boyapati, autor do livro ‘The Bullish case for Bitcoin’.
Boyapati ressaltou que o tamanho relativamente pequeno do blockchain é uma característica fundamental para que a rede continue descentralizada e, também, muito importante para a imutabilidade do protocolo.
Outro argumento rebatido por Boyapati é que Dogecoin cobra taxa de transações muito menores. Na visão dele, isso ocorre porque a rede quase não tem uso transacional, não por causa de um design superior. “Bitcoin também cobrava taxas baixas quando ninguém estava usando”, apontou.
Dogecoin em Marte
Elon Musk também falou sobre outros assuntos relacionados ao universo de criptomoedas durante a sua passagem pelo podcast.
Quando questionado qual papel as criptomoedas teriam no seu plano de colonizar Marte e se os contratos inteligentes estariam nos seu radar, Musk brincou sobre ser “muito burro para entender contratos inteligentes”, ao mesmo tempo que negou que Dogecoin seria a moeda de sua escolha para ser usada no planeta.
“Marte precisaria de uma moeda diferente porque você não pode sincronizar devido à velocidade da luz, pelo menos não facilmente. […] Não sei se criptomoedas seriam alguma coisa em Marte, mas provavelmente sim, e seria algo local”, concluiu.
Apesar das críticas feitas ao bitcoin, Musk elogiou as criptomoedas como “uma abordagem interessante para reduzir o erro na base de dados chamada dinheiro”.
Na ocasião, ele também negou ser Satoshi Nakamoto, o criador do bitcoin. Quando questionado quem seria a figura misteriosa, Musk disse que obviamente não sabia, mas que Nick Szabo era o principal responsável pela evolução das ideias trazidas pelo bitcoin.