O economista André Lara Resende, um dos criadores do Plano Real, acredita que uma modernização do sistema econômico atual passaria pela criação de uma moeda digital do Banco Central (BC), conforme seu artigo ‘A crise da macroeconomia’, publicado pelo Valor Econômico no início do mês.
Resende falava sobre gastos públicos e da política fiscal como essencial para o bom funcionamento da economia, mas discorreu, principalmente, sobre o controle da moeda em uma gama de analogias.
Sobre inovação, Resende usou uma linha de raciocínio parecida como a do novo presidente do BC, Roberto Campos Neto, sugerindo que uma criptomoeda emitida pela instituição abriria caminho para um governo moderno e mais acessível.
Ele escreveu:
“A modernização do sistema, com redução de custos e grandes ganhos de eficiência no sistema de pagamentos, passaria ainda pela criação de uma moeda digital do Banco Central, que abriria o caminho para um governo digital e desburocratizado”.
Em sintonia com Banco Central
Em seu primeiro discurso como presidente do BC no dia 13 de março, Campos Neto falou sobre ações para deixar o Brasil bem posicionado em inovações tecnológicas, citando a tecnologia blockchain e as fintechs.
Da mesma forma que Resende fala em desburocratizar, Campos Neto acredita que a tecnologia blockchain tem um elevado potencial para deixar o sistema mais transparente e ainda tornar-se mais seguro.
Defende uma criptomoeda
Questionado pelo O Globo sobre o que seria realmente sua proposta de modernização do sistema monetário, Resende, primeiramente falou sobre uma tendência iminente de a moeda física se tornar irrelevante. Ele crê que os sistemas de pagamentos serão integralmente digitais.
O economista sugeriu:
“A criação de uma moeda digital do Banco Central, baseada nos chamados sistemas de Distributed Ledger Technology, ou DLT, dos quais o blockchain do bitcoin foi o precursor, substituiria a moeda papel com enormes vantagens”.
Com um sistema de pagamentos digital, o resultado, segundo ele, seria uma redução significativa no custo da dívida pública.
Moeda conversível
Assim como pensa Resende, Roberto Campos Neto também pretende tornar o mercado mais aberto a estrangeiros com uma eventual moeda conversível que sirva de referência para a região.
Um dos projetos do novo presidente do BC é criar condições para que a moeda brasileira possa ser livremente trocada em qualquer lugar do mundo. Para isso ele estuda a possibilidade de uma moeda conversível.
Para o ministro da economia, Paulo Guedes, que discursou na posse de Campo Neto, essa moeda seria como a criação de “um euro da região” da América do Sul.
Sobre André Lara Resende
Filho do escritor Otto Lara Resende, André Lara Resende é Phd em Economia. Foi criador do ‘Plano Arida-Resende’, que serviu de base para o Plano Real implantado em 1994.
Ele foi diretor do Banco Central e fez parte da equipe econômica que elaborou o Plano Real e logo assumiu o cargo de assessor especial da Presidência.
Posteriormente, ele assumiu a presidência do BNDES, em abril de 1998, durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso.
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