Dólar está fraco e em decadência no mundo

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(Foto: Shutterstock)

Quando falamos de reservas internacionais, o dólar surge como líder absoluto. Sem dúvidas, a moeda é a principal forma de armazenar riqueza por governos, além de referência para trocas entre diferentes países.

No entanto, este número caiu para o menor valor em 25 anos, atingindo 59% das reservas. Países como Rússia andaram vendendo seus títulos do tesouro norte-americano (Treasuries), e desta vez é a China que está liderando o processo.

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Se considerarmos o ouro como moeda, ficaria em 3º lugar com 15,5% das reservas. Ou seja, ao contrário do imaginário popular, não atua de lastro para as moedas fiduciárias. A situação fica ainda pior sabendo que os 10 maiores países possuem 75% destas 34,15 toneladas de ouro.

De qualquer forma, é inegável que o dólar está perdendo espaço neste cenário, e isso também pode ser verificado em sua cotação contra os pares internacionais.

O Dollar Currency Index (DXY) mede a cotação da moeda norte-americana em Euro, Libra Esterlina, Iene Japonês, Dólar Canadense, Coroa Sueca, e Franco Suíço. Repare como o índice está beirando o menor valor em 3 anos. Isso sinaliza desconfiança na recuperação econômica, pois as bolsas por lá estão na máxima histórica, e o desemprego em 6%.

Se a economia vai bem, por que o dólar perdeu valor? A resposta está justamente no anabolizante utilizado para manter a economia aquecida, os pacotes de estímulo de trilhões de dólares.

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A resposta está no gráfico acima: inflação. Os títulos de juros indexados atingiram o maior nível histórico, deixando claro que o mercado aposta numa alta generalizada de preços. Para um brasileiro, uma inflação de 4% ou 5% não assusta, mas nos países onde a taxa de juros básica é de 0,25% ou 0,5% ao ano, essa perda na renda fixa é bizarramente alta.

Se a inflação é muito superior à renda fixa, nenhum banco vai querer emprestar, e ninguém compra títulos do governo. Neste caso, são obrigados a elevar a taxa básica de juros, e, provavelmente, isso desestimula a economia. Isso eleva a necessidade de retorno para um projeto sair do papel, e aumenta o custo de rolagem de dívida das empresas.

Existe um mito de que os bancos centrais definem a taxa de juros, mas isso não existe. Quando esse indicador se distancia muito da realidade, o ajuste ocorre de outra forma, seja travando a economia, ou através do câmbio. O fato é que, em breve, o Federal Reserve será obrigado a aumentar juros, e aí, salve-se quem puder.

Por este motivo os países estão reduzindo as reservas em dólar, pois os Treasuries se tornaram uma “perda fixa” ante a inflação. Resta saber se as empresas e governos vão arriscar outra moeda fiduciária, ouro, ou partir de vez pro Bitcoin.

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Sobre o autor

Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Desde maio de 2017, faz arbitragem e trading de criptomoedas.