Fundador Terraform Labs Do Kwon
(Foto: Divulgação/Medium)

O sul-coreano Do Kwon, polêmico criador do ecossistema Terra que entrou em colapso em maio e levou a zero as criptomoedas LUNA e UST, resolveu quebrar o silêncio ao dar uma entrevista ao repórter Zack Guzman para a plataforma Coinage.

Esta é a primeira vez que Kwon fala sobre os problemas da Terraform Labs. O vídeo da entrevista foi disponibilizado apenas para assinantes da Coinage, cujo acesso exige a compra de um NFT. No texto de abertura, intitulado “Episódio zero” e postado nesta segunda-feira (15), o repórter Guzman descreve:

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“Três meses atrás, Do Kwon era um multibilionário no papel. Ele tinha um milhão de seguidores no Twitter. E ele comandava um extenso império de criptomoedas com valor próximo de US$ 100 bilhões”. E continua:

“Sua stablecoin algorítmica UST, criada por sua empresa Terraform Labs (TFL), teve os investidores mais cobiçados da criptomoeda fazendo fila para lhe dar seu dinheiro. O crescimento astronômico do ecossistema Terra foi sem precedentes. Se sobrevivesse, estava prestes a se tornar a espinha dorsal de toda a economia descentralizada.”

Em uma semana do mês de maio, concluiu a abertura, “a confiança do mercado em Do Kwon foi a zero, o UST caiu e o império de Kwon se desfez em pó. Os investidores então viram suas economias desaparecerem, vidas foram arruinadas, fortunas foram perdidas”, descreve Gusman.

Na entrevista, Kwon disse que acredita que havia um insider na Terraform Labs que aproveitou as informações sobre as vulnerabilidades do protocolo para lucrar, mas não citou nenhum nome. Ele conta que alguns traders desconhecidos venderam US$ 200 milhões em UST dentro de 13 minutos do desequilíbrio de liquidez, antes do UST perder a paridade com o dólar na manhã do dia seguinte.

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“Eu estava em Singapura. Acordei de manhã e o pool da Curve estava desequilibrado porque alguém havia feito uma negociação muito grande… O Twitter estava cheio de especulações sobre o UST. E minha primeira reação é, você sabe, isso já aconteceu antes… Falei com algumas pessoas no Twitter, voltei a algumas mensagens do Telegram e, você sabe, não tomei muita ação naquele momento”, disse Kwon.

“Somente eu sou responsável”

Do Kwon disse também que se sentiu impotente de conter o ataque enquanto sua equipe executiva estava voando para Singapura para participar de uma reunião trimestral na sede da Terraform Labs. Kwon admitiu que a ausência dos principais executivos do Terra foi devido a um compromisso oficial programado e cujas informações eram privilegiadas. No entanto, ele assume a culpa por tudo que aconteceu: “Eu, e somente eu, sou responsável”.

Kwon disse que quando a ficha caiu ele tachou sua confiança no projeto Terra como ”super irracional”. “Nunca pensei no que poderia acontecer comigo se isso [Terra] falhasse”, disse Kwon.

Kwon também afirmou que Terra não era um esquema Ponzi, já que os primeiros investidores estavam entre os mais atingidos pelo crash — ele quis dizer que numa pirâmide financeira os últimos entrantes é que são os primeiros prejudicados quando o esquema quebra.

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Vale lembrar que o empresário enfrenta processos em alguns países por conta dos prejuízos causados a investidores que mantinham LUNA e UST, cujas versões antigas foram renomeadas para Terra Luna Classic (LUNC) e Terra Classic USD (USTC), respectivamente.

O repórter que entrevistou Do Kwon, disse que também perdeu seus investimentos durante o crash. “Quando Kwon estava no auge de seus poderes no ano passado, a Terraform Labs tornou-se um investidor na empresa controladora da Coinage. Enquanto isso, eu já havia comprado tokens UST e LUNA e segurei os dois durante o colapso. Ou seja: perdi quase tudo naquela semana também”, disse.

Entendendo a implosão do Terra

Em maio o UST, antes a terceira maior stablecoin da indústria e pertencente ao ecossistema Terra, perdeu sua paridade ao dólar e nunca o recuperou.

Diferente de stablecoins populares, como USDT da Tether e USDC da Circle, a stablecoin algorítmica do Terra não tinha lastro em uma moeda fiduciária. Algoritmos e contratos inteligentes operavam sua paridade ao dólar. O que mantinha a paridade do UST ao dólar era uma negociação de arbitragem entre a UST e LUNA, o token nativo do projeto.

Toda vez em que o UST perdia sua paridade ao dólar, ficando abaixo de US$ 1, usuários poderiam comprar o UST com desconto, convertê-la (e queimá-la, removendo-a de circulação) para obter US$ 1 em LUNA e vice-versa.

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Quando a paridade ao dólar do UST caiu rapidamente, esse mecanismo se desfez, resultando no drástico aumento na oferta de LUNA, fazendo seu valor despencar 100%.

Após a queda, Do Kwon, o cofundador e CEO da Terraform Labs, propôs implementar uma nova blockchain e renomear a existente como Terra Classic. 

No dia 20 de junho, a Promotoria de Justiça de Seul, capital da Coreia do Sul, proibiu de deixar o país todos os ex-funcionários da Terraform Labs.

Um mês depois, autoridades sul-coreanas fizeram varreduras presenciais na sede de diversas exchanges, incluindo a Upbit, líder do mercado cripto local.

A operação foi parte de uma investigação maior que apura se houve fraude nos eventos que levaram à queda das criptomoedas LUNA e UST e ao colapso do ecossistema Terra como um todo. Dois dias depois foi a vez do cofundador da empresa, Daniel Shin, receber uma visita da polícia em sua casa na capital Seul.

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