O Bitcoin está ficando mais mais fácil de ser minerado — devemos nos preocupar?
Dados do BTC.com mostram que a dificuldade de mineração do Bitcoin caiu quase 6%, para 83,1 trilhões, no ajuste de quarta-feira (8).
Quanto maior a dificuldade de mineração — medida pela energia e pelos recursos que os mineradores usam para manter a rede segura — mais difícil é atacar a blockchain. Uma queda na dificuldade, portanto, não é um bom sinal. Mas ela é esperada, pelo menos a curto prazo.
“Se não houver margem suficiente para que os mineradores obtenham lucro, eles desligam suas máquinas, o que faz com que a taxa de hash [hashrate, o poder computacional dedicado a rede] caia”, disse Nick Hansen, CEO do pool de mineração Luxor, ao Decrypt.
A “taxa de hash” refere-se à velocidade com que um minerador produz hashes — o processo de descriptografar dados. Esse modelo é conhecido como proof-of-work, um diferencial importante para o Bitcoin.
No mês passado, o Bitcoin passou por um evento quadrienal, o halving. A atualização reduziu as recompensas dos mineradores pela metade, de 6,25 BTC para cada bloco processado para 3,125 BTC.
Os mineradores — que geram novas bitcoins e mantêm a rede funcionando por meio do processamento de novas transações — agora precisam trabalhar mais para permanecer no jogo. E com recompensas menores e um trabalho mais árduo, muitas dessas empresas de mineração estão fechando as portas.
Nishant Sharma, fundador da BlocksBridge Consulting — uma empresa de pesquisa e estratégia de comunicação dedicada ao setor de mineração de Bitcoin — disse que isso é o que geralmente acontece depois de um halving.
“Após um evento como esse, a queda nas recompensas leva os mineradores menos eficientes a desconectar suas máquinas”, disse ele. “Esse recurso de autoajuste favorece operações mais enxutas, já que os que continuam operando recebem recompensas maiores devido à dificuldade reduzida”, disse Sharma.
Scott Norris, CEO da empresa de mineração Optiminer, concordou: “Essa é uma ocorrência normal após um halving e é saudável para a rede e para os mineradores bem posicionados”, disse ele.
“Os que se planejaram adequadamente crescerão ou os que se desligaram adquirirão tecnologia mais nova e encontrarão energia mais barata enquanto todos esperam que o preço reflita o halving”, acrescentou Norris. “De qualquer forma, a rede continuará a crescer.”
O preço do Bitcoin também está desempenhando um papel na queda da dificuldade de mineração: o ativo digital atingiu um novo recorde histórico de US$ 73.737 no mês passado, mas hoje está em US$ 62.506, uma queda de 15%, de acordo com o CoinGecko.
Se o preço do ativo fosse mais alto, a mineração do criptoativo seria mais lucrativa, as recompensas para os mineradores seriam maiores e mais empresas de mineração conseguiriam se manter no negócio. Mas o declínio do preço do BTC torna isso mais difícil, agravando os efeitos do halving.
Ainda assim, Norris diz que isso não é uma surpresa, nem a calmaria no mercado. “É sempre assim que acontece”, disse. “Historicamente, será no final do ano que veremos um grande aumento no preço [do Bitcoin].”
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.
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