Desvendando o futuro do compliance contra crimes financeiros na era das criptomoedas | Opinião

Mesmo com profissionais qualificados e tecnologia especializada, navegar num cenário de compliance contra crimes financeiros em constante mudança é um desafio
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(Foto: Shutterstock)

A ascensão das criptomoedas trouxe um novo conjunto de riscos ao ecossistema financeiro. Em comparação com a indústria tradicional de serviços financeiros, o uso da criptomoeda como forma de pagamento ainda está em seu estágio inicial.

A criptomoeda introduz novas formas de ativos digitais, plataformas financeiras descentralizadas (DeFi), tokens não fungíveis (NFTs) e projetos inovadores de blockchain. Negócios como exchanges de criptomoedas e carteiras digitais enfrentam desafios constantes para se manterem à frente desses desenvolvimentos e alinhar suas práticas de compliance.

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A criptomoeda permite que os usuários façam transações sob pseudônimo, colocando um desafio na identificação das verdadeiras identidades dos usuários. Os criminosos podem explorar esse anonimato para se envolverem em lavagem de dinheiro, fraude ou outras atividades ilícitas sem identidades facilmente rastreáveis. As regulamentações na indústria de criptomoedas também estão em estágio inicial, o que pode levar os usuários a negociarem sem passar pelas devidas verificações de identidade.

Por outro lado, mais varejistas estão começando a aceitar criptomoedas como pagamento de compras. O crescente uso global de criptomoedas para pagamentos está impulsionando a necessidade de medidas abrangentes de compliance contra crimes financeiros.

Desafios emergentes

A regulamentação das criptomoedas carece de um padrão universal e as regulamentações existentes variam amplamente de uma jurisdição para outra. Esta falta de padronização cria desafios de compliance para exchanges que operam internacionalmente ou atendem clientes de diversas regiões.

Com moedas, tokens e projetos de blockchain emergentes, os reguladores estão tentando alinhar as operações de criptomoeda com novas leis e regulamentações, mas isso também adiciona desafios extras para os profissionais de compliance acompanharem.

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Diversas redes de criptomoedas e blockchain apresentam níveis distintos de transparência, complicando o rastreamento de transações em vários blockchains. Esta complexidade representa um desafio para exchanges e reguladores no monitoramento e identificação eficazes de atividades suspeitas que envolvem múltiplas criptomoedas ou redes blockchain.

Mesmo com profissionais qualificados e tecnologia especializada, navegar num cenário de compliance contra crimes financeiros em constante mudança é um desafio. A introdução da criptomoeda nesse contexto complica ainda mais o compliance e aumenta as despesas. Os custos com mão de obra, por exemplo, tornaram-se um componente substancial do aumento das despesas, com mais de 50% das despesas globais com compliance alocadas a despesas relacionadas ao trabalho.

A ascensão da análise de Blockchain

As instituições financeiras são obrigadas a realizar o monitoramento das transações como um requisito regulatório, uma vez que desempenha um papel crucial na prevenção à lavagem de dinheiro. No entanto, as transações de criptomoedas ocorrem fora destas instituições, obrigando as empresas e negócios a adotarem novas abordagens ou ajustar os esforços de monitoramento.

Alguns sugerem que os ativos digitais têm contribuído para os crimes financeiros, incluindo fraude, suborno, financiamento do terrorismo e outras transações ilícitas. Os reguladores de todo o mundo têm intensificado os esforços para combater a lavagem de dinheiro e reforçar os controles de Prevenção à Lavagem de Dinheiro (PLD) nos últimos anos.

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Em resposta às complexidades apresentadas pelas regulamentações de PLD, observamos a adoção de análises de blockchain, que rastreiam o fluxo de criptomoedas e identificam indivíduos ou entidades envolvidas em transações suspeitas.

Ao analisar dados de blockchain, as exchanges de criptomoedas e os órgãos reguladores podem descobrir padrões indicativos de atividades ilícitas. Estes padrões incluem a transferência de grandes somas de dinheiro, transações recorrentes com o mesmo endereço e envolvimentos com entidades anteriormente ligadas a comportamentos criminosos.

Uma nova abordagem

Muitas exchanges de criptomoedas estão implementando múltiplos sistemas e soluções para enfrentar esses desafios. No entanto, depender de vários sistemas e dados isolados pode resultar em custos de compliance e cargas de trabalho mais elevados se as empresas não conseguirem adotar uma visão holística para avaliar os riscos, ao mesmo tempo que cumprem os requisitos de compliance em constante evolução e as expectativas dos clientes.

Os métodos tradicionais de gestão de riscos tendem a dificultar o ritmo da tomada de decisões e a agilidade necessária para acomodar as mudanças nos requisitos regulatórios e a evolução das expectativas dos clientes.

Além disso, os esforços combinados de várias equipes para integrar clientes e monitorar transações consomem uma quantidade significativa de tempo e recursos, prolongando potencialmente os processos.

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Para enfrentar de forma eficaz estes desafios, muitas exchanges de criptomoedas estão adotando uma abordagem baseada no risco com tecnologia de orquestração de riscos.

A orquestração de riscos está ganhando força rapidamente como uma alternativa progressiva aos produtos isolados de gestão de riscos. Desde a integração do cliente até a due diligence, as exchanges podem obter uma visão mais completa de seus clientes e tomar decisões de negócios bem informadas.

Explorando a orquestração de riscos

Nos últimos anos, empresas do setor de análise, como Datos Insights e Gartner, definiram a orquestração de riscos como uma forma de gerenciar riscos e obrigações de compliance. A orquestração de riscos não apenas melhora o screening de transações, mas também mitiga os riscos regulatórios, ao mesmo tempo que proporciona uma experiência perfeita ao cliente.

A orquestração capacita as empresas, incluindo as exchanges de criptomoedas, a gerenciar riscos e combater atividades fraudulentas conectando diversas ferramentas, tecnologias e dados e permitindo que trabalhem juntas de forma coesa em fluxos de trabalho de compliance e fraude.

As empresas que utilizam a orquestração podem tomar decisões mais confiantes e melhorar as experiências dos clientes, ao mesmo tempo em que reduzem custos e alcançam níveis mais elevados de produtividade através de uma tomada de decisão de risco mais rápida.

Um programa que não só satisfaça os requisitos regulatórios, mas também se alinhe com os objetivos específicos do negócio, pode proporcionar valor às exchanges a longo prazo. Espera-se que a orquestração de riscos desempenhe um papel significativo para ajudar as organizações a navegar pelas expectativas regulatórias globais em constante evolução e pela rápida digitalização das transações.

Sobre a autora

Eloise Faria é gerente de estratégia de compliance contra crimes financeiros LATAM da LexisNexis Risk Solutions.