Deputado George Santos, que foi patrocinado pela FTX, é preso nos EUA

Filho de brasileiros, o republicano de Nova York é acusado de fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e roubo de fundos públicos
Imagem da matéria: Deputado George Santos, que foi patrocinado pela FTX, é preso nos EUA

Deputado George Santos em vídeo no Instagram (Reprodução)

O deputado americano George Santos, que é filho de brasileiros e já morou no Rio de Janeiro, foi preso na manhã desta quarta-feira (10) por autoridades de Nova York, nos EUA, sob acusações de fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e roubo de fundos públicos. Como candidato ao Congresso em 2022, Santos, que é a favor das criptomoedas, recebeu dinheiro para campanha da falida corretora de criptomoedas FTX.

“Esta acusação visa responsabilizar Santos por vários supostos esquemas fraudulentos e descaradas deturpações”, disse a promotoria. Conforme descreve o DoJ em um comunicado, os promotores acusam o deputado de ter usado a política para enriquecer.

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“Ele usou contribuições políticas para encher os bolsos, solicitou ilegalmente seguro desemprego, que deveria ter ido para os nova-iorquinos que perderam o emprego devido à pandemia. E mentiu para a Câmara dos Deputados”, diz outro trecho da acusação.

O diretor do FBI, Michael J. Driscoll, disse que a prisão de Santos expressa o comprometimento das autoridades americanas em tratar igualmente todos ​​perante a lei. “O deputado Santos cometeu crimes federais e agora será forçado a enfrentar as consequências de seus atos”, ressalta Driscoll.

De acordo com o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ), Santos será indiciado ainda no dia de hoje, quando deverá enfrentar a juíza Arlene R. Lindsay, no Tribunal Federal de Islip, a quarta maior cidade de Nova York.

No início deste ano, registros da FEC, a comissão eleitoral dos EUA, Santos teve uma campanha bem-sucedida no ano passado, provida de generosas doações da FTX. Na época, os valores ultrapassaram o limite de doações feitas por vários funcionários da corretora.

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As doações feitas a Santos por executivos da FTX fazem sentido, dado à visão positiva do candidato ao mercado cripto. No entanto, o porquê de eles terem contribuído ao máximo para a campanha não ficou claro desde então.

Após ser eleito representante político de Nova York nas eleições de 2022, veio à tona uma série de mentiras sobre suas origens e formação curricular.

Santos disse aos eleitores que se formou no Baruch College, onde foi uma estrela do vôlei, antes de obter seu MBA na NYU; nenhuma das universidades tem qualquer registro de que ele tenha frequentado. Ele diz que trabalhou na Goldman Sachs e no CitiGroup; ambas as empresas nunca ouviram falar dele.

George Santos

Na campanha eleitoral, Santos teceu histórias sobre a angustiante fuga de seus avós da Europa durante o Holocausto e a morte de sua mãe no World Trade Center em 11 de setembro. Santos não é judeu e seus avós nasceram no Brasil (mais tarde ele disse ao New York Post que nunca afirmou ser judeu, apenas “judeu”); sua mãe não estava nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001.

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Santos se apresentou durante sua campanha para o Congresso como um empreendedor que agora possui uma pequena fortuna. Apesar de sua aparente falta de uma carreira em Wall Street, ele afirmou em formulários de divulgação financeira de sua campanha de 2022 ter ganho entre US$ 3,5 e US$ 11 milhões nos últimos dois anos.

Em 2020, Santos trabalhou, de fato, para a empresa de investimentos da Flórida, Harbor City Capital, que logo depois foi acusada pela Comissão de Valores Mobiliários de administrar um esquema Ponzi de US$ 17 milhões.

A origem de centenas de milhares de dólares usados por Santos para alimentar sua campanha ainda é desconhecida. Pelo menos uma parte desses fundos de campanha, agora pode ser confirmado, veio dos escalões superiores da FTX.

Diante das acusações, Santos se recusou a renunciar ao Congresso, apesar dos repetidos apelos de organizações republicanas locais.