Criptomoedas vivem caos na Venezuela com fechamento de corretoras e de operações de mineração

Medidas ocorrem em meio a uma investigação contra participação dos reguladores nacionais em escândalo de corrupção; exchange nega encerramento dos negócios
Bandeira da Venezuela

Shutterstock

A situação para os investidores de criptomoedas na Venezuela tem sido tudo menos tranquila nos últimos dias.

Após a prisão de Joselit Ramirez – principal regulador de criptoativos da Venezuela – e a ordem do presidente Nicolás Maduro de reestruturar a agência estatal de moedas digitais do país, na semana passada, todos os dias trazem más notícias para o mercado cripto nacional.

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O novo Superintendente de Criptoativos está aparentemente insatisfeito com a forma como a indústria se desenvolveu e ordenou o fechamento de todas as corretoras que possuem registro na Venezuela junto à Sunacrip (Superintendência Nacional de Criptoativos da Venezuela, o regulador cripto do país.

Embora a mudança drástica não tenha sido oficialmente confirmada, a Associação Nacional de Criptomoedas (Asonacrip) da Venezuela disse ao Decrypt que tais ações estão ocorrendo, enquanto o país avança em uma investigação anticorrupção que até agora cortou as cabeças tanto de Joselit Ramirez e seu protetor político Tareck el Aissami, Ministro de Energia e Petróleo.

“Acreditamos que as empresas privadas não devem ser culpadas pelo que está acontecendo dentro do órgão regulador e que devemos promover as operações de criptomoeda (no país)”, disse Jose Angel Alvarez, presidente da Asonacrip.

Alvarez acrescentou que “estamos preparando uma lista de propostas a serem entregues em breve à Sunacrip e à Dra. Anabel Pereira”. Ela é a nova responsável pela Sunacrip.

A Asonacrip iniciou uma pesquisa pública para que os usuários de criptomoedas na Venezuela possam fornecer informações sobre as recomendações que serão entregues ao conselho de intervenção da Sunacrip.

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Pouco antes da repressão, também foi anunciado que a Sunacrip também ordenou o fechamento de grandes operações de mineração de criptomoedas, que operam em vários estados da Venezuela.

“De fato, no início da semana, no estado de Carabobo, todas as fazendas receberam ordens de parar, o que nos preocupa como comunidade, já que algumas filiais estão sendo afetadas pela medida”, disse Alvarez.

#URGENTE nos confirman que apagaron todas las granjas permisadas y con licencia del Estado Lara. Recordemos que estas empresas pagan mes a mes impuestos y generan empleos. Hacemos llamado a @sunacrip_ve para la pronta reactivacion.

— Asonacrip (Asociación Nacional de Criptomonedas) (@AsonacripVe) March 24, 2023

Até agora, a Asonacrip confirmou o fechamento de fazendas de mineração nos estados de Carabobo, Lara e Bolívar.

A Asonacrip pediu o fim dessas ações, observando que a grande maioria das operações de mineração estava operacional e cumpria todas as licenças necessárias. “Acreditamos que, embora haja uma situação na superintendência, ela não deve afetar as operações de todas as fazendas no nível regional”, disse Alvarez.

Nova era para as criptomoedas na Venezuela

O curso recente dos eventos representa uma virada de 180 graus em relação aos anos anteriores, quando o presidente Maduro pediu a promoção de criptomoedas como ferramentas para reativar a economia da Venezuela.

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Nesse período, o governo legalizou as criptomoedas, criou sua própria criptomoeda oficial – o Petro, estabeleceu um marco regulatório para a mineração, institucionalizou o registro de trocas de criptomoedas e iniciou esforços para reduzir a perseguição a negociadores e mineradores, que eram vistos como operadores em um mercado paralelo de divisas.

No entanto, a centralização do poder em Sunacrip também abriu as portas para novas formas de corrupção. Atualmente, está sendo investigada a participação da Sunacrip como nó organizador no desvio de recursos da venda de petróleo.

Já existem relatos de irregularidades circulando nas redes sociais, como executivos de alto escalão do governo possuindo fazendas de mineração de criptomoedas, tráfico de influência, detenções arbitrárias e confisco de equipamentos.

Além do mais, durante este período, o Petro foi alterado de uma criptomoeda baseada em Ethereum, auditável e descentralizada, para um token centralizado e não auditável, com sua própria blockchain e nenhum suporte tangível em petróleo.

Cryptobuyer nega os rumores

O CEO da Cryptobuyer Venezuela, Eleazar Colmenares, divulgou um vídeo na noite de 24 de março, desmentindo os rumores de que a Sunacrip havia ordenado o fechamento de todas das plataformas de câmbio de criptomoedas no país. A Cryptobuyer é uma plataforma registrada com Sunacrip.

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“Queremos esclarecer que o anúncio feito ontem em nossas redes sociais refere-se ao não funcionamento temporário de nosso serviço de gateway cripto-fiat devido ao processo de transição realizado pelas autoridades competentes”, disse Colmenares em comunicado divulgado pela Globovisión News.

“É importante enfatizar que a Sunacrip não ordenou a cessação das operações de nenhuma bolsa venezuelana”, acrescentou.

O esclarecimento feito por Colmenares refere-se a um comunicado no qual eles enfatizaram que “cumprindo ordens emitidas por nossa entidade reguladora sobre criptoativos Sunacrip… nossas plataformas não estarão operacionais temporariamente”.

⚠️¡ATENCIÓN! Información de interés.⚠️

Estimados Cryptobuyers, les hacemos llegar el siguiente comunicado.#CryptobuyerVenezuela sigue trabajando en pro del desarrollo del ecosistema cripto en #Venezuela. pic.twitter.com/afLf0jrHyc

— Cryptobuyer Venezuela (@cryptoB_latam) March 23, 2023

No dia seguinte, e junto com a declaração de Colmenares, o Cryptobuyer publicou um novo tweet, dizendo que “em nenhum momento a Sunacrip ordenou o cessar das operações como foi deturpado em alguns meios de comunicação”, ao mesmo tempo em que alegou que a entidade estava fornecendo a eles “total apoio” para sua continuidade operacional.

👉¡Atención! 👈

🙌Aclaratoria.

A toda la comunidad cripto del país.
👇 pic.twitter.com/OkCEmvZ8GH

— Cryptobuyer Venezuela (@cryptoB_latam) March 24, 2023

Até agora, no entanto, a Sunacrip não fez uma declaração oficial para esclarecer a confusão ou definir um roteiro para os planos dos novos diretores em relação aos usuários de criptomoedas, comerciantes, mineradores e exchenges.

Segundo declarações da advogada venezuelana Ana Ojeda Caracas, as medidas são aparentemente temporárias. Mas o silêncio de Sunacrip só aumenta a incerteza no cenário cripto venezuelano.

*Traduzido com autorização do Decrypt.