Criptomoedas estão no radar do Banco Central, diz Gabriel Galípolo

Diretor do Banco Central disse estar atento a temas que podem afetar a inflação, como criptomoedas e bets
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Diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo (Foto Lula Marques/ Agência Brasil)

O diretor de Política Monetária do Banco Central e principal nome cotado para assumir a presidência da instituição, Gabriel Galípolo, afirmou que criptomoedas e as apostas online, ou bets, estão no radar do BC, assim como outros temas que aumentam a volatilidade global.

Galípolo disse que não há clareza do impacto das criptos e bets sobre a inflação, o que aumenta a postura de “cautela” do BC, conforme reportou a Folha de S. Paulo. A fala ocorreu durante o Warren Day, evento com investidores em São Paulo, em que ele tratou principalmente sobre aumento de juros no país.

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“Uma questão que parece anedótica, mas que vem crescendo bastante, é a questão das chamadas bets, os jogos de apostas. Muita gente grande apresentando explicação por ali para entender o hiato que a gente vê entre o crescimento da renda que não aparece nem no crescimento do consumo nem no crescimento da poupança”, disse o diretor.

Há alguns anos, o Banco Central adota a postura de divulgar dados de importação e exportação de criptomoedas em seu relatório mensal sobre o setor externo, assim como na balança comercial, mas ainda é visível a dificuldade de contabilizar esses dados e entender seu impacto na economia.

Em junho, a autoridade monetária anunciou mudanças na forma como considera essas informações, seguindo recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI), o que reduzirá o déficit da conta corrente em US$ 19 bilhões. Nesse modelo, a importação de criptoativos sem emissor deixará de ser contabilizada na balança comercial e passará a ser registrada na conta de capital.

Sobre os juros, diferentemente do que o mercado interpretou na ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), uma possível alta segue na mesa. “Talvez em algum momento, quando se colocou o cenário alternativo (…), foi lido como retirar da mesa a possibilidade de alta. E isso não é a realidade do diagnóstico do Copom. A alta está na mesa, sim, do Copom”, disse Galípolo.

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BC de olho na tokenização

Já no evento Finance of Tomorrow (FoT), no Rio de Janeiro, Otávio Damaso, diretor de Regulação do BC, afirmou que a tokenização será o grande “drive” da transformação financeira no país.

Apesar de dizer que não acredita no conceito de finanças descentralizadas (DeFi) “pura”, o diretor ressaltou que a tokenização será ferramenta fundamental para a evolução do mercado, segundo informações do jornal O Globo.

“Com uma quantidade de projetos que são apresentados no BC, temos ideias interessantes, alargando o período regulatório e trazendo outros ativos não financeiros para o centro do debate”, afirmou ele.

Além disso, Damaso defendeu também a importância do Drex, o real digital, como uma ponte entre as finanças tradicionais e o DeFi: “O Banco Central tem apostado no Drex justamente por esse motivo: criar um elo robusto entre as finanças centrais e as finanças descentralizadas”.