A promessa de “eldorado” de 30% de retorno sobre o capital aos associados da Opus Investimentos acabou. A empresa, sediada em Ijuí (RS) e criada pelo empresário Guilherme Baptista, admitiu que não possui mais dinheiro suficiente para realização dos pagamentos.
Baptista atribuiu a quebra da Opus a falhas dele próprio, mas pediu um “voto de confiança” da rede para reerguer o negócio com o que ainda resta de recursos.
Em áudios de Baptista aos quais o Portal do Bitcoin deve acesso, Baptista fala a lideranças e demais investidores sobre a falta de capital. Segundo ele, há somente R$ 6 milhões em caixa para manter a empresa rodando, valor insuficiente para remunerar os cerca de 20 mil investidores da Opus.
Em outra mensagem de áudio, dirigida à rede, Baptista pede desculpas e dá a entender que ele e outros líderes têm sido alvo de ameaças por parte de investidores insatisfeitos – de ações judiciais a injúrias físicas contra ele e familiares.
“Aos associados Opus, mais uma vez presidente Guilherme com vocês. Primeiramente queria pedir desculpas pela situação que estamos vivendo (…). A responsabilidade é toda minha. Sei que temos dentro da Opus vários líderes que estão sendo até ameaçados. No intuito de tentar preservar as pessoas eu não passei nem para a liderança a situação complicada que estávamos vivendo. Eles não tem responsabilidade alguma.
Em sua defesa, Baptista diz que sofreu um golpe de pessoas desonestas. Ele ainda afirma que “já há um plano para reestruturação” da empresa e que vai restituir os valores devidos.
“Sou uma pessoa honesta”
Segundo Baptista, a situação “só vai piorar” caso ele sofra qualquer tipo de impedimento.
“Se fizerem alguma coisa no estilo ação judicial, Polícia Federal, como já vi ameaças dentro de grupos, se isso tudo acontecer os órgãos vão bater em cima. A empresa vai ser impedida de trabalhar, muito provavelmente vão me enquadrar como um estelionatário e aí meu destino vai ser selado dentro de uma cadeia. Tudo para e todos perdem”.
Em outro áudio, já num tom menos defensivo, Baptista diz que é uma pessoa honesta e que, se tiver um voto de confiança da rede, vai reverter os prejuízos.
Investidores lesados
Poucos dias antes da confissão de quebra da Opus, o discurso de Baptista era outro, de euforia.
No último dia 8, um domingo, Baptista anunciou um lote de investimentos em condições especiais – o último com rendimentos de 30% a 35%. Dois dias depois, declarou que a empresa não tinha recursos para realizar os pagamentos.
Investidores lesados pela Opus viram nesse último lote o movimento final de Baptista para concretizar o calote na rede e iniciar a temporada de desculpas esfarrapadas.
“Que um vagabundo bandido desses não saia impune”, desabafa um associado que falou à reportagem na condição de anonimato.
Outros afiliados foram a público para relatar a situação e manifestar providências que planejam tomar.
“Vamos organizar uma ação coletiva contra esse safado”, afirmou Carlos Eduardo Mangas, do canal de YouTube Play Profit Investimentos, que mostrou um saldo de R$ 17 mil retidos junto à Opus em um vídeo de 10 de dezembro.
A ele, segundo o vídeo, a Opus propôs um plano de pagamento em 60 parcelas.
Em outro vídeo, datado de domingo (15), o mesmo Mangas propõe que Baptista aceite fazer um acordo na Justiça com os credores da Opus.
Nova empresa e Dubai
Apesar da suposta descapitalização relatada por ele próprio, Baptista afirma que a própria Opus possui meios para “dar a volta por cima”, caso tenha “condições de trabalhar”.
Em outro áudio ao qual a reportagem teve acesso, Baptista se dirige a um líder identificado como Diego. O empresário afirma que a nova estratégia comercial da Opus “está pronta para ser operacionalizada”.
A esse líder, Baptista diz ter dúvidas sobre a continuidade da rede atual da Opus – estimada pelo próprio presidente em pelo menos 20 mil pessoas.
“O que não tenho a menor ideia é com relação à rede. Tenho certeza que essa rede atual toda se aniquila, a não ser que com a visão dos resultados que começarem a acontecer e que se revertem em pagamentos a elas, que voltem a acreditar”.
Baptista também cita a abertura de uma nova empresa, registrada fora do Brasil – mais exatamente na cidade de Dubai – como parte desse plano para reerguer o negócio.
“Através de uma profissionalização que estamos fazendo, via Dubai, vamos para um mercado novo, são novos clientes, uma jornada nova”.
Sem autorização da CVM
A Opus Investimentos foi criada em abril de 2019 e prometia um verdadeiro mapa da mina para fisgar associados: retorno de 30% de lucro em 30 dias para quem investir em esmeraldas, ouro ou diamantes. Uma cifra longe do possível para qualquer operador do mercado brasileiro.
Para ter acesso a esse “eldorado”, o investidor precisava acessar o site da Opus com um link fornecido por algum patrocinador – uma prática que, por si só, já levanta suspeitas de que o esquema seria um tipo de pirâmide financeira.
Além disso, a empresa não tem autorização para operar da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), algo indispensável nesse mercado – conforme mostrou a reportagem do Portal do Bitcoin em novembro.
Além das operações com metais e pedras preciosas, a Opus também vinha oferecendo recentemente planos que incluíam investimento no ramo de cosméticos. Baptista é ligado a uma companhia do ramo de cosméticos, a Lunarys, da qual se apresenta como CEO.
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