Corretora de criptomoedas para de operar em 17 países e apressa clientes a sacar com urgência

Restringir os serviços em 17 países parece mais uma tentativa da Gate.io escapar da vigilância dos reguladores
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A corretora de criptomoedas Gate.io está diminuindo as regiões nas quais oferece seus serviços. Nesta segunda-feira (14), começou a circular depoimentos de investidores que receberam e-mails da corretora informando que eles deveriam sacar imediatamente seus fundos da plataforma, uma vez que estão em regiões restringidas.

O usuário do Twitter @MahmudulDev compartilhou a mensagem que recebeu do suporte da exchange que confirma a restrição:

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“Lamentamos informar que usuários dos Estados Unidos, China, Canadá, Singapura, Malásia, Malta, Cuba, Irã, Coreia do Norte, Sudão, Síria, Venezuela, região da Criméia, Bangladesh, Bolívia, Equador,  Quirguistão, agora são totalmente proibidos”. 

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Mensagem do suporte da Gate.io (Fonte: Twitter/@MahmudulDev)

A corretora informa em seguida que todos os clientes que estão nessas regiões devem retirar seus fundos até 10 de abril de 2022, prazo final para que os saques sejam solicitados. No dia 30 de abril, a Gate.io vai fechar de forma permanente as contas dos usuários desses países.

Faltando um mês para as contas serem fechadas, a equipe da Gate.io não tocou no assunto no seu blog e redes sociais, sem esclarecer as novas restrições e os motivos que a levaram a fazer a mudança. A falta de transparência levou alguns usuários a achar que as restrições não passavam de um rumor.

Embora a Gate.io não tenha se pronunciado de forma clara sobre o assunto, a versão atualizada em fevereiro dos Termos de Uso comprova que a corretora passou a limitar seus serviços em determinadas jurisdições.

“Podemos não disponibilizar todos os serviços em todos os mercados e jurisdições e podemos restringir ou proibir o uso de todos ou parte dos serviços de locais restritos”, diz o texto citando logo em seguida os 17 países já mencionados anteriormente em que a Gate.io não pode mais operar.

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O documento também esclarece que usuários de Hong Kong e Reino Unido (somente usuários de varejo), Holanda, Alemanha, França, Lituânia e Itália, estão proibidos de usar quaisquer outros serviços fornecidos pela Gate.io que não seja o trade à vista (spot) de criptomoedas.

No trecho final sobre esse assunto no documento, a corretora se isenta da responsabilidade de informar os clientes sobre esse tipo de mudança: “A lista de países ou regiões mencionados acima pode mudar de acordo com as mudanças nas políticas e tipos de produtos. Podemos não informá-lo especificamente sobre as alterações nessas ocasiões”.

As restrições da Gate.io

A Gate.io ocupa atualmente a oitava posição no ranking de exchanges mais utilizadas no mundo, à frente de empresas de peso como Huobi, Gemini e Crypto.com. Só nas últimas 24 horas, a corretora movimentou R$ 6 bilhões em negociação de criptomoedas, segundo o CoinGecko.

A Gate.io diz ter mais de 10 milhões de usuários, atraídos principalmente pelo enorme catálogo de criptomoedas. São mais de 1,3 mil tokens disponíveis para negociação na plataforma, a grande maioria, shitcoins.

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Embora a Gate.io esteja no mercado desde 2013 e os atuais números impressionem, a exchange permanece nas sombras do mercado cripto e pouco se sabe sobre suas operações.

De acordo com “Trust Score” do CoinGecko, uma avaliação de conformidade regulatória feita pela empresa de segurança Coinfirm, a Gate.io apresenta um risco alto quando o assunto é licença e autorização para operar em jurisdições que possuem algum tipo de regulação para o mercado cripto.  

A análise também aponta um risco alto sobre os processos de KYC da plataforma e da aplicação de políticas de prevenção à lavagem de dinheiro (AML).

Num mercado que cobra que empresas respeitem com cada vez mais seriedade às boas práticas de compliance, a Gate.io perde espaço. Restringir os serviços nos EUA e outros 16 países parece mais uma tentativa da corretora escapar da vigilância dos reguladores.