Congresso dos EUA recebeu bem os CEOs das maiores empresas de criptomoedas do país

Membros do Congresso americano adotaram um tom positivo em relação a executivos cripto que compareceram a uma audiência do comitê
Prédio do Capitólio, o Congresso dos Estados Unidos, com bandeira

Shutterstock

Os principais executivos da Coinbase, Circle e de quatro outras empresas de criptomoedas debateram com membros do Congresso Americano na quarta-feira (8), um evento que, nos últimos anos, teria resultado em indignação e repreensão.

Em vez disso, executivos cripto foram recebidos com curiosidade e, até mesmo, animação.

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A audiência de cinco horas aconteceu no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA, em que seis CEOs, incluindo Sam Bankman-Fried da FTX, deram seu testemunho sobre a crescente importância de cripto e o desejo da indústria por regulação.

Embora tais audiências no passado tenham focado quase completamente no uso criminoso do bitcoin (BTC), a sessão desta semana foi repleta de perguntas sobre tudo, desde as vantagens de segurança da tecnologia blockchain ao potencial de cripto fornecer uma maior inclusão financeira.

“A Web 3 pode dar autonomia a qualquer pessoa”, disse o representante Anthony Gonzalez, usando um termo relativamente novo que descreve o crescente conjunto de aplicações que não precisa depender de uma autoridade centralizada para funcionar.

Gonzalez e outros sempre debatem sobre a possibilidade de os EUA perderem a inovação relacionada a cripto como consequência de uma regulação complexa e perguntaram se a indústria se beneficiaria de uma política mais coesa do governo americano.

O CEO cripto, obviamente, concordou com o sentimento e pressionou que o Congresso esclarecesse jurisdições sobrepostas entre agências como a Comissão de Valores Mobiliários e de Câmbio dos EUA (ou SEC, na sigla em inglês) e a Comissão para a Negociação de Futuros de Commodities (ou CFTC) e permitir empresas como a Circle (que emitiu mais de US$ 30 bilhões em stablecoins) se integrem ao sistema bancário existente.

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Os membros do comitê e executivos cripto também destacaram diversas ocasiões em que outros países, incluindo o Canadá, permitiram o lançamento de produtos como um fundo de índice (ou ETF) de bitcoin, mesmo que os EUA continuem a barrá-los.

“Se um monte de clientes querem comprar um ETF de bitcoin, por que não permitimos?”, perguntou o representante Bryan Steil que, na sequência, perguntou a Alesia Haas, diretora financeira da Coinbase, se a empresa havia perguntado à SEC sobre os detalhes de por que a agência alegou que a corretora não poderia emitir um produto de empréstimo ligado a stablecoins (tokens lastreados a moedas fiduciárias, como o dólar americano).

“Perguntamos e ainda não temos esclarecimentos de por que nosso produto não pôde avançar”, respondeu Haas.

Alguns Democratas no comitê tomaram uma postura mais cética sobre a indústria cripto, conforme a representante Rashida Tlaib perguntou sobre a crescente pegada de carbono da mineração de bitcoin enquanto as representantes Sylvia Garcia e Alma Adams pressionaram as empresas a fornecerem dados sobre a diversidade em suas classificações corporativas e base de usuários (um pedido ao qual todos os CEOs concordaram).

Mesmo expressando tais preocupações, os membros Democratas elogiaram o potencial de cripto e carteiras blockchain fornecerem alternativas de baixo custo ao sistema bancário existente.

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O representante Ritchie Torres, que representa um dos distritos mais pobres em South Bronx, descreveu como cripto ofereceu uma forma mais barata e rápida para que muitos de seus constituintes enviem remessas digitais.

Enquanto isso, tanto Republicanos como Democratas levantaram questões sobre a possibilidade de a computação quântica apresentar uma ameaça à segurança blockchain e se cripto pode prejudicar o dólar americano como a moeda de reserva mundial, apesar de alguns expressarem apoio ao potencial tecnológico de cripto.

Apenas um membro do Comitê, o representante Brad Sherman, quebrou o tom cordial da audiência, zombando a indústria cripto por adotar uma “vibe de lutar contra o sistema” enquanto alegadamente recebe apoio de poderosos interesses de Wall Street.

Sherman também criticou a Coinbase por enviar Haas em vez de seu executivo principal, Brian Armstrong, sugerindo que Armstrong terá de participar de audiências como as que o Congresso realizou com Mark Zuckerberg, CEO do Facebook.

Embora a atitude impetuosa de Sherman em relação a cripto se assemelhe à postura do Congresso há três anos, seu comportamento o tornou atípico dentre os outros membros do comitê.

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O tenor da audiência foi elogiado por muitos na comunidade cripto que expressaram frustração com uma aparente hostilidade e falta de conhecimento entre membros do Congresso.

Não ficou clara qual será a consequência da audiência desta semana, mas diversos membros do comitê declararam que irão trabalhar em projetos de lei para facilitar a regulação cripto e apoiar a indústria.

“As regras do caminho à Web 3 podem ser bipartidárias”, afirmou Jake Auchincloss.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.