Nos últimos anos, a Noruega se tornou um dos países com as maiores operações de mineração de Bitcoin do mundo, com cerca de 3% do hashrate global da criptomoeda — uma tendência que, no entanto, pode ser ameaçada no futuro próximo. Os motivos do país ter ganhado esse papel de destaque foram tema de um artigo publicado esta semana no Hashrate Index, portal especializado em mineração.
Segundo estimativas feitas pelo portal, a Noruega hoje emprega 250 Megawatts (MW) na mineração de Bitcoin, o que representa 2,9% do hashrate global.
Segundo o portal Visual Capitalist, em meados de 2022 o custo de produção de 1 BTC no país estava em US$ 20.113, um dos mais baixos da Europa. Em locais como França e Holanda esse valor estava perto dos US$ 30 mil, superando os US$ 50 mil na Alemanha. No Brasil, era de USS 33 mil — tornando a prática não lucrativa, dado o preço atual de US$ 23 mil da criptomoeda.
Alguns dos principais responsáveis pelo feito são a geografia e o clima do país, que geram baixo custo de energia elétrica, especialmente nas regiões centrais e norte, que têm mais de 90% de sua produção energética vindo de hidrelétricas. O custo está entre US$ 26 e US$ 44 por MW, muito abaixo da média europeia. Já no sul do país os preços estão mais parecidos com o restante do continente, que teve uma grande alta nos custos energéticos, com preços na faixa de US$ 209 por MW.
A grande quantidade de montanhas na Noruega facilita a produção de eletricidade por meio da força de água. O país foi em 2021 o segundo maior produtor global de energia per capita.
O operador do sistema de energia da Noruega, Statnett, prevê que os preços em 2023 no centro e norte do país devem subir para uma faixa de US$ 58 e US$ 65 e depois cair para até US$ 27 em 2026. No entanto, a previsão é um aumento dramático em 2026 — algo que pode começar a ameaçar a pujança da mineração no país.
As principais empresas que estão minerando Bitcoin na Noruega são as multinacionais Bitfury, COWA, Bitzero, e Bitdeer, e as companhias locais Kryptovault e Arcane Green Data.
Clima nórdico e bitcoin
Outro ponto muito favorável é o clima ártico do norte da Noruega. Manter uma temperatura baixa para o bom funcionamento das máquinas de mineração é ums dos maiores desafios das empresas do setor e nas regiões mais ao norte do país nórdico a média das temperaturas vai de -4º até 13º.
Esse clima frio gera menos custos com manutenção, com resfriamento e aumenta a eficácia das rigs. O artigo cita que já ouviu relatos de mineradores que deixam as instalações semanas funcionando sem nenhum funcionário, exceto para pequenas vistorias. Isso é impensável em lugares quentes como o Texas, um grande minerador de Bitcoin.
Impostos podem afetar futuro
Até 2023 os mineradores na Noruega conseguiam se beneficiar de um isenção de imposto que é concedida para a indústria de data center. Mas agora o governo resolveu taxar a indústria: os membros da indústria terão que pagar US$ 0,0093 por quilowatt (KW) de janeiro até março e depois US$ 0,016 de abril até dezembro.
Para efeitos de comparação, até o ano passado os mineradores pagavam apenas US$ 0,00055 de imposto sobre KW.
O artigo afirma que o motivo da alta de imposto é exatamente tentar expulsar os mineradores, já que a atividade é mal vista por grandes alas do governo devido ao uso de energia e ao preconceito contra as criptomoedas. Mais uma ameaça para a liderança atingida pelo país.
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