Como o piramideiro por trás do maior golpe de criptomoedas de 2020 foi ser preso em Goiás

Depois de um ano de procura, a Polícia Militar de Goiás finalmente conseguiu prender Johann Steynberg, um sul-africano procurado pela Interpol
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O sul-africano Johann Steynberg, criador da Mirror Trading (Foto: Reprodução/Youtube)

Depois de um ano de procura, a Polícia Militar de Goiás finalmente conseguiu prender Johann Steynberg, um sul-africano procurado pela Interpol por orquestrar um mega esquema de pirâmide financeira, considerado pela Chainalysis o maior golpe envolvendo criptomoedas de 2020.

Ele escolheu o Brasil para se esconder após deixar milhares de pessoas na África do Sul no prejuízo, enganadas pela falsa promessa de 10% de lucro ao mês sobre o valor investido em bitcoin na Mirror Trading International (MTI), empresa de Steynberg.

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Não demorou muito para a pirâmide desmoronar e deixar de pagar os investidores em setembro de 2020. O caso chamou a atenção dos reguladores da Comissão de Valores Mobiliários da África do Sul (FSCA) que, em dezembro daquele ano, entraram com uma série de ações criminais contra a MTI.

Quando tudo desmoronou, Steynberg já não estava mais na África do Sul e sim em Doha, capital do Catar. De lá, ele pegou um avião para São Paulo no dia 14 de dezembro.

A informação foi divulgada por funcionários da empresa em uma carta enviada aos investidores, onde alegavam ter perdido contato com o CEO e não saber se os bitcoins dos investidores estavam a salvo.

Na mesma mensagem, a empresa afirmou que Steynberg estava com a passagem de retorno para a África do Sul marcada para o dia 22 de dezembro, mas ele nunca chegou a pegar o voo.

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Desde então, não houve notícias do paradeiro do empresário até que em 29 de dezembro, ele foi encontrado e preso na região do Alto da Glória em Goiânia em um operação do Grupamento de Intervenções Rápidas Ostensivas (Giro), da Polícia Militar de Goiás.

O maior golpe cripto de 2020

Johann Steynberg captava dinheiro de sul-africanos através da MTI desde junho de 2018 e que já chegou a ter mais de 150 funcionários, segundo um relatório da Chainalysis.

A investigação feita pelos reguladores sul-africanos sobre o esquema calculou que MTI havia mais de 16.000 BTC de investidores em sua posse, um montante que equivale atualmente a R$ 4,2 bilhões.

Onde foram parar essas criptomoedas é um mistério.A MTI afirmou na época que após ter sido banida da plataforma antiga que utilizava, em razão das suspeitas de fraude, transferiu os bitcoins para uma nova exchange de Forex que, por sua vez, nega ter recebido qualquer fundo.

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Na sua análise sobre o caso, a empresa de inteligência blockchain Chainalysis rastreou algumas carteiras ligadas a MTI e viu que a empresa recebeu cerca de R$ 3,3 bilhões em bitcoin em mais de 470 mil transações.

Essas moedas eram transferidas para plataformas Forex e um site de jogos de azar que permitiam o uso de criptomoedas. Esse último era usado pela MTI como um mecanismo de lavagem de dinheiro e posterior saque dos fundos.  

De qualquer forma, a disputa dos investidores para recuperar suas criptomoedas se transformou numa guerra nos tribunais da África do Sul.

Assim que Steynberg sumiu do mapa em dezembro de 2020, os investidores entraram com uma ação coletiva para exigir a devolução dos fundos através de um grande processo de  liquidação.

Segundo o portal MyBroadband, a juíza Alma de Wet do Tribunal Superior da Cidade do Cabo marcou a audiência sobre o caso para março deste ano.

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Segurando a ponta do lado da empresa acusada do golpe ficou Clynton Marks, um acionista que detém 50% da MTI e que cujo batalhão de advogados se opõem à liquidação da empresa.

“Mirror Trading International é outro exemplo de por que a indústria deve espalhar a palavra de que as plataformas de negociação algorítmica que prometem retornos altos irrealistas quase sempre são fraudes”, concluiu a Chainalysis em sua investigação sobre o caso.