Como estudantes africanos se tornaram vítimas do colapso da FTX

FTX criou um programa de estudantes embaixadores que hoje sofrem sendo responsabilizados por africanos que perderam tudo com a empresa
FTX, SBF

FTX entrou em colapso em novembro de 2022 (Foto: Shutterstock)

Durante sua ascensão e auge, a exchange FTX criou programas ao redor do mundo para promover sua marca. E um dos principais trabalhos foi na África, onde a companhia liderada por Sam Bankman-Fried estabeleceu uma rede de “estudantes embaixadores” que recrutavam amigos e familiares para operarem na plataforma.

Como destaca uma matéria do site CoinDesk, após o colapso da FTX no fim do ano passado, esses embaixadores acabaram responsabilizados pela perdas que essas pessoas tiveram, chegando até a sofrerem ameaças.

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O programa, que durou cerca de dois anos, tinha como alvo estudantes universitários, incentivando-os a se inscreverem para se tornarem “Embaixadores da Marca” da FTX e organizarem eventos de encontro em seus campi.

Segundo um contrato visto pelo CoinDesk, esses estudantes recebiam um pagamento em troca do trabalho de recrutamento. Os alunos receberiam 30% das taxas de transação pagas pelas pessoas que eles indicassem à FTX, mais US$ 500 adicionais por mês com base no desempenho.

Após a quebra da empresa, as pessoas perderam todas as suas economias. “Recebi uma ligação de um dos embaixadores com quem trabalhei”, disse um estudante ao CoinDesk. “Ele estava chorando porque seus usuários indicados investiram 20 milhões de nairas (US$ 26 mil atualmente) por causa dele”.

Pius Okedinachi, ex-líder educacional da FTX África e também embaixador da marca, disse ao CoinDesk que a empresa vendia seus eventos como educacionais, mas que um dos maiores objetivos era aumentar o volume de negociação da plataforma.

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“Não há como educarmos as pessoas e depois não falarmos sobre nosso produto, que é a FTX. Para nós, o campus servia para construir comunidades e também para aumentar o volume e o banco de dados de usuários”, disse Okendinachi.

Não se sabe quantos estudantes foram afetados, mas um grupo no Telegram da FTX Africa – que está fechado há meses – tem mais de 10 mil membros. Alguns estão até foragidos por conta do medo de sofrerem represálias pelo impacto negativo que a empresa teve.