Como 30% da população de uma cidade foi vítima de uma pirâmide com criptomoedas

A plataforma RainbowEx enganou os moradores de San Pedro ao prometer 2% de rendimento diário com supostas negociações de criptomoedas
piramide financeira criptomoedas

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Uma pirâmide envolvendo criptomoedas lesou nada menos do que 30% da população de uma cidade na Argentina. Os dados são de uma reportagem da agência France Press, publicada pela Folha de S. Paulo, e mostram que o país sul-americano vive uma epidemia de estelionatos que, em muitos casos, usam cripto como chamariz para seus esquemas.

O caso ocorreu na cidade de San Pedro, que fica a 170 quilômetros ao norte de Buenos Aires, e envolve uma plataforma chamada RainbowEx. A empresa prometia entregar 2% de rendimento diário em dólares e que esses lucros viriam de supostas negociações com criptomoedas. 

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Em um momento de quase surrealismo, a pirâmide contratou dois atores poloneses para dar uma entrevista coletiva em um hotel de luxo em Buenos Aires para propagar a RainbowEx. A farsa foi desmascarada pelo programador Maximiliano Firtman, que publicou todas as informações que levantou em seu perfil no X (antigo Twitter), chegando a dizer que na verdade foram 20 atores contratados ao todo durante o golpe.

Diante da polêmica, a pirâmide ainda deu um último golpe: congelou os fundos dos clientes e anunciou que só liberaria com o pagamento de uma taxa de US$ 88. Quem pagou continuou com o dinheiro preso na plataforma. 

A Justiça da Argentina abriu uma investigação por suspeita de formação de pirâmide financeira e já indiciou duas pessoas relacionadas ao caso. 

Em entrevista à agência de notícias, o advogado Suárez Erdaire disse representar 100 pessoas lesadas pela RainbowEx e fez uma estimativa do desfalque feito na população. “Fala-se de um golpe de US$ 49 milhões” (R$ 268 milhões), disse. A reportagem afirma que as autoridades de San Pedro estimam que são entre 15 e 20 mil vítimas. 

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Além da RainbowEx, viraram notícia na Argentina as pirâmides Peak Capital e a Generación Zoe. Esta segunda já até mesmo virou tema de documentário no Netflix e seu líder, Leonardo Cositorto, está preso desde 2022. 

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