A moeda da Venezuela terá uma nova aparência, em mais de uma maneira, enquanto o governo tenta simultaneamente domar a inflação e instituir a soberania monetária.
O Banco Central da Venezuela informou hoje que colocará em circulação o bolívar digital, anunciado pela primeira vez em fevereiro, no dia 1º de outubro. A informação foi primeiramente postada nas contas do Banco Central nas redes sociais e posteriormente confirmada no site do Ministério da Economia e Finanças.
O bolívar digital é um exemplo de moeda digital do banco central (CBDC) – uma representação digital de uma moeda fiduciária tradicional emitida pelo banco central de um país, em contraste com criptoativos descentralizados, como Bitcoin.
O CBDC será acompanhado por uma redenominação monetária que elimina seis zeros da moeda. Para referência, o índice Cafe con Leche da Bloomberg define o custo de uma xícara de café em 7.662.898 bolívares, um pouco menos de US$ 2. Isso é um pouco mais alto do que o salário mínimo da Venezuela, que fica em 7 milhões de bolívares após um ajuste de 289% em maio.
A mudança elevará para três o número total de redenominações nos últimos 15 anos. O ex-presidente Hugo Chávez, falecido, limpou três zeros em 2007. Seu sucessor, Nicolás Maduro, usou a criação da criptomoeda do próprio país, a Petro, como uma oportunidade para cortar cinco zeros em 2018.
Essa redenominação, que também é acompanhada por um anúncio de moeda digital, provavelmente não terá muito efeito. O Zimbábue também redenominou sua moeda três vezes nos anos 2000 para combater a hiperinflação antes de recorrer a moedas estrangeiras para pagamentos.
As políticas monetárias da Venezuela têm como objetivo sair do ciclo de hiperinflação, e a introdução do novo CBDC pode ajudar a reforçar essa missão. De acordo com o banco, também está trabalhando em um “novo Sistema de Câmbio de Mensagens Financeiras, um sistema livre e soberano, feito na Venezuela e pelos venezuelanos, promovendo a independência dos sistemas estrangeiros para as operações bancárias nacionais”.
Esse também foi o objetivo do Petro, lançado em fevereiro de 2018, enquanto o sistema financeiro do país murchava sob o peso das sanções econômicas lideradas pelos EUA; O PTR foi criado para ser uma forma de contornar o sistema financeiro global. O anúncio de hoje não menciona isso.
Pouco se sabe sobre a mecânica do próprio CBDC, mas ele circulará junto com o bolívar físico. As notas correspondentes à nova denominação já estão sendo emitidas. A taxa de câmbio permanece flutuante e determinada pelo mercado de câmbio livre. O salário mínimo da nação permanecerá o mesmo.