Mesmo obtendo lucro de 22% até setembro deste ano, a estratégia do banco Bradesco é cortar custos. Segundo o presidente da instituição, Octavio de Lazari Junior, o motivo é que a era dos ganhos estratosféricos acabou para os bancos brasileiros.
De acordo com o Bloomberg, Lazari disse que as baixas taxas de juros e o aumento do lucro das fintechs no Brasil tem motivado o Bradesco a pensar em muitos tipos de negócios. O plano é tentar ganhar escala e participação de mercado.
“As taxas de juros caíram para níveis recorde e a concorrência das fintechs está se intensificando, disse em entrevista ao site.
Segundo a reportagem, a Selic, que é a taxa média apurada em liquidação e custódia para títulos federais, caiu este ano para 5%, de 14,25% em outubro de 2016.
Esse número, diz a reportagem, ainda é alto se comparado com a taxa de 1,75% nos EUA e os níveis negativos na Europa.
Contudo, considerando a inflação, a taxa do Brasil está mais próxima de 2%, o que reduz a margem de lucro das instituições financeiras.
Fintechs desafiam Bradesco
A ascensão de Fintechs como Stone e Banco Inter são empresas que têm motivado grandes bancos como o Bradesco a pensar em estratégias, escreveu o Bloomberg.
Logo, o Bradesco pensa em gerar pequenos lucros vários diferentes tipos de negócios, conforme afirmou Lazari.
“Meu maior desafio é criar muitos ativos para o banco que nos proporcionem pequenos ganhos. Não há mais bala de prata”, disse.
No entanto, o foco principal no momento é conceder empréstimos a pessoas físicas.
De acordo com Lazari, essa modalidade está saindo mais em conta para o banco.
Isso porque a maioria dos empréstimos pessoais está sendo realizada por meio do aplicativo do Bradesco em dispositivos móveis, geralmente aos finais de semana.
“Por isso são muito baratos para o banco”, disse o presidente.
Isto seria também um dos motivos do fechamento de várias agências no Brasil — o banco vai fechar cerca de 300 agências em 2020.
Banco digital Bradesco
A economia gerada por essas transações baratas para o Bradesco não inclui serviços do Next, uma banco digital criado pela instituição com o intuito de enfrentar fintechs como Nubank, por exemplo.
Segundo Lazari, o Next cria cerca de 8.000 novas contas por dia, mas o Bradesco o quer deixar separado.
Por isso, ele diz que o banco procura um parceiro externo, mas não para injetar dinheiro e sim para agregar conhecimento ao produto.
Conforme contou ao Bloomberg, também não é descartada uma IPO (oferta inicial de ações) para o Next, que seria uma alternativa em cerca de três ou quatro anos.
Guerra das maquininhas
O Bradesco também está envolvido em uma guerra de preços para competir no ramo de maquininhas, segundo Lazari.
Durante a entrevista ele destacou a ascensão da Stone e da Pagseguro. Contudo, o banco é o maior acionista da Cielo SA — a empresa detém 43% do mercado.
Como afirmou que a maior parte da receita da Cielo vem de seus clientes corporativos, Lazari disse o negócio tem uma importância vital para o Bradesco.
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