Uma empresa chamada One Club, que prometia retornos de 6% ao mês em operações de opções binárias, está sendo acusada de golpe por vários investidores, conforme denúncias recebidas recentemente pelo Portal do Bitcoin. As vítimas alegam que a falta de pagamentos ocorre há mais de um ano e meio.
Segundo as vítimas, a empresa prometia rendimentos com operações no mercado financeiro, que viriam do suposto trade realizado na Quotex, uma controversa plataforma de opções binárias com sede no Caribe e que foi inclusive citada na CPI das Pirâmides Financeiras.
“Estamos tentando receber há 2 anos e nada, enquanto isso os donos ostentam luxo e ganhos exorbitantes em suas redes sociais”, disse uma das vítimas que pediu para não ser identificada por questão de segurança. “Caímos no golpe por não ter conhecimento suficiente no mercado financeiro, fomos ludibriados e enganados”.
Outro denunciante ouvido pela reportagem explicou que a One Club deixou de pagar alegando que os fundos foram bloqueados pela Quotex. “A empresa alega que o valor foi bloqueado pela corretora e não tem responsabilidade em devolver, tentamos diversos acordos e não foram para frente”, relatou.
Diante disso, os clientes da One Club disseram que registraram boletins de ocorrências e agora pretendem entrar com processo na justiça. “Queremos apenas o que é nosso”, disse outro credor.
Procurada para comentar o assunto, a equipe da Quotex não retornou até o fechamento dessa reportagem.
Nas denúncias, uma acusação em comum contra os responsáveis da One Club são ameaças. Uma delas explica: “Fomos ameaçados mais de uma vez pelos sócios depois que os mesmos souberam que estávamos entrando com uma ação coletiva, alegando que iriam nos buscar na nossa casa a qualquer momento e que sabiam onde todos moravam”.
Valores investidos
O prejuízo financeiro causado pela One Club pode ser da casa de milhões de reais, já que processos judiciais públicos em andamento revelam pedidos de tutela de urgência e bloqueios que somam R$ 700 mil — muitos valores aportados no negócio também são da casa de seis dígitos, conforme cópia de documentos enviados pelas vítimas.
Fora isso, mais R$ 240 mil estão prestes a serem cobrados judicialmente pela advogada Carolina Assis Carvalho, que representa quatro clientes da One Club. Ela já atuou em casos semelhantes, como o do Trader Carrasco, que também não pagou seus clientes em um negócio envolvendo opções binárias na IQ Option — outra polêmica empresa estrangeira.
Em conversa com o Portal do Bitcoin, a advogada disse que seus clientes chegaram a receber alguns depósitos após acordos parcelados, mas que não representam “nem 10% do que eles chegaram a investir”. “Tudo o que foi recebido por eles estamos colocando os comprovantes no processo”, afirmou.
De quem é a One Club?
“A empresa era dirigida pelo Rafael”, afirmou outra vítima se referindo a Rafael Rodrigo Costa, pessoa por trás da One Club, que é nome fantasia da empresa de pequeno porte R.R.C Servicos Financeiros LTDA.
De acordo com informações no site da Receita Federal, a entidade formada em maio de 2021 passou a ser considerada “Inapta” em novembro de 2023 por “Omissão De Declarações”.
Segundo um dos investidores que denunciou o caso, Rafael era quem persuadia pessoas a entrarem na One Club — que chegou a ter mais de 40 associados. No instagram, ele afirma ser “Trader OB [opções binárias], Mentor Trader”.
Contudo, os denunciantes também viam a One Club representada pelo trader de Opções Binárias Vitor Maciel Rodrigues, que tem um canal homônimo no YouTube com 10 mil inscritos. No Instagram, ele se apresenta como “Trader profissional, Top 1 mundial Quotex [com] + de 5 mil alunos”.
Para a advogada Carolina, Vitor pode ter atuado como sócio oculto, já que seus clientes anotaram conversas em que Rafael o chama de sócio. “Além disso, quem fazia a movimentação financeira era o próprio Vitor”, afirmou um dos clientes.
Traders de opções binárias se defendem
Procurado para comentar o assunto, Rafael disse estranhar as denúncias já que a empresa “está em comum acordo com os seus clientes”. Ele afirma que intermediou as operações com um time operacional com traders profissionais por cerca de dois anos “sem falhas em nenhum de seus setores”.
“No final de 2022 tivemos problemas com a corretora que usávamos para estas operações, e tivemos contas bloqueadas com os valores de custódia. Com isto, a empresa entrou em crise, não tendo capital para poder ressarcir o grupo pequeno de investidores que faziam parte, uma vez que era um processo que envolvia os valores dos clientes e também capital da empresa, e todo o valor foi perdido”, afirmou.
Sobre os valores devidos, ele afirma que entrou em contato com todos os participantes do “clube”, informando que “criaria meios para buscar recursos para ressarcir o que fosse possível para diminuir os prejuízos”. Afirmou, ainda, que já fez acordos extrajudiciais com a maioria dos credores e que muitos já vêm recebendo desde 2023.
“Acredito então, que estas possíveis denúncias a fim de apenas prejudicar a imagem da empresa e minha como proprietário único, sejam por estes descontentamentos, pois eles querem um valor que a empresa não é capaz de ressarcir, e todas as propostas feitas foram rejeitadas”.
Costa disse ainda que Vitor Maciel “não faz parte da empresa” e que ele é “sócio único” e responde por ela. “Assumi toda e completa responsabilidade via documento desses ressarcimentos, com os acordos feitos e aceitos pela maioria dos participantes por meio extrajudicial”.
Procurado pela reportagem, o trader Vitor Maciel Rodrigues disse que teria apenas prestado serviços para a One Club dois anos atrás. “O que eu tinha que resolver com ele [Rafael] já resolvi e agora o andamento da empresa é com ele”, finalizou Rodrigues.
*A matéria foi atualizada com a imagem correta da R.R.C.Serviços Financeiros, como consta no site da Receita Federal.
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