2021 foi um ano volátil, mas bastante proveitoso para as criptomoedas.
A capitalização do mercado triplicou de menos de US$ 800 bilhões em 1º de janeiro para cerca de US$ 2,2 trilhões atualmente, conforme alguns ativos geraram rendimentos astronômicos tanto no preço como no número de usuários.
Esses aumentos foram distribuídos pelo ecossistema, conforme o bitcoin (BTC) e o ether (ETH) pararam de compor 80% da capitalização de mercado para compor acima de 60%.
Além disso, a prosperidade contínua das aplicações de Finanças Descentralizadas (ou DeFi, na abreviação em inglês) e dos tokens não fungíveis (ou NFTs) indica que este ano pode ser ainda mais rentável.
Confira cinco grandes narrativas para observar conforme iniciamos 2022.
1. Mais regulamentação
Até agora, a indústria cripto teve sucesso graças (ou apesar) de sua estrutura descentralizada e natureza não regulamentada. Mas muitos na indústria te dirão que estão abertos às regulamentações contanto que as normas sejam aplicadas de forma transparente.
Governos tentam encontrar uma forma de regular criptomoedas de uma maneira que impeça cibercriminosos e aumenta a segurança dos investidores do varejo.
A China demonstrou uma forma (impopular) de fazer isso, tornando atividades cripto ilegais em suas fronteiras, exceto aquelas sancionadas pelo governo (como seu yuan digital).
Investidores e empreendedores cripto esperam por uma abordagem mais moderada nos EUA, onde a Comissão de Valores Mobiliários e de Câmbio (ou SEC) e a Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (ou CFTC) e escritórios do Departamento do Tesouro estão pedindo por novas regulações.
Para investidores, regulações podem apresentar orientações mais claras sobre impostos e até mesmo a capacidade de incorporar investimentos com criptoativos em contas de aposentadoria.
E se grandes ferramentas de negociação de criptomoedas se adequarem às regulações, podem ajudar a impulsionar a adesão ao fornecerem uma camada extra de segurança a investidores.
2. Multiplicação de BTMs
Há tempos que a natureza intangível das criptomoedas funciona contra elas. Muitas pessoas têm problema em considerar o bitcoin como dinheiro de verdade, já que não podem vê-los ou tocá-los.
Mas agora que a instalação de caixas eletrônicos de bitcoin (ou BTMs) está lentamente se tornando em uma realidade em diversas partes do mundo, pessoas poderão conseguir entender ativos digitais como instrumentos de investimento palpáveis.
O número de BTMs está crescendo de forma estável desde 2015 e atingiu novas altas em 2021. Atualmente, existem quase 35 mil BTMs ao redor do mundo, segundo o Coin ATM Radar.
BTMs basicamente permitem que pessoas adquiram bitcoin usando seus cartões de crédito ou débito. Isso torna criptomoedas altamente acessíveis por entusiastas e novatos.
BTMs podem eliminar a necessidade de corretoras cripto conforme pessoas podem realizar transações cripto utilizando BTMs facilmente –apesar de as taxas ainda espantarem algumas pessoas.
3. Melhorias ambientais
Críticos às criptomoedas têm o impacto ambiental das redes blockchain como alvo, um problema que persegue até mesmo alguns entusiastas cripto.
A mineração de bitcoin exige bastante poder computacional, que usa muita energia.
Já que grande parte da capitalização de mercado dos criptoativos é gerada por moedas que usam proof of work (ou PoW) para seu processo de mineração, é improvável que haja qualquer grande mudança nos custos de energia em 2022.
Além dos altos custos de energia da mineração de bitcoin, o processo também gera muito lixo eletrônico por conta das máquinas descartadas.
Por outro lado, criptomoedas mais novas, como cardano (ADA) e solana (SOL), são elogiadas por adotarem um método proof of stake (ou PoS), que não requer um alto uso de energia.
Ethereum, a segunda maior criptomoeda, está prestes a mudar para o PoS, o que pode fazer com que outras criptomoedas façam o mesmo e tornem seus processos bem mais sustentáveis.
Se a adesão de criptomoedas favoráveis ao meio ambiente crescer em 2022, pode ser benéfica ao setor, mesmo se o uso de energia do Bitcoin melhorar.
4. Contínua volatilidade de preço do bitcoin
O bitcoin é a maior criptomoeda do mundo e seu preço continua sendo o índice de referência mais amplamente aceito para o mercado cripto.
Em 2021, o bitcoin teve um desempenho consistentemente volátil ao atingir uma alta recorde acima de US$ 60 mil em abril, cair para menos de US$ 30 mil em junho, atingir um novo recorde de quase US$ 70 mil em novembro e caindo para seu nível atual abaixo de US$ 50 mil.
A volatilidade (a característica que críticos ao bitcoin destacam quando desconsideram a seriedade do ativo) provavelmente irá continuar em 2020, considerando que o mercado cripto ainda não está completamente maduro.
A volatilidade é um motivo pelo qual traders sofisticados como o Bitcoin (suas oscilações permitem oportunidades de arbitragem), mas também pelo qual muitos gestores de ativos recomendam cautela e pedem que clientes só aloquem 5% de seu portfólio em criptomoedas.
Investidores devem estar preparados para a queda do bitcoin assim como para seu aumento.
O que defensores das criptos esperam é que o bitcoin e outros continuem sendo voláteis a curto prazo, mas irá crescer continuamente em valor a longo prazo, apesar de drásticas correções periódicas.
Além disso, investidores precisam ser pacientes e não se preocuparem com altos e baixos temporários e se comprometerem com um panorama a longo prazo.
5. Aprovações de ETF cripto
Quando BITO, o primeiro fundo de índice (ou ETF) de futuros de bitcoin chegou à Bolsa de Valores de Nova York (ou NYSE) em 2021, atingiu quase US$ 1 bilhão em negociações no primeiro dia, quebrando um recorde de estreia.
Foi uma confirmação imediata do antigo interesse de investidores em um produto cripto que podem comprar e negociar em corretoras tradicionais.
Mas BITO não possui bitcoins. É uma forma de investidores do varejo obterem exposição aos futuros de bitcoin, e não ao bitcoin em si. Não é um ETF “puramente” de bitcoin.
A SEC recebeu inúmeras solicitações de ETFs baseados no atual preço das criptomoedas, mas nunca aprovou um.
No entanto, com base no desempenho do BITO e na fé que investidores têm, um ETF de bitcoin “spot” parece bem provável de ser aprovado em 2022 ou logo em breve – junto com possíveis ETFs ligados a outras criptomoedas, o que pode atrair uma nova onda de investidores do varejo.
*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.