Deputado pressiona CEO da Atlas Quantum sobre saques travados em audiência na Câmara

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Rodrigo Marques durante audiência na Câmara (Foto: Portal do Bitcoin)

A tarde desta quarta-feira (25) foi tensa durante a audiência pública que ocorreu na Câmara do Deputados. Rodrigo Marques Santos, CEO da Atlas Quantum, não conseguiu explicar os atrasos dos pagamentos aos clientes, o que fez o deputado federal Aureo Ribeiro (Solidariedade /RJ) repetir quatro vezes a mesma pergunta.

A advogada Emília Campos, ex-diretora de compliance da empresa, questionada por Ribeiro, afirmou que sua demissão se deu pelo fato de ela fazer muitas perguntas.

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“Fui demitida porque fiz mais perguntas do que deveria estar fazendo”, disse.

Marques sustentou que a demissão da advogada teria ocorrido por questão de problemas econômicos enfrentados pela Atlas após a proibição pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de a empresa fazer oferta pública de investimento.

Ele, no entanto, se contradiz em seguida ao afirmar que a empresa é sólida. Segundo o Ceo da Atlas, a empresa tem 39 mil clientes ativos e é um projeto de longo prazo.

“Atlas Quantum é uma empresa sólida. Meu próprio patrimônio está inteiramente investido nela”, disse Marques.

Mesmo com toda essa solidez afirmada pelo Ceo da empresa, clientes seguem sem conseguir sacar.

Esse fato foi levantado diversas vezes pelo deputado federal Áureo Ribeiro. Segundo o deputado, não ficou clara a resposta da Atlas sobre qual era o percentual de solicitações de saques de bitcoin em comparação ao que a empresa tinha em custódia. O deputado teve de fazer a mesma pergunta por quatro vezes.

Marques apenas disse que havia “15 mil pedidos e que a metade já foi realizado”. Um desses saques não efetuados é da ex-advogada da empresa.

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Campos apontou que também tem investimentos presos na empresa, mas que hoje não colocaria mais dinheiro na Atlas.

“Ainda tenho dinheiro na Atlas Quantum e meu pedido de saque não foi realizado. Não faria nenhum tipo de investimento hoje que eu não tivesse acesso aos meus bitcoins”.

Atlas Quantum sem explicação

Ao ser questionado sobre o que teria acarretado esses atrasos, Marques não conseguiu elucidar a questão para a Câmara.

Inicialmente, afirmou que a CVM permitia as suas operações com arbitragem e que foi uma surpresa a proibição.

Depois de ser questionado por Ribeiro se a CVM não sabia de seus contratos, ele mudou o tom da conversa e resolveu buscar a justificativa para os atrasos nos bloqueios feitos em exchanges no exterior.

O deputado, então, o perguntou quantos por cento dos bitcoins dos clientes em custódia estão presos nas bolsas internacionais. Marques, no entanto, não respondeu.

Ele apenas afirmou que estão “trabalhando para realizar saques em reais aos clientes” e que essa opção deverá estar disponível em duas semanas.

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Além de o Ceo da Atlas Quantum, participaram também o Ceo do Mercado Bitcoin, Marcos Alves, que falou da responsabilidade das empresas do setor em gerenciar recursos de clientes.

Marco Tulio da Silva, gerente de produto de blockchain do Serpro, revelou durante a audiência que já há estudos para a criação de uma criptomoeda governamental, mas que ela ainda não foi criada pois não existe ainda a demanda para tal.

Emília Campos, além de relatar sobre sua experiência com a Atlas Quantum expôs sobre a importância de o setor de criptomoedas possuir uma Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) própria que ajudaria os órgãos e instituições bancárias conhecerem os players do mercado.

Na sua visão, a regulação não deve ser dirigida as criptomoedas, mas sim àqueles que as transacionam.

O deputado federal Junior Bozzella (PSL/SP) falou sobre os problemas com Atlas Quantum e Bitcoin Banco em que clientes não receberam seus saques. Ele, que também mencionou a corretora 3xBit, que vem também apresentando problemas com atrasos nos pagamentos de saques, não escondeu sua preocupação do mau uso das criptomoedas.

Por outro lado, a deputada federal Margarida Salomão (PT /MG) fala que o mau uso não é nenhuma particularidade dessa inovação e cita a evasão de divisas até mesmo com o chamado “Santo de pau oco” no Brasil colônia.

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