O empresário brasileiro Henrique Chirichella, criador da empresa Logay, se tornou vítima de uma complexa operação de golpe do ‘falso emprego’ enquanto procurava vagas remotas para complementar a renda.
Ele fez um relato no LinkedIn e depois conversou com o Portal do Bitcoin nesta quarta-feira (05) sobre como perdeu mais de R$ 7 mil em um esquema que usa falsos trades com criptomoedas para roubar as pessoas. Para recuperar o prejuízo, anunciou que faria uma rifa do ingresso do show da cantora Taylor Swift.
“O que parecia ser simples, se transformou em uma bola de neve de investimentos especulativos em criptomoedas, day trading, carteiras digitais”, escreveu o empresário.
À reportagem, Chirichella explicou que tudo começou quando foi contatado por WhatsApp por uma representante de uma empresa chamada MIS Brazil Serviços Técnicos Ltda., dizendo que havia o encontrado no LinkedIn e tinha uma proposta de trabalho.
O serviço era simples e tudo que ele precisava fazer era seguir contas no TikTok para ganhar uma comissão. No início, a representante que havia procurado o criador da Logay lhe enviou um Pix de R$ 18 após ele seguir a instrução para seguir uma conta na rede social.
Depois disso, ele foi adicionado em um grupo no Telegram chamado “Moodys”, onde as “tarefas” eram delegadas aos mais de 1,4 mil membros do grupo.
“Foi quando começaram a explicar que algumas tarefas se tratavam de especulação de criptomoedas, alegando ser um investimento rápido e seguro. Criaram uma carteira digital em um website falso para mim, onde movimentaria os ativos. Suspeitei no início, mas me instruíram a realizar pequenas transações para receber um retorno do investimento após 10 minutos”.
A plataforma em que Chirichella deveria operar se chama WorkFoxBit.net e é repleta de sinais vermelhos. Além da sua construção simplória, o site se apropria indevidamente do nome da Foxbit e do logo do MB (Mercado Bitcoin) — ambas corretoras nacionais de criptomoedas sem qualquer relação com a plataforma fraudulenta.
Dinheiro travado
Algo que levou Chirichella a acreditar na plataforma falsa foram mensagens de membros do grupo que diziam estar recebendo os altos lucros da operação. “Na minha ingenuidade, fui coagido a realizar uma transação de R$ 1.000 a qual teria um retorno de R$ 300. Acabei realizando esta transferência”, explicou.
Quando o empresário foi tentar sacar o investimento, não conseguiu. Ao procurar o suporte, foi dito que a única maneira de ter recuperar o depósito inicial de R$ 1 mil era realizar uma nova rodada de investimento, ainda maior que a primeira. Agora, ele deveria depositar R$ 6 mil na plataforma para supostamente obter um retorno de R$ 2,4 mil.
“Já estava desesperado neste momento e acreditei, foi quando realizei duas transferências de R$ 2.999. Enviados os comprovantes, fui informado que eles eram inválidos e que não haveria retorno. Enviei os comprovantes novamente e, então, me avisaram que já havia passado do tempo limite e que para reaver o dinheiro seria necessário uma nova transferência de R$ 15.000, dinheiro que não tenho, óbvio”, relatou.
Quando percebeu que havia sido vítima de um golpe, Chirichella fez um boletim de ocorrência e entrou com recurso junto ao C6 Bank, onde é cliente, para que fosse acionado o Mecanismo Especial de Devolução, uma ferramenta do Banco Central que reverte transações fraudulentas de Pix.
“Estes últimos dias foram muito difíceis para mim. Me esforçando para manter a cabeça erguida. Espero que este sentimento de tristeza e vergonha esvaeça o mais rápido possível”, disse o empresário.
Golpes cripto no LinkedIn
No início do ano foi visto um ‘boom’ de golpes nos quais falsos recrutadores oferecem vagas de emprego que uma hora ou outra força o profissional a se envolver com um esquema de criptomoedas.
O Portal do Bitcoin publicou o relato de um jornalista e profissional de mídia brasileiro que quase caiu em um golpe de falso emprego na Coinbase, a maior corretora de criptomoedas dos EUA.
“Há um mês, comecei um novo emprego (falso). Eu fiz uma integração (falsa). Conheci (falsos) colegas”, relatou Gustavo Miller. “Em algum momento me pediram para comprar US$ 200 [cerca de R$ 1 mil] em bitcoins e transferi-los para uma conta de treinamento da Coinbase. Acionei então uma bandeira vermelha”, acrescenta o profissional que notou o golpe a tempo de perder seu dinheiro.
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