Brasil é o 7º país do mundo com mais usuários em jogos NFT, mostra pesquisa

A popularidade dos jogos NFT cresce em países atingidos por uma alta inflação, como Brasil e Argentina
Imagem da matéria: Brasil é o 7º país do mundo com mais usuários em jogos NFT, mostra pesquisa

Foto: Shutterstock

Os jogos baseados em token não fungíveis (NFT) estão se tornando cada vez mais populares no Brasil, de acordo com o novo estudo da Decentral Games divulgado pela Bloomberg.

A produtora desta categoria de jogos apontou que o Brasil é o 7º país do mundo com o maior número de usuários em jogos NFT.

Publicidade

Entre os países da América Latina, o Brasil só fica atrás da Argentina, país que enfrentou uma inflação de 50,9% no ano passado. Por aqui a inflação foi menor mas ainda superou os dois dígitos, de 10%.

O aumento da inflação que derruba o poder de compra das moedas domésticas nos países da América Latina — sendo a Venezuela a grande líder dos países mais atingidos — é um fator que ajuda a entender por que pessoas dessas regiões veem como alternativa os jogos que pagam criptomoedas.  

Ranking de países em jogos NFT
Ranking de países em jogos NFT (Fonte: Decentral Games/Bloomberg)

“As tendências da Argentina e do Brasil mostram que os números continuarão subindo. Os jovens não buscam apenas rentabilidade. Eles também estão procurando diversão”, disse à Bloomberg Gabriel Mellace, chefe de relações com investidores da Decentral Games.  

O boom dos jogos NFT 

A tendência começou com o Axie Infinity, o jogo play-to-earn que explodiu em 2021 e passou a ser visto como fonte de renda para milhares de brasileiros. Em questão de meses, a febre se espalhou pelo mercado cripto e diversos jogos foram lançados para atender a demanda. 

Publicidade

A empresa Decentral Games, por exemplo, lançou em outubro do ano passado o seu jogo de pôquer dentro do Decentraland, e rapidamente se tornou uma das áreas mais visitadas no metaverso. 

Para jogar o ICE Poker da Decentral Games,  o usuário é obrigado a ter um NFT no valor de US$ 5,2 mil para jogar.

O alto custo de entrada, de acordo com Mellace, fez crescer o aluguel de NFTs onde  pessoas ainda sem capital para adquirir seus próprios ativos, emprestam os de outros jogadores com a condição de dividir os lucros gerados pelo NFT. Dessa forma, brasileiros e argentinos jogam em nome de americanos e alemães. 

Franco Villaflor, um DJ argentino de 28 anos, consegue ganhar até US$ 1,5 mil por mês jogando pôquer três horas por dia com os NFTs de um americano, que fica com 40% do seu lucro. O dinheiro que ele faz no Decentraland é equivalente ao que ele ganha no seu trabalho no “mundo real” como DJ.  

Publicidade

Outra história trazida pela Bloomberg é de Javier Espeche, 34, que diz ganhar  seis vezes mais dinheiro jogando pôquer  no metaverso do que trabalhando como fabricante de móveis para animais de estimação.

“Minha mãe não entende como posso gastar meu tempo jogando em vez de fazer algo proveitoso. Mas qual é o sentido de trabalhar duro se eu posso ganhar mais assim?”, disse Espeche ao veículo.